*Capítulo 02*

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Acordei com a bixiga apertada. Eu precisava fazer xixi urgente. Levantei depressa, mas as com cuidado para não acorda Harry que estava na ponta á direita.

"Oh merda eu vou fazer nas calças"

Corri um pouco, até que sentei no trono e um alívio surgiu. Aproveitei e escovei os dentes e lavei o rosto.
Voltei ao quarto à procura do meu celular. Eram 4:55, acordei cinco minutos adiantado hoje. Culpa de uma certa bixiga desesperada que não espera nem 5:00 da manhã para dar sinal de vida.

Vesti algo mais confortável e fui saindo do prédio.
Avistei o porteiro quase cochilando em sua cadeira. Ele deu um breve aceno, logo retribui.

Ainda estava escuro e sem ninguém na rua. Prefeito. Coloquei meus fones e comecei com uma caminhada.

"Certo, hoje vai ser um belo dia, amém? Amém!"

Aumentei um pouco a velocidade. Tempos depois já estava correndo.
Ah, esse vento batendo em meu rosto é tão gostoso. Uma sensação de liberdade. Eu amo liberdade! Em todos os sentidos.

Saí com 18 anos de casa, com o intuito de poder ser eu mesma, de poder me sentir livre.
Quando me assumi lésbica, foi um completo caos.
Minha mãe quase sofreu um ataque cardíaco, meu pai virou a cara sem conseguir me olhar e minha querida irmã mais velha mandou eu me "virar". E foi o que eu fiz. Agradeço muito Demétria e a tia Dianna - mãe de Demi - que me acolheram em sua casa.
Meu antigo professor conseguiu um emprego temporário em uma biblioteca na minha cidade antiga. Juntei um dinheiro, que foi suficiente para mudar para a cidade, Harry decidiu vir comigo. Logo de cara ele conseguiu trabalho. Eu procurava trabalho de 7 da manhã as 6 da tarde. Quando chegava ia pra faculdade que o mesmo professor me ajudou a conseguir. Logo Demi veio morar comigo, o dinheiro que eu tinha juntado pra vir para cidade, já estava acabando. E não tinha como Harry sustentar nossa casa sozinho. Ai, que dona Marta entra, ela foi um anjo, me contratou primeiro, depois a Dems. Estamos a dois anos lá. Sou muito grata a ela. Ela foi nossa segunda mãe quando chegamos aqui.
Desde então, não tive notícias de minha família, e nem quis os procurar. Óbvio que foi difícil no começo, mas tudo está maravilhoso agora. Com certeza se eu estivesse ficado com eles e não me assumisse, estaria vivendo infeliz.

Chega desses pensamentos. O que importa é que estou feliz, e ninguém pode mudar isso.

Sorri com o pensamento.

Encontrei um banco próximo a uma pracinha, decido sentar um pouco. O sol já se fazia presente. Tinha pessoas caminhando com seus celulares em mãos, crianças brincando no escorregador a minha frente, carros buzinando, um moço vendendo lanche em um quiosqu..

Aiiii

Que porra foi essa?

que dor é essa?

Mais que coisa.

O que estou fazendo no chão?

E que negócio melado é esse no meu rosto?

- Boby!! - logo ouço um latido e mais lambidas no meu rosto.

Tentei abrir meus olhos, mas estava tudo embaraçado.

- Oh meu DEUS!!
Você está bem? Por favor, fale comigo!
Não durma, não durm..

Logo tudo ficou escuro.

(...)

Acordei com vozes um pouco longe, mas ainda sim coseguia ouvir. Eu não conseguia abrir meus olhos. Meu corpo doía, principalmente minha cabeça. Então tentei focar na conversa.

- Não cheche..... Na verdade eu não sei...não precisa, eu pedi para trazerem meu carro....tem um amigo dela aqui, ele acabou de sair, foi comprar um lanche.... Dj!! Não eu não sei se ela é bonita, eu estava desesperada, não dava pra reparar na beleza dela...-risada- tudo bem! Até, tchau.

Tentei abrir meus olhos novamente.

