Investigação

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                       Henrique Pov

     Suas mãos não suavam. Sua respiração não estava agitada. Sua postura continuava a mesma altiva de sempre. Se havia uma coisa que Henrique havia aprendido com seu pai era como se comportar em uma sala de reuniões. O velho havia ensinado que aquele lugar era como uma selva esperando para ser dominada. E, assim, Henrique seria o leão que se apossaria do trono.

    Ele olhou em volta. As paredes de vidro Ihe davam a belíssima visão da cidade abaixo de si. Ele se levantou e seguiu até a janela.

    Uma batida na porta o despertou de seus
pensamentos. O empresário ajeitou o terno uma última vez antes de seu convidado entrar.

     Fernando Vasconcelos era um homem baixo. Os poucos fios que restavam em sua cabeça tinham uma tonalidade amarronzada, da mesma cor de suas
sobrancelhas. Os olhos eram puxados, como duas amêndoas, caracterizando sua descendência oriental.

    Como um típico empresário o homem usava um terno, em suas mãos, no entanto, não havia uma pasta nem nada do tipo. O que significava que nenhum acordo seria fechado ou cancelado hoje.

   Atrás de Fernando, veio Wander. O advogado certamente não perderia tão esperado encontro.

   Senhor Vasconcelos - disse Henrique
se aproximando.

    Ele estendeu a mão, contudo, Fernando o
cumprimentou ao modo oriental: com uma pequena reverência. Henrique, seguindo a educação, copiou o gesto.

    - Eu fiquei muito contente em saber que queria se  encontrar comigo - disse Henrique - Creio que nós podemos beneficiar muito um ao outro.

   As palavras de Henrique poderiam parecer gentis e amáveis, entretanto, sua postura ostensiva e o sorriso presunçoso mostravam o contrário. Ele apenas estava agindo como um empresário lutando por seus objetivos.

   - Eu espero que sim - respondeu Fernando com um sorriso contido. Sua postura não demonstrava nada além de respeito. E Henrique odiava quando não podia ler a pessoa a sua frente. Exatamente como acontecia Com Marília.

     Henrique estendeu o braço na direção da enorme mesa Oval. Fernando tomou um assento com Wander e Henrique a sua frente.

     - O senhor aceita alguma coisa, posso pedir para a minha secretária providenciar....

    Fernando levantou a mão negando.

   - Eu vou ser sincero senhor Tavares - ele disse se apoiando sobre a mesa - Depois das notícias que envolveram o senhor, eu tinha a intenção de romper com o acordo. Eu espero que o senhor entenda que eu quero a minha empresa ligada apenas aos melhores nomes.

    - Eu compreendo - disse Henrique, pela primeira vez o nervosismo estava surgindo em si. E se ele quisesse terminar com o acordo? O que Henrique faria? E a empresa? E Marília?

  Essa última questão era a e que mais o perturbava.

     - Contudo - continuou o mais velho -
depois de uma conversa que tive com o seu advogado - ele acenou para Wander - eu comecei a reconsiderar.

    Henrique arqueou uma sobrancelha, inquisitivo. Ele não sabia da existência dessa conversa. Ele sabia que o advogado devia ter tentado intervir a seu favor.
No entanto, a ideia de ter alguém agindo pelas suas costas não era nada agradável. E isso o fez ponderar se havia outras coisas as quais Wander estava fazendo sem que ele soubesse.

    -E qual foi seu veredito? -perguntou Henrique na tentativa de formular uma brincadeira.

   - Honestamente, apenas as suas palavras não seriam o suficiente - ele disse na direção de Wander -Mas algo me fez mudar minha mente.

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