Ao mudar-se para a Escócia com seu marido, Florence, achou estar dando o ponto crucial para sua nova vida feliz. Entretanto, mal sabia que aquilo seria o início do seu próprio inferno pessoal. Um dia, ao ir a um baile da aristocracia, se pegou sendo...
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Encantei-me por aquela mulher desde que vira seus olhos tão tristes no jardim. Eles me impulsionaram e causaram comoção, olhos tão azuis que eu facilmente poderia ver o reflexo de sua alma triste por eles. Mesmo no escuro, pude sentir a energia triste que ela carregava, e eu queria cura-lá.
A procurei na Escócia, em diversos lugares. Faltei bater de porta em porta a procura dela, mas foi então que descobri que seu sobrenome não era de seu pai, e sim, de seu marido. Não pude fazer nada a não ser voltar para Londres arrasado. Mas não a tirei da cabeça, mesmo com o passar dos anos.
A maior surpresa que tive em minha vida foi vê-la na casa de Lord Brandon em uma tarde comum como a que aquela fora. Senti meu coração bater tão descompassado que tive medo de que ela pudesse perceber minha aflição ao vê-la. E como ela estava bonita. Mais jovial que antes, o sorriso encantador.
Vê-la a luz do sol com toda a certeza foi a dádiva mais divina que Deus já me proporcionara em anos. Não pude não notar a cintura fina, marcada pelo espartilho e em como aquele vestido acentuava seus seios. O rosto fino, mas arredondado nas extremidades, nos seus traços delicados. Os olhos marcantes, a boca esculpida pecaminosamente em um arco de coração, o nariz arrebitado... Foi ali que eu soube que aquela mulher seria a minha perdição!
No início ela deixava-me confuso, principalmente, quando seu jeito tão descontraído tornava-se retraído. Então eu descobri o que acontecera com ela durante anos de sua vida. E céus... Só Deus sabe como eu quis estrangular aquele desgraçado que já estava morto!
Eu não conseguia entender como alguém poderia machucar alguém como Florence. Um ser, a meu ver, tão inocentemente puro. Mas eu sabia que comigo seria diferente, eu soube desde o momento em que ela me contou toda a verdade. Seria diferente porque eu a protegeria, seria diferente porque ao meu lado as únicas lágrimas que sairiam de seus olhos seriam de felicidade. E eu a desejava como minha esposa, tive a certeza quando a possui aquele dia, em meu quarto. Eu a queria como minha mulher, a queria para todo o sempre. A proposta de casamento, que havia feito, não fora em vão.
Eu estava deitado em minha cama, aninhado ao cheiro dela, quando mamãe entrou pela porta de supetão, arrancando-me bruscamente de meus devaneios com Florence.
— Gostaria muito que parasse de entrar no meu quarto desta maneira. — A fitei. Levantei-me e vesti minha camisa, abotoando o colete logo depois.
— Deixe de bobagens, William. Você nunca se opôs antes. Não entendo o porquê deste comportamento repentino. — Ela sentou-se em uma das poltronas postas no quarto.
— Eu nunca falara antes. — Destaquei. — Não quer dizer que não me incomodava.
Se ela ouviu minhas palavras, fingiu que não.
— Por que trancara a porta de seu quarto ontem? Você nunca ligou para a sua privacidade.
— Oras... O quarto é meu e eu tranquei a porta porque quis. Já basta deste assunto. — Fui até a mesa e tirei de uma das gavetas alguns papéis importantes.