*Capítulo 06*

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Não é como se eu fosse ter um ataque cardíaco, eu só estava ansiosa nível mil. Me sentia elétrica, e mesmo com meu nervosismo, havia um sorriso enorme que não sumia por nada. Estampava meu rosto como os cartazes de promoção grudados na parede.

Me mantive no caixa atendendo os clientes o mais simpática que pude. Enquanto isso, Demétria me olhava atentamente, ela estava sentada em nossa mesa preferida. Á cada garfada em seu prato, uma espiada para onde eu estava. Com seu olhar semicerrado, e com algumas caretas estranhas, ela me fazia rir de longe. Podia sentir seu ar de indignação daqui. Ela sabia que eu estava escondendo alguma coisa, e eu estava só esperando ela vir perguntar para eu contar tudo, não me julguem, eu apenas estou amando vê-la tão curiosa, de brinde, estou me vingando das vezes que ela  juntou-se ao Harry, para ficar contra mim.

- No cartão, como sempre senhor Martins? - perguntei ao mais velho que estava a minha frente. Era um cliente já conhecido por mim.

- Hoje não, S/N. Hoje será com dinheiro - me respondeu com um tom orgulhoso em sua voz. Sorri para o mesmo, o que o deixou mais animado.

Desviei minha visão para o computador, na intenção de efetuar seu pagamento e lhe fazer sua notinha. Ouvi o barulho do sininho da porta, mas me mantive concentrada.

- Aqui, senhor Martins - sorri mais uma vez ao entregar sua notinha. Com um pouco de dificuldade e suas mãos trêmulas, senhor Martins fez um esforço, porém sua notinha acabou indo ao chão.

- Oh, me desculpe!! - saí o mais depressa que pude do caixa, porém alguém foi bem mais rápido que eu.

Seus dedos finos agarraram o papel no chão com delicadeza. Seu corpo foi subindo para ficar no seu tamanho.
Meus olhos observavam lentamente aquela silhueta se movendo a minha frente.
Seu vestido longo amarelo, que parecia ser perfeitamente desenhado para seu corpo, caia sobre o vento, assim como seus cabelos.
Imediatamente, seu cheiro bateu em minhas narinas fazendo-me sugar todo o ar do local, e ter um orgasmo pulmonar.
E tudo sumiu! As pessoas, as mesas, os falatórios, tudo. Era só eu, ela e o som do meu coração, que de uma hora para outra disparou. Eu também conseguia ouvir suspiros vindo de mim.
Seus olhos finalmente se encontraram com os meus, os vi brilhar em minha direção. Ela sorriu, e com um simples ato, ela fez duplicar tudo  o que eu estava sentindo. E mais uma vez, suspirei. Suspirei como uma criança sendo correspondida pelo seu primeiro amor.

Eu ficaria presa nesse transe por horas, mas, infelizmente ela quebrou nosso contado visual. O que me fez xinga-la em cinquenta línguas diferente, ainda bem que mentalmente.
Olhei para onde ela olhava, e vi o senhor Martins tão ou mais encantando por ela, quanto a mim.

- Oh, obrigado minha jovem - Senhor Martins falou.  o "minha" em sua fala me deixou com ciúmes. Me senti egoísta naquele momento, ela não era nada minha, mas não pude negar meu desconforto, queria sua atenção para mim. E ela continuava sorrindo para o senhor.

- Por nada! - falou animada.

Eu dei meia volta para ir ao meu lugar, no caixa. Talvez eu tenha ficado incomodada não só pelo senhor Martins, mas por todos da lanchonete estarem a observando. Eu sei, ela era perfeita, mas não precisavam, gente.

Vejo senhor Martins indo para porta. Desviei para Camila e ela vinha em minha direção. O corte em seu vestido mostrava uma de suas pernas. E aquilo pareceu o andar mais sexy que já vi em toda minha vida.
Seu rosto franziu quando me viu já do outro lado da bancada.

- Olá - sorriu - não vamos almoçar? - falou. E com todo o silêncio que estava ali, tenho certeza que todos ouviram sua fala, o que deixou minha autoestima no topo.

- Oii - ainda babava em sua beleza - vou só pedir para alguém ficar aqui, okay?

- Okay, senhorita. - dessa vez, era ela quem não tirava o sorriso do rosto. Merda, esse sorriso vai me causar vários gay panic hoje.

A intrusa (Camila/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora