O silêncio das palavras

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Ele não sabia dizer quanto tempo havia passado

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Ele não sabia dizer quanto tempo havia passado. Se foram dias, ou semanas, ou meses, ou segundos. Tudo em sua mente estava silenciado apenas para que aquela melodia adentrasse suavemente seu peito, e trouxesse à sua alma a paz. As luzes dançavam e oscilavam pelo centro do salão, e casais se reuniam para dançarem juntos, abraçados, compartilhando a paz da música tocada por Sona. Ela, com seu sorriso sereno, seus olhos azuis como o mar indo dos seus dedos ágeis sobre as cordas até o público que lhe assistia. Ela observava a todos, e a maneira como conduzia sua melodia parecia conversar com aquele para o qual ela estava olhando. Era mágico de presenciar.

Quando o olhar dela finalmente repousou sobre ele, algo em Jarvan mudou. Como um clique de chave, algo que fez sentido para ele estar naquele lugar, naquele momento. Fez sentido olhar pra ela, e o desejo antigo e reprimido ganhou espaço em seu peito. Sona já habitara o pensamento de Jarvan antes, quando ainda era um menino. Ela havia sido sua primeira paixão da infância, mas que ele sempre deixara de lado por ter sido duramente instruído a seguir com sua missão: assumir o governo de Demacia após seu pai. E enquanto todas essas lembranças tomavam seu peito, misturando sentimentos antigos aos novos, ele percebeu a melodia mudar. Ela ainda o encarava, com um leve sorriso nos lábios, porém seus dedos estavam aumentando o ritmo da música, e não demorou muito para que o barulho de vozes voltasse a tomar conta do salão e todos voltassem a dançar.

Agora o que foco era a diversão, e não mais a apreciação, ao lado de Sona surgiram outros músicos, complementando o som do instrumento de cordas que a musicista tocava, e produzindo uma musica muito animada. Na pista de dança, casais de todas as idades, sincronizavam seus passos de dança, saltitando felizes e celebrando a vida. Jarvan IV serviu-se de mais espumante quando alguém tocou em seu ombro. Ele ergueu o olhar para a sua esquerda e deparou-se com o jovem mensageiro ruivo que costumava levar as mensagens pelo castelo. O menino não disse nada, apenas depositou na mesa à frente de Jarvan IV um papelzinho dobrado. O príncipe olhou à sua volta para se certificar que ninguém estava o observando, e todos ali pareciam envolvidos demais na musica dançante de Sona e sua banda.

Meia noite.

O bilhete não possuía mais nada além do que duas palavras, mas era o suficiente para que Jarvan IV soubesse do que se tratava. Era a letra de Shyvana, e muitas vezes eles usavam mensagens assim para se encontrarem às escondidas. No entanto, já fazia algum tempo que eles não se encontravam além do quartel, e isso chamou a atenção de Jarvan. Talvez fosse importante conversar e entender como eles estavam, já que a relação dos dois estava nitidamente morrendo aos poucos.

Porém, assim que chegou em seu quarto, local onde costumava receber Shyvana, uma vez que ele havia mostrado a ela uma passagem secreta que a levava até lá, ele foi surpreendido pela humana-dragão completamente nua em sua cama, olhando-o de maneira provocativa e chamando-o com o dedo. Em outras circunstancias, ele se despiria quase imediatamente e se lançaria sobre ela para penetrá-la o quanto antes, e assim saborearem o prazer um do outro. Só que naquele momento, ele já não a desejava. Não porque ela não era atraente, mas apenas porque já não era Shyvana quem ele tinha em seu coração.

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