"Credo que luz é essa? É para deixar cego?
Oh merda estou com a boca seca."

Foquei minha visão em uma silhueta a minha frente, estava de costa mechendo em algo. Seu cabelo era longo e castanhos. Sua roupa era apertada, estava com roupa de academia. Se eu não me engano de cor vinho...ou é vermelho?! Não vem ao caso. Ela era muito bonita de costas, tinha uma bela comissão traseira.
Tratei de olhar ao redor, paredes brancas...poltrona do lado... cama de hospital...hospital...HOSPITAL?!

Tentei falar algo, mas foi em vão, comecei a tossir freneticamente.

- Ai senhor, enfermeira, corri aqui!!! - a moça gritou abrindo a porta.

- Água...água...por..favor.

- Claro, água!! - falou como se uma grande ideia tivesse vindo em sua mente. Correu depressa para uma mesa que tinha uma jara com água. Logo veio com um copo.

- O-obrigada...

- Por nada! - sorriu. E que sorriso... ela era linda... seus dentinhos branquinhos, sua boca carnuda, seus olhos castanhos me penetrando a alma. - Añ..sou tão feia assim?! - rio

- Oi? - perguntei confusa

- Você tá me olhando ai - sorriu de novo

- Ah! Descupas! Eu tô confusa...- desviei do olhar da moça e segui olhando ao redor - o que houve?

- Então, você foi atropelada pelo meu cachorro! E você caiu, porquê estava na ponta do banco e bateu a cabeça no chão. Não me pergunte, eu realmente não sei como você e boby fizeram essa proeza.

- Nossa - sorri - poderia me dizer que horas são?

- Claro - pegou o celular - dez e vinte.

- Oh meu Deus!!! Eu tenho trabalho!!!! - falei levantando na cama depressa.

- Opa, fique quieta, não se mova!! - ela olhou séria pra mim, e eu parei no mesmo instante - Você vai voltar a deitar enquanto eu vou chamar o médico, se eu voltar e um fio do seu cabelo tiver fora do lugar, eu juro que enfio essa cama, goela a baixo. - seu olhar sério logo se formou em um fofo.
Meu Deus... eu tô com medo.

Nada falei, ela saiu do quarto.
Soltei uma respiração pesada.
Olhei pra cama, isso cabe na minha goela?

A porta é aberta por um Harry desesperado.

- Oh meu Deus, você esta bem? Sentindo alguma coisa? Quer água? Quantos dedos esta vendo aqui?

- Calma! Eu estou bem - sua expressão suavisou - Eu devia está no trabalho, ainda dá tempo de trabalhar meio period..

- Nada disso senhorita s/s - um coroa entrou junto a moça que ameaçou socar a cama contra minha goela - a senhorita precisa de repouso. Não se preocupe, não houve nada grave. Você esta perfeitamente bem, só foi um susto. Mas preciso que fiquei de repouso hoje.

- Pode deixar doutor, ela vai ficar quietinha na cama, não vai sair pra nada! - falou Harry

- Não é assim também - resmunguei

- É assim sim! - a moça falou - eu vou cuida dela Mike, pode deixar.

- Certo, vejo que esta em otimas mãos senhorita s/s. Vou passar alguns remedios pra dor de cabeça, que talvez você sinta por causa da pancada, enfim já está liberada. Com licença. - doutor "Mike" como a moça falou, saiu apressado.

Os dois me olhavam atentamente, Harry parecia nervoso, segurava minha mão com força. Já a moça, seu olhar era indescritível.
Eu só queria sair logo desse quarto, não parava de pensar nessa louca de olhar psicopata tentando enfiar a cama na minha goela.

- Vamos, eu vou levá-los em casa. - ela quebrou o silêncio.

- Você consegui andar? - Harry perguntou todo fofo.

"Oh ele tá preocupadinho comigo"

- Consigo baby, não se preocupe.

No caminho para nossa casa, Harry só faltava me levar no braço até o carro da moça. Ela ria da sua preocupação. E eu até esqueci da sua ameaça minutos atrás, só por causa da sua risada nada discreta.

A intrusa (Camila/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora