Capitulo 7

1K 104 27
                                    

Noah

Dezembro mal tinha começado e a minha vida tinha se tornado um caos.

Pensei que no dia que eu me tornasse pai, haveria um interruptor dentro de mim que se acionaria e me faria ser um cara capaz de tomar as decisões rápidas e certeiras. Mas as coisas não funcionavam assim, não era preto no branco, certo e errado.

A vida era cheia de surpresas e variáveis.

Como naquele dia em que a minha doce e tímida vizinha tinha vindo para cima de mim cheia de fúria. O dia havia sido uma merda, mas vê-la esbravejando sobre babas e bebês enquanto tinha a roupa toda molhada — com aqueles sexies seios balançando na minha frente — e o cabelo sujo de comida. Esperava que fosse comida! Tinha melhorado e muito o meu humor.

Isso até eu saber qual tinha sido a última de Suzana. Às vezes eu achava que ela ficava em casa tramando qual seria o próximo jeito de ferrar com minha vida.

Largar Andy com uma estranha tinha sido a última gota d’água para o meu quase infinito saco de paciência estourar. Ok, era injusto chamar Sina de estranha, até porque eu a conhecia muito melhor do que todas as mulheres com quem eu tinha saído nos últimos meses.

Meses? Talvez até anos.

Era impossível dividir o mesmo sobrado e não conhecer a outra pessoa. Não sabia dos detalhes, mas ela tinha vindo de um casamento fracassado com um babaca pau no cu. Balancei a cabeça e peguei a escovinha comprida para lavar a mamadeira de Andy por dentro. O idiota teve a audácia de tentar me intimidar em uma tarde que Sina havia saído e ele queria que eu abrisse a porta para deixá-lo entrar.

Coloquei-o para fora sem pensar duas vezes. Nunca descobri os detalhes sobre o casamento deles ou como o amor acabou, mas o pouco que eu sabia era o suficiente para sentir vontade de quebrar o seu nariz com um soco. Às vezes, eu a via sentada no banco do quintal com uma cerveja ou um vinho na mão e o olhar perdido, encarando o nada. Da segurança da minha janela, eu velava a sua solidão. Nunca pude definir se era melhor quando ela colocava tudo para fora na forma de lágrimas ou quando a tristeza era tão grande que nem mesmo o choro vinha.

Eu sempre me odiava por nunca abrir a porta e sentar ao seu lado, perguntar como ela estava. Secar a lágrima que escorria por sua face com o meu polegar e talvez, apenas se ela me permitisse, beijá-la com suavidade.

Mostrar que tinha alguém ali por ela.

Sentia-me um canalha sempre que a deixava se arrastar escada acima sem nunca interferir, porém eu duvidava que ela estivesse pronta para ter outro homem invadindo a sua vida.

De vez em quando, Sina demonstrava que tinha interesse em mim.

Via as suas bochechas ruborizarem ou virava o rosto e disfarçava quando eu tinha certeza que ela estivera me observando. No entanto, com a mesma rapidez que esse brilho de interesse surgia em suas feições, logo desaparecia e era substituído por algo que eu não sabia definir. Era meio que uma mistura de medo, apreensão e desejo suprimido, com uma pitada de pânico.

Nem ela e nem eu estávamos prontos para um compromisso e eu sabia que as duas — Sina e Maya — mereciam um homem que fosse capaz de protegê-las e estar ao lado delas. Por isso, deixava-a se trancar no seu apartamento sem saber que não estava sozinha. Não podia arriscar atender aos meus desejos imediatos e foder tudo, deixá-la desconfortável a ponto de se mudar. Aqui, eu podia ajudá-la a carregar as compras ou manter um olho em Maya quando ela brincava no quintal e, o mais importante, o ex escroto dela sabia que eu não permitiria sua entrada sem autorização.

E assim, à distância, fui conhecendo minha inquilina. Ela trabalhava o dia todo e mal recebia visitas. Era uma carnívora nata e eu adorava o fato que gostava da comida do Urrea's Table — da minha comida — e não se envergonhava de saboreá-la. Não tinha nada mais broxante do que sair com uma mulher e ficar vendo-a comer uma saladinha básica por duas horas. Na primeira vez que a vi no restaurante, ela estava apressada, colocando comida em uma marmita de viagem com uma mão e mantendo Maya por perto com a outra. Foi tão rápida que não tive tempo de terminar o que estava fazendo na cozinha para oferecer algo a ela.

Talvez tivesse sido melhor assim, eu já invadia demais a sua privacidade sem que ela soubesse. Depois que saíram, avisei à minha mãe, que sempre cuidava do caixa do restaurante, que deveria dar pirulitos para aquela menininha.

Maya sempre tinha um daqueles vermelhos em formato de coração na boca.

E assim os dias se passaram e os meses se transformaram em um pouco mais de um ano. Neste meio tempo, engravidei o meu caso de uma noite e virei pai. Metade do tempo eu me perguntava porque Suzana não podia ser uma mãe como a minha vizinha, presente e companheira da filha.

Na outra metade, me perguntava porque Sina não era a mãe de Andy, assim eu teria certeza que a minha filha seria prioridade na vida da mãe.

Deixando para trás as lembranças desde que conheci Sina, comecei a arrumar a pouca louça suja depois do vinho com sorvete que preparei para ela. Enxuguei as mãos, verifiquei se Andy estava dormindo bem em seu berço e me joguei em cama, encarando o teto. Será que ela estava em sua cama pensando em mim? Correndo o risco de me sentir uma mulherzinha, toquei na minha boca, relembrando o nosso beijo.

Esta tarde, enquanto cuidava das finanças e preparava o jantar no restaurante, pensei em mil argumentos para não a importunar. Deveria levar comida, agradecer por ter cuidado de Andy e voltar para o andar de baixo.

Só isso.

E mesmo convicto do que era o certo a se fazer, peguei o pote de sorvete do freezer e o vinho da adega. Apesar de estúpido e impulsivo, foi a melhor decisão que tomei.

A segunda melhor!

A primeira foi mostrar que eu queria mais do que ser o locatário e vizinho.

Não pensei, agi por impulso e ela gostou. Sina relaxou, sorriu e teve um bom momento. Eu sabia disso porque naquela noite ela não havia descido para sentar no banco e pensar na vida. Nada de lágrimas ou tristeza, apenas um sorriso no seu rosto quando voltou para a sua casa.

Talvez eu não devesse ter demorado tanto para chamá-la para um drinque…

Talvez eu não devesse ter demorado tanto para chamá-la para um drinque…

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

1 vez no Noah narrando aq sksksksksk

Votem pliss☆☆

Jennah♡

O Natal - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora