Ao mudar-se para a Escócia com seu marido, Florence, achou estar dando o ponto crucial para sua nova vida feliz. Entretanto, mal sabia que aquilo seria o início do seu próprio inferno pessoal. Um dia, ao ir a um baile da aristocracia, se pegou sendo...
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Eu já havia tido muito tempo para pensar em Elouise e no que acontecera. Na verdade, não chegara a ficar com raiva, mas também não queria dar o braço a torcer. Resolvi que me desculparia com ela, eramos mulheres adultas e não precisávamos fazer tanta birra. Ensaiei a noite toda como eu falaria com ela, mas nada ficava bom o suficiente. Senti um frio na barriga ao pensar na possibilidade dela não me perdoar. Ela não seria capaz, seria?
A verdade é que eu não me imaginava mais sem Elouise, ela virara parte de minha vida desde a Escócia. Ela era o meu apoio e a única que realmente entendia a minha dor, fora ela que me reergueu e isso eu nunca esqueceria. Porém, agora eu não sabia mais como sua cabeça funcionava. Tinha medo de que sua volta para Londres a tivesse mudado e que agora ela não se importasse tanto comigo. Ela pensava em se casar com Jacob e me deixar? Ela agora o amava tanto ao ponto de querer ir embora e viver uma vida simples com ele? Eu sabia que era egoísmo da minha parte querer Elouise só para mim, mas não era algo que eu pudesse simplesmente evitar. Ela estivera comigo nos piores momentos da minha vida e simplesmente pensar na possibilidade de perdê-la me deixava assustada.
Caminhei até seu quarto com o coração acelerado, com medo de que sua reação não fosse como eu esperava. Ensaiei mais alguns minutos mentalmente em frente à porta. Antes que eu pensasse em bater, minhas mãos se anteciparam a abrir a porta. Elouise estava de costas para mim, sentada próxima à janela com um livro na mão. Os cabelos soltos e despenteados, denunciando que acabara de acordar. Dei duas longas passadas, dessa vez entrando no quarto e bati a porta com força chamando a sua atenção.
Ela voltou seus olhos para mim em um misto de curiosidade. Fechou o livro que tinha na mão, mas não pronunciara nenhuma palavra.
— Eu precisava falar com você. — Me aproximei devagar.
— Estou ouvindo. — Ela se levantou e caminhou até a cama.
— Na verdade, eu queria me desculpar pelo outro dia. Por descontar... Minhas frustrações em você.
— Está perdoada.
— Só isso? Não falará mais nada?
— O que você quer que eu fale, Florence? Quer que eu diga que você me magoou? Pois bem, me magoou. Mas você sabe que não sou de ficar com raiva por muito tempo.
— Eu sei. — Olhei para ela. Meus olhos prestes a transbordar em lágrimas. — Eu não sei o que seria de mim sem você. Sei que faço às vezes tudo errado, mas eu te amo tanto. Amo mais do que você pode imaginar.
— Florence...
— Me deixe falar. — Não consegui mais segurar as lágrimas e agora elas desciam desenfreadamente. — Eu só quero que voltemos a ser como antes. Quero que você me ame como antes, sem rancor das minhas atitudes estupidas.
