Capitulo 9

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Sina

Eu nunca tinha comido tão bem como nos últimos dias. Noah estava trazendo alimentação saudável — como eu havia exigido — e deliciosa em todas as refeições, até no café da manhã. Ele já tinha virado a pessoa favorita da Maya e podia garantir que ser acordada diariamente por Noah me trazendo uma cesta de guloseimas estava me enlouquecendo.

Nenhuma vez ele perguntou se eu estava pronta ou citou o nosso beijo rápido da primeira noite. Não sabia se eu estava, de fato, pronta ou se surtaria caso ele tentasse me beijar de novo. Começava a desconfiar que Noah tinha caído na real e se arrependido de ter tentado algo comigo. Havia sido só um lapso de seu julgamento e nada mais.

Saber disso, entretanto, não diminuía o meu desejo por ele.

A cada noite eu sonhava com Noah e sempre ficava pior, mais… pervertido. Na última madrugada eu acordei às três da manhã e voltei a dormir só depois que usei o vibrador de emergência escondido na mesinha de cabeceira. Fechei os olhos e imaginei como seria suas mãos grandes e ásperas passeando por minha pele, apertando, acariciando, fazendo-me sentir desejada.

Talvez eu devesse deixar Maya com minha mãe e sair para beber algo ou procurar o encontro aleatório no Tinder que eu sempre pensava em ter, mas nunca reinstalava o aplicativo. Não que isso tenha dado certo da última vez que tentei. Foi um fracasso que se restringiu a uma conversa constrangedora e cerveja barata.

Era melhor eu me levantar e começar o dia.

— Acorda, Bela Adormecida. — Liguei a luz do quarto de Maya e beijei a sua bochecha. — Que tal ir ao shopping e fazer algumas compras de natal?

— A gente pode levar a Andy? — Esfregou os olhos com preguiça.

Maya tinha se apegado demais à bebê e eu me preocupava com isso.

Logo a mãe da menina voltaria e a gente poderia não vê-la mais. Sentei-me na ponta de sua cama e a puxei para o colo, quase rindo dos seus lábios unidos em um bico enorme carregado de drama.

— Sei que você adora a Andy, filha, mas ela não é nossa, tá? — Acariciei os seus cabelos. — Hoje é domingo, ela estará com o pai e nós vamos sair. Seremos só nós duas, como sempre foi.

— Sem café-da-manhã especial hoje?

O bico que ela fez foi ainda maior. Maya realmente era minha filha, podia ser conquistada com facilidade pelo estômago.

— Não, mas vamos almoçar no shopping.

Isso a animou. Ela se levantou empolgada e correu para tomar banho, seria bom um dia só nós duas para clarear as ideias. Liguei o som, deixando que Skank preenchesse a sala. Se eu ouvisse a música do Baby Shark mais uma vez, provavelmente o meu próximo sonho erótico seria com Noah falando de jeito sexy “doo-doo-doo” para mim.

Ri da imagem que criei em minha própria mente e comecei a dançar sem sair do lugar enquanto cortava frutas para uma salada. Maya, que tinha tomado um banho rápido demais para ter sido eficiente, entrou na cozinha com os cabelos molhados. Segurei suas mãos e começamos a dançar juntas ao som de “Te ver”.

— Te ver e não te querer é improvável, é impossível. Te ter e ter que esquecer, é insuportável, é dor incrível… — Cantei junto com ela, rebolando sem preocupação em plena manhã de domingo. — É como esperar o prato e não salivar, sentir apertar o sapato e não descalçar. É ver alguém feliz de fato sem alguém pra amar…

— É linda a relação que vocês tem.

Pulei de susto com a voz vinda do nada assim que a música acabou.

O Natal - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora