Família

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    [...]

    Por fim, eles pararam frente a uma pintura de tela intitulada"Primavera dos Povos" Na tela predominavam as cores amarela, vermelha e laranja formando padrões inteligíveis. Era magnífico. E ela
imaginava como seria ter uma obra dessa pendurada na parede de casa.

    - Você gostou? - perguntou Henrique analisando ora a obra ora seu rosto.

     -E simplesmente lindo! Foi, de longe, a minha favorita.

    Henrique continuou encarando-a atentamente. Havia algo em seus olhos, um certo brilho, que Marília não conseguia identificar o significado. Ele parecia decidido e... divertido.

    - Eu preciso ir ao banheiro. Você me espera aqui?

   Marília ficou confusa com a súbita mudança de assunto.

   -Claro.

     Ela observou Henrique se afastar e, em seguida, se voltou para a tela. Ela queria que Bahia estivesse ali apenas para saber o que ele acharia. O amigo era simplesmente facinado por arte. E esse era um dos
motivos pelo qual ele se tornou fotógrafo.

   -É um trabalho impressionante, não?

    Um homem parou ao lado de Marília. Seus cabelos pouco grisalhos estavam alinhados dando destaque ao seu rosto sério. Ele usava um terno cinza combinando com uma gravata azul escura. Seus olhos castanhos a encaravam atentamente, como se estivessem a procura de algo.

     - Realmente - comentou Marília simplesmente -É uma belíssima exposição.

    O homem riu levemente.

  - Acho que a minha mulher vai ficar contente de saber que seu trabalho é apreciado.

   Marília virou-se com essa declaração. Ela encarou o homem com atenção, não havia dúvidas de quem ele era.

    - Sr. Tavares, é um prazer - ela o cumprimentou - Eu sou Marília, a...

    - ... A namorada do meu filho - ele completou. - Eu vi vocês juntos agora mesmo.

    Os olhos de Edson se negavam a deixar sua face. Ele parecia estar medindo algum tipo de produto. E isso a deixava extremamente desconfortável. Ele tinha
uma expressão séria no rosto, o que era apenas intensificado pelas poucas rugas ao redor dos olhos.

    - Eu estava ansioso para conhecê-la, não é muito comum Henrique ter relações sérias. Ainda mais apresentar as namoradas à família.

   Marília sorriu, um pouco incomodada com esse comentário.

    -É eu acho que conheço essa fama do seu filho - ela deu um riso tentando amenizar o assunto.

    Marília ouviu passos se aproximando e quando se virou deu de cara com Henrique e seu irmão. A expressão do empresário desabou de uma vez. De um sorriso de
canto ele passou a mostrar apenas o maxilar rígido.

     - Pai - ele cumprimentou.

     - Henrique  - disse Edson -  Quando a sua mãe disse que você vinha quase não acreditei. Ainda mais acompanhado.

  A crítica velada foi reconhecida por Marília.

  - Pois é - retrucou o empresário - Essa é a marilia mas eu acho que vocês já se conheceram.

   - Sim - respondeu Marília - E eu estava justamente dizendo ao seu pai como eu adorei a exposição.

    - Mas eu ainda não - respondeu seu irmão -  muito prazer Marília eu me chamo Edson júnior,mas pode me chamar de Juliano.

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