| Alice |
Meu coração batia de forma lenta, o peso das lágrimas em meus olhos traziam uma dor insuportável no peito. Minhas pernas já não respeitavam o meu comando e meu mundo ficou apenas preto e branco, a dor é algo que precisa ser sentida mas que não estamos preparados para sentir.
Cai em cima do corpo do meu amor, seu sangue se espalhava cada vez mais pelo chão. Seus olhos fechados e sua respiração já não ouço mais, o grito de dor veio e um nó na garganta em seguida me impossibilitando de gritar o nome dele novamente. Parece que atravessaram meu peito com uma faca em chamas e deixaram ali para que eu fosse queimada de dentro para fora, não vou aguentar perder o amor da minha vida dessa forma.
Me deitei em cima do seu corpo na esperança de ouvir seu coração bater nem que fosse de forma lenta mas não ouvi nada, não senti nem mesmo calor do seu corpo, que antes, era o que me aquecia. Seu rosto estava sereno, ele estava em paz. Deus, como vou viver um mundo onde o meu grande amor não existe? Como vou voltar a sorrir se ele era o motivo do meu sorriso? Como vou ser feliz se minha felicidade carregava o seu nome?
O mundo parou por uma fração de segundos e nesse momento eu desejei voltar no tempo e impedir que ele saísse de casa, que aquele vapor não tivesse entrado na nossa casa e que eu e Marcos estivemos em nossa cama, nos amando da forma mais perfeita e indescritível do mundo. Tiraram o meu amor de mim e eu juro que irei vingar a morte dele.
Acordei soando frio. A boca seca e o alívio de que aquilo não ter passado de um sonho trouxe a paz novamente pro meu coração, que agora, bate tranquilamente. Olhei pro lado e lá estava ele, tão lindo e com o rosto em paz, meu amor está vivo e está comigo.
Passei meus dedos em seu cabelo e fiquei o olhando. Vai doer tanto se um dia eu perder esse homem..
- Bom dia, princesa.- Marcos disse se mexendo na cama e abrindo os olhos devagar.
- Bom dia, amor.-Dei um selinho em sua boca e me deitei em seu peito.
Marcos começou a fazer cafuné em meu cabelo enquanto eu sentia seu coração bater tranquilamente. A invasão de ontem terminou com a morte do Fernando e Bruno saiu daqui quase morto também e eu espero que agora eles entendam que isso aqui está muito a cima deles e que eles são pessoas insignificantes para a gente.
-Tive um pesado horrível.-Me sentei na cama e olhei Marcos.
-Como foi?-Ele se sentou também, me encrando curioso.
-Você tinha levado um tiro. Estava morto-Me arrepiei só de lembrar.
-Isso não vai acontecer. Relaxa morena, quem me protege não dorme.-Ele sorriu de canto.
-Só toma cuidado ok? Não quero te perder.-Paasei a mão em seu rosto.
-E você não vai.-Ele beijou minha mão e se levantou.
Tenho poucas certezas na vida e uma delas é que com certeza ele é o amor da minha vida e que vou fazer de tudo por nós dois, pelo nosso amor.
{...}
Me sentei na sorveteira junto com Cami, que não para de reclamar do calor infernal do Rio de Janeiro. Realmente, hoje o sol acordou pior do que normalmente é.
-Não aguento mais esse calor do inferno.-Cami disse se abanando e dando uma colherada do seu sorvete.
-Bem que podíamos descer pra praia né?-Sorri tomando meu açaí.
-Sábado?-Cami sorriu animada.
-Fechou.-Sorri de volta.
Terminamos nossos sorvetes e começamos a andar pelo morro. Sinceramente, é um lugar bem diferente do que vemos na TV, é um lugar bem tranquilo quando não tem policias tentando invadir, tirando a vida de inocentes.
Nos sentamos em frente a um campinho onde alguns meninos jogavam bola. A risada deles é contagiante e só mostra o quanto eles são felizes.
-Logo logo vai ser meu menino ai.-Cami passou a mão na barriga e sorriu.
Coloquei a mão em sua barriga também e a olhei.
-Já sabe o sexo?
-Não, mas eu sinto que é menino.-Ela me olhou por alguns segundos e voltou a olhar os meninos jogando bola.
-Eu acho que é um menino também.-Alisei sua barriga.
Ficamos assim por um tempo e voltamos a andar indo em direção a minha casa com Marcos. Estávamos perto quando avistei Michelle semi nua vindo em nossa direção, estava bom de mais pra ser verdade.
-Ainda por aqui, fofa?-Ela me olhou de cima a baixo.
-Se tu tá me vendo aqui é porque eu tô, né?- Revirei os olhos e a encarei.
-Tu tinha era que desistir. Marcos só está se divertindo com você-Ela sorriu.
-Sim, deve ser por isso que ele me levou pra morar com ele. Um gostinho que você não tem né ? Nasceu marmita dele e vai morrer assim.-Debochei a olhando de cima a baixo.
Nesse momento ela chegou mais perto de mim e Cami entrou no meio dando um pequeno empurrão em Michelle, a fazendo dar alguns passos pra atrás.
-Tu sabe que vai morrer se encostar nela? Não foi suficiente o tapa que o Marcos te deu não fia? Tá querendo um tiro agora?- Cami a encarou.
-Na melhor a gente se encontra.-Ela disse e saiu rebolando.
Eu e Cami apenas rimos e seguimos nosso caminho. Chegamos em casa e fizemos almoço esperando os princesos resolverem lembrar que eles tem casa e mulheres.
Depois que chegaram, cada um se serviu e nos sentamos na sala conversando sobre coisas aleatórias e rindo das idiotices de LK e Pedro, parecem duas crianças.
-Ae, mais tarde vou trazer minha fiel pra vocês conhecerem.-Lk disse sorrindo.
-Quem é a louca que te quis ?-Matheus disse rindo.
-Sua mãe, desgraçado.-Lk mostrou dedo pra Matheus e todos nós rimos.
Passamos a tarde zoando com a cara um do outro e foi bom ver esse povo tão feliz, tão alegre. Queria que fosse sempre assim e que não tivéssemos que passar pela dor, pelo desespero e pela angústia mas com a vida que eles escolheram, isso é impossível.
Tenho a sensação de que a última invasão foi apenas o começo de uma coisa muito maior que está para acontecer.
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UM RECOMEÇO PRA NÓS.
Novela JuvenilSenti meu coração se partir em pedaços minúsculos que desde aquele maldito dia nunca mais conseguir colar, é simplesmente impossível, me quebraram. Tiraram o amor da minha vida de mim e não fazem ideia de como isso me destruiu e não consigo os perdo...