manifestação

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     Marília se remexeu novamente sobre o banco de couro do carro. Ao seu lado, Henrique dirigia a Mercedes aparentemente concentrado. Contudo, Marília notava os olhares que vez Ou outra ele lhe dirigia.

   Ela sorriu levemente. Ele devia achar estranho seu comportamento. No entanto, ela não conseguia evitar.

    Não era apenas ansiosidade. Havia
uma excitação que a consumia sempre que ela estava prestes a escrever. Era algo inexplicável.O sentimento de estar fazendo algo relevante era maior do que qualquer outra coisa. E esse era um dos motivos pelo qual ela amava tanto sua profissão.

      - Você é sempre tão agitada assim? - Henrique perguntou enquanto parava no semáforo.

     - É mais uma das manias de jornalista -
ela virou

Marília observou o Henrique.

    Ele segurava o volante com apenas uma das mãos enquanto apoiava o outro braço na porta do carro. A jornalista sorriu divertida,era incrível como, mesmo vestido formalmente, ele ficava tão descontraido.
   
    Esse charme rebelde parecia fazer parte da sua figura. E, Marília Tinha que admitir, isso combinava com ele.

    - Acho que percebi - ele riu.

    O sinal abriu e Henrique arrancou com o carro! Ele dirigia rapidamente pelas ruas da cidade. E Marília agradeceu mentalmente por ele estar levando isso a
sério. Quando eles se aproximaram da Av. Paulista Marília viu o tumulto ali. Havia um aglomerado de pessoas gritando e brigando. Se chamar a atenção era objetivo, eles estavam conseguindo.

    Henrique estacionou o carro a uma distância segura da multidão.

Marília analisou com os olhos e supôs que deviam haver ao menos duzentas pessoas
ali.

   - Tem certeza que é seguro? - Henrique fez uma careta.

   - Não se preocupe. Eu já fiz isso outras vezes. - ela fala

     Muitas outras vezes, na verdade. Se enganava quem pensava que o trabalho de um jornalista se resumia a uma mesa escritório. Ir até as notícias era algo muito mais comum.E até mais emocionante.
Marília saiu do carro. Ela virou-se para se despedir de Henrique e se surpreendeu ao ver que ele também estava fora do veículo.

     -O que você está fazendo? - Marília pergunta

      Eu vou lá com você - Henrique respondeu como se fosse óbvio.

       Marília  revirou os olhos.

    Henrique trancou o carro e se pôs ao seu lado.

    -Não precisa... - Marília começou a dizer.

   - Nem comece. Se você morrer lá eu vou ter que achar alguém para te substituir e isso vai dar trabalho demais - Henrique brincou, mas Marília pode ver o quão
convicto ele estava de sua decisão.

     -Tudo bem, só não me atrapalhe - Ela suspirou conformada.

     Marília, então, migrou em direção a multidão. Ela começou a se embrenhar entre as pessoas. A maioria ali estava bastante exaltada, gritando a plenos
pulmões.
    Se infiltrar no aglomerado estava sendo uma tarefa difícil. As pessoas empurravam sem pensar duas vezes. Algumas corriam temerosas da confusão que se formava. Assim, com medo de se perder de Henrique ela Ihe estendeu a mão. Ela não o viu, mas
sentiu seu aperto firme.

   O que estamos procurando exatamente? - Henrique gritou para ser ouvido.

   - Ali - Marília apontou para um
tumulto próximo a calçada.

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