❦ Capítulo 10° ❦

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                            | Marcos |

Acordei com a Alice se remexendo do meu lado. Aos poucos fui abrindo meus olhando pra ela, enquanto seu peito subia e descia acompanhando sua respiração. Do lado de fora caia um temporal e o clima frio tava gostosinho, graças a Deus chuva pô. Rio faz calor parecendo que abriram a porta do inferno.

Caminhei até o banheiro e fiz meu higiene. Vesti uma camisa do Mengão e por cima uma peita de frio da Nike, uma calça preta e fiquei de chinelo mesmo. Voltei pro quarto e fiquei admirando Alice dormir quando ouvi um barulho vindo da cozinha, peguei minha glock e coloquei na cintura saindo do quarto e fechando a porta.

Descia as escadas devagar e logo vi Pedro jogado no sofá com cara de morto e Cami vindo da cozinha com um copo de suco na mão.

—Oh porra! Como vocês invadem minha casa assim caralho? Achei que era invasão— Terminei de descer as escadas e me sentei na minha poltrona.

—Tu já viu a chuva que tá caindo lá fora meu cria? Primeira casa perto era tua. Nós só entrou.—Pedro disse.

Achei que tava morto essa porra.

—Só entramos, animal.—Cami o corrigiu.

Pedro negou com a cabeça e mostrou o dedo do meio pra ela que deu logo um tapa em sua cabeça fazendo a briga rotineira deles começar. Caralho viu, pior que cão e gato menor.

—Para de gritar, buceta. Alice tá dormindo ainda.—Falei já puto.

—Dez horas da manhã? Deveria tá era acordada já. Isso aqui virou hotel ?—Pedro revirou os olhos tirando um baseado do bolso e se ajeitando no sofá.

—Tu já vai fumar desgraça? Nem comeu ainda.—Cami revirou os olhos.

E lá vamos nós de novo...

—Esse aqui é pra abrir o apetite minha filha, se liga.—Pedro disse acendendo seu cigarro.

{.....}

Chamei todos os crias no rapidinho e mandei todos me esperarem na minha salinha. Aproveitei que a chuva havia parado e desci a pé mesmo olhando algumas coisas que preciso mudar aqui no morro mas depois resolvo isso.

Cheguei na boca e logo avistei Junin na contenção com seu fuzil nas costas. O cumprimentei e entrei pra minha salinha onde já estava todos os caras. Como sempre esses maconheiros já estavam com os baseados acessos.

—Porra moleque. Tu se liga ein.—Pedro diz dando um tapa na cabeça de LK.

—Cê tá mandado mesmo em filha da puta.— LK descontou o tapa e riu.

Pedro fez uma cara de bravo e começou a passar mão onde Lucas havia batido. Me sentei em uma cadeira de frente pra todos e coloquei minha glock em cima da mesa. Todos ficaram queitos enquanto me olhavam.

—E o seguinte suas porras, a partir de hoje PH é meu gerente geral, depois de mim as ordens viram dele. Se ele mandar tá mandado e não tem essa ideia de querer peitar ele. LK passa a ser responsável pelas drogas e armas que saem e entram no morro—Olhei pra LK que estava com um sorriso de orelha a orelha.—Matheus segue responsável pelos vapores que ficam na contenção e Guilherme segue como "soldado" junto com Matheus.

—Valeu pela confiança mano.—Pedro fez nosso toque.

Ficamos um tempo conversando e logo todos foram caçar o rumo de casa. Pedi apenas Matheus pra ficar pois queria trocar uma ideia com ele.

—Que que pega ? — Matheus perguntou me olhando.

—Quero os foguteiros na entrada do morro dobrados e os "Soldados" também. Tô sentindo que tá pra acontecer algo pesado— Falei bolando um baseado.

—Certo mano. Mais alguma coisa?—Ele ajeitou seu boné.

—Fica de olho no Guilherme. Não sinto verdade naquele filha da puta. Pode ir.— Acenei pra ele.

Matheus fez nosso toque e saiu. Terminei de bolar meu fininho e logo o acendi. Depois de dar o último trago me encostei na cadeira esperando a brisa bater. Fechei meus olhos e minha mente foi na noite anterior, na minha foda com Alice, mulher gostosa do caralho.

Eu não deveria ter deixado daquilo acontecer mas agora também foda-se, já foi. Ela quis me dar e eu apenas comi. Abri meus olhos quando João me chamou no radinho avisando que o verme estava na entrada do morro então apenas autorizei sua entrada e depis de cinco minutos o policialzinho de merda já estava de frente pra mim.

Bruno é um dos policiais que tenho no meu caderninho. O filhinho de merda tinha uma dívida enorme com a gente e pra não matarmos ele Bruno concordou de fornecer armamento pesado pra gente e em troca deixamos o playboy em paz.

—Oque tu quer ? — O olhei cheio de ódio.

—Vim trazer o dinheiro da dívida do meu filho.— Ele sorriu se jogando no sofá da minha salinha.

Mas quem deu essa liberdade pra esse filha da puta ?

— Então entrega. Não tô com tempo pra você não.—acompanhei seus movimentos.

Bruno tirou um bolo de notas de cem e cinquenta do bolso e jogou em cima da minha mesa. Tirei a gominha e contei as notas, como essa porra conseguiu cinco mil reais assim ?

—Ótimo. Quer mais uma alguma coisa? Se não cê já pode meter o pé. — Gurdei a grana no cofre.

— Tô indo já. Mas só quero te dar um aviso.— Se levantou ficando de frente pra min.

—Tô ouvindo.— Cruzei meus braços e o encarei.

—Primeiro não irei mais conseguir fornecer suas armas foi me mudaram de departamento e estou indo pra São Paulo e segundo, tem gente daqui de dentro conspirando contra você. Vai ter uma invasão aqui hoje. —

Ele colocou a mão no bolso esperando uma resposta minha. O entreguei um malote pela informação e ele sorriu de canto me deixando sozinho.

Mas que porra, não tem paz nesse caralho. Se eu pegar o filha da puta que está contra mim o desgraçado vai tomar tanto tiro que vai ficar parecendo uma peneira.

Coloquei minha glock na cintura e subi vazado pro meu barraco. Minha casa virou hotel por que não é possível que esses caras vivam aqui.

—Vocês tem casa não porra?

—A patroa tá dando uma faxina lá no barraco, me botou logo pra andar.— Matheus diz e rir

—Sua casa é minha casa meu parceiro.— Pedro diz ligando meu Xbox.

Mas isso aqui virou casa da mãe Joana mesmo. Um cheiro bom invade a sala vindo da cozinha e então caminho até lá vendo Cami e Alice mexendo em algumas panelas enquanto riam de alguma coisa. Me encostei na parede observando a cena e sorri, minhas meninas estão felizes e é isso que importa no momento.

{....}

UM RECOMEÇO PRA NÓS.Onde histórias criam vida. Descubra agora