Capitulo 10

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Sina

Ir ao shopping com Noah depois da nossa conversa na cozinha estava sendo estranho. Ele não fazia questão de esconder os olhares que me dava e eu me sentia exposta em meu vestido de corte princesa — para não marcar as gordurinhas — e cor de ameixa. Maya, toda orgulhosa por ter sido autorizada a empurrar o carrinho de bebê, caminhava dois passos na nossa frente, sentindo-se uma adulta responsável.

Suspirei, era melhor ter ficado em casa.

Dos cinquenta minutos que demorei para sair do meu apartamento e encontrá-los na calçada, vinte fiquei apenas de toalha em frente ao espelho, perguntando-me o que Noah poderia ter visto de sexy ali. Comparei-me à mãe de Andy, mais de uma década e muitos quilos abaixo de mim. Aquele era o tipo dele, não eu.

Jamais eu!

Mas ele não está com ela… Uma vozinha chamada esperança sussurrou em minha mente.

— Você está calada. — Noah colocou as mãos nos bolsos. — Eu estava pensando sobre o que falou na cozinha, é por isso que faz tanta dieta?

Meus ombros se levantaram e voltaram a baixar.

— Uma boa alimentação não é sobre peso, mas saúde também. Eu estava sendo um mau exemplo para a Maya.

E o meu metabolismo era mais lento do que uma tartaruga, comer bem não fazia tanta diferença quando eu subia na balança. Trabalhava como cuidadora em um asilo e não tinha tempo para academia. Quando chegava em casa, o máximo de ânimo que eu conseguia reunir era para cuidar de Maya e dar uma arrumada rápida no apartamento. A academia de Noah seria uma opção, mas eu não sabia se a oferta seria mantida depois que Andy fosse embora e ele não sentisse que me devia um favor.

— Sei como é… — disse evasivo. — Eu vou levar a Andy para escolher o presente da minha mãe. A gente se encontra na praça de alimentação para o almoço, ok?

Balancei a cabeça concordando. Droga! Isso era daqui a duas horas, ele tinha se arrependido de vir comigo. Ou seja, eu o tinha chateado.

Mantendo no rosto um sorriso falso que não alcançava os meus olhos, concordei. Estava tudo bem, tinha que estar. Como sempre.

Maya esperneou um pouco, queria continuar a empurrar o carrinho de Andy e sossegou quando eu disse que procuraríamos um presente para a menina. Ela escolheu um tubarão de pelúcia. Para Noah, não fazia ideia do que comprar.

Poxa, eu não sabia nem se era adequado dar um a ele! Então, fomos a uma loja de departamento. Talvez encontrasse alguma coisa. Um sapato ou uma camisa parecia tão superficial! Pensei em levar um cinto, um dos presentes mais genéricos do mundo, quando vi um avental de cozinha no tema do natal.

Imaginei-o vestindo aquilo e a imagem me fez rir.

Perfeito!

Uma hora depois eu tinha os presentes comprados, inclusive a tal lingerie natalina que era um mimo para mim e não passava de um conjunto vermelho que eu comprei sem muita vontade, e Maya já estava pedindo por comida e brincadeiras. O que resultou em um lanche de nuggets com batatas e suco de maçã. Depois de comer, o parquinho foi a nossa próxima parada. Era uma daquelas áreas para crianças pequenas com monitores e que só podiam sair do ambiente fechado com a companhia do responsável.

Vamos comer no restaurante de um amigo meu?”, chegou uma mensagem de Noah.

Claro, onde?”

Sua resposta veio logo seguido à minha:

Te espero no espaço gourmet”.

Claro que era lá.

O Natal - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora