Capitulo 30

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Sina

Pareceu uma eternidade, mas só fazia poucos segundos desde que eu estava apoiada no peito de Noah, aproveitando o conforto do silêncio. Bom, ele devia estar aproveitando. Eu estava ruminando preocupações em minha mente que nunca descansava de verdade.

— Você perdeu a festa da sua família… — Ajoelhei-me no colchão e expirei o ar em meus pulmões. — Estraguei o primeiro natal da Andy.

Seus braços me envolveram e me apertaram com mais força, o nariz de Noah se enterrou em meus cabelos. Ele fez o oposto de mim, inspirou fundo.

— Vejo minha família todo dia e Andy dormiu a maior parte do tempo, não faz diferença. Ter você nua em meus braços é o melhor jeito de comemorar.

Aconcheguei-me mais nele e pretendia dizer algo profundo sobre amor e alma gêmea, porém a minha barriga tinha outros planos. O ronco alto me fez estremecer de vergonha, eu não lembrava a última vez que tinha comido. Noah deu um tapa em minha bunda.

— Vá tomar banho que eu vou preparar algo para a gente.

Ficamos em pé e nos vestimos rapidamente antes de sair do quarto.

Dei uma olhada nas meninas, elas dormiam como anjos e por um breve momento considerei acordá-las. Faltava pouco para a meia noite e eu queria nossas garotas conosco. No entanto, desisti. Não era certo atrapalhar o sono delas, ainda seria natal quando o dia amanhecesse.

Marchei para o banheiro. Apesar de ser tarde, mantive a água gelada.

O clima estava quente e eu queria esfriar a minha pele. Não podia crer que eu quase tinha aberto mão disso tudo por medo. Sim, medo. Não foi por Noah e Andy, muito menos por Suzana. Podia ver isso agora. Fugir parecia mais fácil do que ficar e correr o risco de me machucar.

No entanto, estar vivo era o sinônimo de correr riscos, não? Sempre algo podia vir para nos machucar física ou psicologicamente. Estava cansada de sentir medo e fugir o tempo inteiro. Não queria apenas existir e sim, viver.

Eu lutaria pelas pessoas que me importavam.

Saí do chuveiro com os dedos levemente enrugados e me sequei. Era hora de usar a segunda “lingerie natalina” que tinha comprado. Algo que vi na vitrine e sabia que precisava levar. A diferença era que agora eu pretendia tirá-la por completo depois de desfilar para Noah. Era um corpete de alça fina com a calcinha minúscula que se perdia em minha bunda. Droga, ela era muito apertada. Foda-se! Tirei a calcinha. O vestido vermelho tinha sido uma compra por impulso, era um pouco mais caro do que eu costumava me permitir, mas fazia maravilhas corrigindo as minhas curvas. Eu podia estar começando a aceitá-las, mas nada me impedia de usar algo bonito para me sentir sexy.

Mordi os lábios, pensando se tinha ou não tempo para uma maquiagem rápida. Não podia passar o natal com olheiras! Não coloquei nada muito rebuscado, um pouco de corretivo, pó, blush, rímel e batom.

Saltos altos também, já bastava a sapatilha de mais cedo. Olhando-me no espelho, me senti bonita de verdade e não porque estava percebendo a reação de Noah ao meu corpo.

Estava sexy, porém não vulgar.

Esse era um conceito que a vagabunda da Suzana não compreendia… Encarando o meu reflexo, percebi a minha expressão um pouco mais confiante. Havia muita coisa que eu precisava aprender ainda e uma delas era cuidar mais de mim, não me anular pelos outros. Eu podia ser mãe, dona de casa e até esposa, sem deixar de ser mulher. Mudar não era fácil. Teria que me lembrar de não apenas amar as pessoas que habitavam o meu coração, como também alimentar o meu amor-próprio.

O Natal - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora