Ao mudar-se para a Escócia com seu marido, Florence, achou estar dando o ponto crucial para sua nova vida feliz. Entretanto, mal sabia que aquilo seria o início do seu próprio inferno pessoal. Um dia, ao ir a um baile da aristocracia, se pegou sendo...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Eu havia tirado uma parte do dia para organizar o escritório de papai. Ele sempre fora muito desorganizado e às vezes eu sentia a necessidade de ajudar. Entrei no cômodo e comecei a separar os papéis pelos que eu achava relevante e os que eu achava não ter muita importância.
Sentei-me um tempo depois e me servi com whisky. Levei a bebida a boca e fiz uma leve careta quando ela travou na minha garganta. Como os homens conseguem beber tanto disso?Continuei bebendo mesmo não achando ótimo. A porta do escritório foi aberta sem muita ocasião e Aurora entrou apressada. Fitou-me por alguns segundos e sorriu ao observar o copo em minha mão.
— Bebendo a essa hora do dia, Florence?
— Apenas curiosidade.
Ela assentiu pensativa, mas logo se serviu também.
— Aprendi a apreciar o álcool depois que me casei com Charles. Ele certamente nos relaxa.
— Isso é verdade. — Concordei ao me sentir menos tensa. — O que venho fazer aqui?
— Ah! Quase esqueci de te dizer... Temos um baile. Como bem sabe a temporada londrina está no fim e esses certamente são os meus bailes prediletos.
— Você ainda os frequenta? Pensei que depois que se casasse nunca mais entraria em um salão de bailes. Não era você que dizia odiá-los? Que preferia seus livros a todo aquele tumulto de gente interesseira...
— Acredito que mudei de ideais. — Ela riu. — Nem sempre temos que ver as coisas com um olhar ruim. Eu odiava bailes por ter que correr atrás de um marido, hoje em dia posso apenas me divertir.
— E você e o William...?
— O que tem?
— Não se faça de desentendida comigo, Florence.
— O que você exatamente quer saber? Admito que sinto alguma atração por ele... Mas acho que ainda estou muito fragilizada com tudo que me ocorreu. Eu não quero carrega-lo para o labirinto sem saída que é a minha vida.
— Acho que ele já é grandinho o suficiente para escolher se quer ou não entrar nesse labirinto.
Ela jogou a cabeça para trás e suspirou fundo. Sorriu ao voltar o olhar em minha direção.
— Eu me sinto tão feliz, de verdade. Charles é tudo que eu sempre quis em um parceiro e é tão bom ter alguém para dividir seus problemas. Alguém que realmente te apoie e te ame acima de tudo. — Ela levou a bebida até os lábios e deu um gole. — Acho que nem preciso falar da Ruby, ela é simplesmente perfeita! Amo tanto a minha família.
— Me alegra ver sua felicidade, Aurora. — Segurei a mão dela. — Mas agora deixamos de ser tão melosas antes que uma das duas comece a chorar.
