Capitulo 26

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Sina

“Tudo bem em casa? Estou quase terminando aqui.”

“Sina, está tudo bem?”

“Onde você está? Por que não atende as minhas ligações?”

“Sina?”

“Que porra é essa, Sina? Você sumiu!”

“Não posso acreditar que você fez isso.”

A última mensagem chegou quase duas horas depois da penúltima e não havia nenhuma outra, nem mesmo uma ligação após esse horário. Droga.

Por um segundo, a ideia de procurar uma pousada para passar a noite cruzou a minha mente. No entanto, eu não iria desistir com facilidade.

Para o bem ou para o mal, devia essa conversa a mim e a Noah.

— Quer que eu entre com você? — papai perguntou quando parou na calçada.

— Não, está tudo bem. — Beijei a sua bochecha. — Feliz natal, pai.

— Eu te amo, filha. Feliz natal.

Segurei Maya no colo, ela estava adormecida. Já tinha passado da sua hora e o carro a tinha embalado. Meu pai me ajudou a abrir o portão antes de ir e eu fiquei parada no quintal com Maya em meus braços, observando a casa silenciosa. O apartamento de Noah estava na penumbra total. No andar superior também, exceto pelos pisca-piscas. Não lembrava de tê-los deixado acesos, contudo, saí às pressas. Devia ter esquecido.

Com dificuldade, subi as escadas. As coisas começaram a ficar estranhas quando notei a porta destrancada. Isso eu tinha certeza que não havia deixado. Suzana havia ficado na casa de Noah, não na minha.

Apreensão tomou conta de mim. Afastei-me dois degraus e vi uma sombra passar por baixo da porta.

Caralho!

Pânico subiu pela minha garganta. Pensei em como faria para chamar a polícia e deixar Maya em segurança quando a porta se abriu de supetão.

— Noah!

— Você voltou. — Sua carranca de preocupação se dissolveu em uma rápida expressão de alívio. Porém, logo o seu rosto se fechou de novo. — Não sabia se voltaria, deixe-me pegá-la.

Apesar do ar pouco amigável, sua voz era suave, assim como a delicadeza que teve para tirar Maya do meu colo e levá-la para dentro, mas não sem antes beijar o seu rosto adormecido e sussurrar feliz natal para ela.

Ele a colocou na cama com cuidado e a cobriu com o lençol. Ouvi um balbuciar no cercadinho e fiquei surpresa ao ver Andy acordada e com os braços esticados para mim.

— Oi, pequena — sussurrei.

Tomei-a nos braços e inspirei o cheirinho de bebê dos seus cabelos.

Não era só Maya que tinha se apegado a ela, eu também sentiria falta da menininha quando voltasse para a casa da mãe.

— Achei que Suzana a teria levado para casa…

Noah me olhava com a expressão séria e eu sabia que a conversa não seria boa.

Andy esticou os braços para o pai, que a pegou e verificou a fralda. Pensei em interferir para ajudar, porém Noah em seu jeito taciturno me impediu. Eu o tinha levado ao limite da paciência.

Observei-o em silêncio enquanto preparava uma mamadeira e se sentava no sofá para alimentar a filha. Fiquei na outra ponta e apesar do espaço entre nós ser pequeno, era como se tivesse um abismo nos mantendo separados.

O Natal - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora