Fugindo dos problemas

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        Não havia um problema grande o suficiente que não podia ser curado com um copo de bebida. O álcool era uma espécie de remédio universal. Até gregos e
troianos concordavam quando o assunto era um bom barril de vinho. E Henrique comprovava essa teoria com cerveja a sua frente.

     Sentado em um dos bancos do balcão ele ouvia a musica animada. A batida distante preenchia seu silêncio de uma maneira mais do que confortável. Era disso que ele precisava: distração.

       O Bluesky era uma dos bares mais renomados de São Paulo. Era um estabelecimento organizado e divertido. Um dos pontos preferidos do empresário. Ali era o lugar perfeito para degustar de uma boa bebida sem todo o movimento de uma boate; sem luzes coloridas e musicas ensurdecedoras.

      
     Ele tomou mais um gole da sua bebida enquanto batucava os dedos de leve no balcão. A alguns metros de si havia uma bela loira que o encarava constante. Porém, para sua própria surpresa, Henrique não tinha o menor interesse. Não que ela não fosse bonita - muito pelo contrário, aquelas pernas chamariam a atenção de qualquer um - ele apenas não queria arrumar mais um problema.

     Não queria mais um para a coleção.

    Assim, ele apenas voltou-se para a frente e fez sinal para o barman. A sua cerveja estava quase no fim.

     - Ei, linda - Henrique ouviu uma voz soar próximoa si - O que acha de uma bebida? Pode pedir, eu pago.

      Henrique revirou os olhos tamanho o cliché daquela cantada. Não era possível os homens ainda utilizassem isso.

    - Não, obrigada! - a moça respondeu enfática.

     - Ei, não faz assim - Henrique ouviu a voz se aproximar - Vem aqui!

     -  Eu não quero, tudo bem? a moça respondeu novamente. E, mesmo Henrique não a vendo, ele pode ouvir a impaciência em seu tom. E ele não lhe tirava a razão. Aquele cara estava aborrecendo até a si. Se
tinha uma coisa que os homens tinham que aprender era como aceitar um "não".

   - Olha, prometo que vamos nos divertir.

    Dessa vez Henrique não se segurou Ele sabia que não devia se meter nos problemas de estranhos. No entanto, ele não conseguia presenciar esse incomodo em silêncio. Ele havia sido criado como um
cavaleiro, afinal.

    - Ei, cara - Henrique levantou-se se virando para onde a discussão ocorria - Eu acho que a moça disse não.

    Henrique deu uma bela olhada no homem. Ele era alto, até mais alto que si, e forte. Um tipico valentão de ensino médio, com a única diferença que este deveria ter mais de trinta anos.

    No entanto, o que lhe surpreendeu foi a visão da moça a quem ele defendia. Os cabelos loiros chegando até a cintura e as pernas grandes. Por alguns minutos ele considerou-a extremamente atraente mas foi apenas o tempo dela se virar. O rosto redondo, a boca fina, e os olhos castanhos eram inconfundíveis.

     Ela era ninguém menos que Marília Mendonça.

    - E quem é voce? - o homem voltou a se
pronunciar fazendo com que o casal quebrassem o contato visual.

      - Ninguém - Henrique retrucou -
Apenas acho melhor você se afastar antes que eu chame segurança.

      Henrique viu o rosto do homem se contrair com irritação. Por um momento ele temeu uma retaliação, mas o homem parecia ainda ter o mínimo de juízo e -
ainda que a contragosto - se afastou. Henrique suspirou não sabendo se isso era bom ou ruim, pois agora ele teria que enfrentar a mulher a sua frente.

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