Jantar com os pais

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                          Marília Pov

       Havia um dia que Marília não via Henrique. Mais de 24 horas se passaram desde seu último contato. Após isso não houveram palavras ou encontros.

       Marília devia aproveitar esse tempo. Esse intervalo devia Ihe proporcionar paz e calmaria, uma vez que não haveria comentários ou brincadeiras bobas por parte do empresário. Marília devia estar bem com isso.
No entanto, então por que ela não se sentia assim?
  
    Marília perdeu as contas de quantas vezes havia pego o celular a fim de ligar para Henrique. Ela queria ouvir mesmo que fosse uma palavra vindo dele. Ela precisava saber que eles estavam bem. Até porque devido aos últimos acontecimentos - o quase beijo e o estranho encontro na casa da jornalista - Marília não tinha mais certeza de nada.

   Entretanto, ela era orgulhosa demais para dar o braço a torcer. E, por isso, agora ela se via frente a Murilo quando na verdade apenas queria a presença do empresário.

   Marília encarava a cara fechada séria do advogado. Ele demorou mais do que o estimado para conseguir as informações e Marília rezava para que isso fosse um bom sinal. Ela torcia para que Murilo tivesse descoberto o ponto chave para sua matéria. Ao menos isso para melhorar o seu dia.

     - Enfim, o que você conseguiu? - indagou Marília. Ela mal conseguia se conter no assento devido à curiosidade. Ela nunca havia se sentido tão excitada quanto a uma matéria. Mesmo porque nenhum outro trabalho teve tanta relevância quanto esse. E, pela primeira vez, se sentia como uma real jornalista.

   Além disso, ela não podia negar a atuação de sua própria ambição nisso. Ao fechar os olhos Marília já podia se imaginar, no futuro, com um cargo fixo na revista, finalmente podendo mostrar o seu valor.

  Murilo soltou um suspiro. Ele ajeitou o terno cinza que usava antes de se sentar.

   - Você realmente tinha motivos para querer investigar essa companhia.

     Marília esperou para que ele continuasse. Murilo pegou uma folha de papel e estendeu em sua direção. Marília pegou-a repleta de expectativa, mas se frustrou totalmente.
Ali não havia nenhuma informação extra era apenas o que ela havia conseguido no dia anterior. Intrigada, ela voltou a encarar Murilo com uma das sobrancelhas arqueadas.

  - Nao tem nada aqui.

   - Exatamente - respondeu ele - Não tem nada. Essa empresa não tem nada. Não tem uma sede produtos no mercado, nem mesmo clientes.

    Marília franziu o cenho. Como assim? Como uma empresa poderia sobreviver dessa maneira? A não ser que...

   - Essa é uma empresa fantasma - decretou
Murilo.

    Marília teve que se segurar para não cair da cadeira.

   - Uma empresa fantasma?

    - Sim - começou Murilo - E uma empresa que não existe de verdade, ela é usada apenas para lavar o dinheiro dos investidores.

     Marília queria gritar que sabia o que era uma empresa fantasma. A sua feição de confusão não era devido à ignorância, mas sim à incompreensão. Ela não entendia como aquela informação se encaixava no seu contexto atual.

    Se fosse assim, tudo o que ela e Mayara haviam pensado até agora estava errado. Edson não seria o culpado daquela história, e sim a vítima. Porém, pelo que Henrique dizia, Edson era um homem entendido no ramo dos negócios. Então, como ele se deixaria ser enganado tão facilmente?

    Marília suspirou. Ela precisava de um belo copo de café agora. Talvez a bebida conseguisse colocar as peças em seus devidos lugares.

    - Certo, e você não conseguiu mais nada? -  indagou ela quase desesperada.

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