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AS VEZES, Andy gostava de fingir que não era ela mesma, que aquele corpo, não era dela. As vezes ela se sentia assim, flutuando sob o destino. Era reconfortante, mas durava pouco sem ajuda. Então ela lia um livro, fumava um cigarro de maconha ou bebia uma garrafa de vodka. Todo mundo, literalmente todo mundo mesmo, precisa de uma válvula de escape, precisa fingir que existe outro mundo pra você, se não existir saída sua vida será uma merda. E Andrômeda, ela descobriu isso bem cedo.

Desde cedo, ela nunca foi muito comum, ela nunca soube como se encaixar, mas ela se virava bem. Talvez o problema tenha sido aos sete, quando seus pais se separam, ou o jeito que eles se separaram. Ela estava perdendo algo? Ela deixou de ver algo? Num dia eles estavam bem e no outro seu pai diz que vai viajar e liga dizendo que vai te ligar depois, mas não vai voltar pra casa?

Com o tempo ela soube juntar as peças, eles não estavam bem, eles não estavam mais apaixonados e seu pai fugiu com uma vadia. Sua mãe, ela teve que ser mãe e pai, teve que segurar o choro e aguentar as crises de choro de Andrômeda dizendo que sentia falta do pai.

Mas pra ser sincera, ele não era um bom pai, ele dava o dinheiro, ele trabalhava e chamava a pequena Andy de minha princesa, mas ele não ia as festas de dias dos pais, ele comprava bons presentes, mas trabalhava no dia do aniversário dela, e nunca guardou um presente feito a mão da garotinha.

Sua mãe também não era perfeita, ela cobrava Andy em tudo, era quase sufocante, mesmo que elas ainda fossem melhores amigas.

Com dez anos, sua mãe casou de novo, e Andy conseguiu ficar feliz pela mãe. Seu padrasto, ele era legal, era bom e divertido. Mas ela não conseguia chama-lo de pai, mesmo que nunca mais tivesse visto o pai. Foi nessa época que eles mudaram pra pequena cidade.

E foi por volta dos quatorze que ela foi diagnosticada, não só com ansiedade, mas depois de muitas sessões, transtorno de personalidade limítrofe, ou só Boderline. É um transtorno mental grave caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, no comportamento, auto-imagem e funcionamento. Basicamente, você vive no limite, você vive de modo intenso demais até pra sua cabeça, você nunca sabe se vai ficar bem, a beira de uma explosão a qualquer monta, como uma puta bomba relógio humana. E a pior parte, você nunca sabe o que realmente sente, você não sabe dizer, e você nunca sabe se é real. Ou seja, você nunca tem certeza de nada.

- Quer uma carona? - Perguntou Nate, seu vizinho. Ele estava com um amigo, Mckay.

Sinceramente, uma das únicas coisas que Andrômeda tinha certeza era seu ódio por Nate Jacobs, as vezes era tristeza, as vezes era pena, as vezes era saudade, mas definitivamente o ódio nunca saía.

BODERLINE (Euphoria) - maddy perez Onde histórias criam vida. Descubra agora