Dez dias para conquistar (repostagem) | Shawmila

13. Só queria agradecer

Enquanto via o elevador se fechar e Oliver descer com Anna e Jacob, um pensamento cruzou a mente de Camila. Estamos sozinhos.

Ela se virou e bateu de frente no peito de Shawn.

– Devagar, campeã. – Ele a segurou pelos ombros. – Sei que eles não vão demorar muito, mas temos tempo para falar de negócios.

Falar de negócios. Por que ela dava uma conotação sexual a tudo que ele dizia?

– Nada como o momento presente. – Ela riu com nervosismo.

Shawn ainda não a soltara, e o calor de suas mãos se espalhou pelo corpo dela. Tinha certeza de que ele tentava hipnotizá-la com seus olhos.

Um sorriso pairou nos lábios dele, e então Camila se distraiu com sua boca. Era tão tentadora, feita para beijos, e ela morria de curiosidade. Que versão de Shawn Mendes teria se o beijasse?

A do empresário forte de ombros largos? Que usava ternos sensuais? Sem dúvida ele iria querer comandar na cama também. Ou seria o sujeito descolado e sexy coma tatuagem e calção de surfe? Aquele que precisava de espaço e pulava de paraquedas? Esse sujeito, segundo ela, iria com calma, sabendo fazer leves carícias que levavam uma mulher até o céu. Camila estremeceu ao perceber que... desejava os dois Shawn Mendes.

– Só queria agradecer. – Sem mais nenhum som no apartamento, a voz dele ecoou, rouca.

– Por quê?

– Por trazer Oliver para mim. Nunca imaginei que me sentiria assim.

– É uma grande reviravolta para o homem que ignorou meus e-mails e telefonemas por três semanas.

Ele aquiesceu como se aceitasse a culpa.

– Sei disso e peço desculpas. Não queria acreditar que era verdade. Impossível adivinhar como irá se sentir até saber que é pai. Se tivesse me perguntado há dois dias se eu queria um filho, teria respondido que de jeito nenhum. Agora já não me sinto assim.

O coração de Camila clamava em seus ouvidos. Nossa! Ele é bom. Um sujeito tão sexy confessando seus ternos sentimentos por um bebê? Esqueça.

Depois do banho em Oliver na noite anterior e de ter dormido na cama dele, Camila achava que estava tentando o destino. Precisava se manter profissional.

– Foi bonito ver você e Oliver se entrosando. Isso me deixa feliz. Agora vamos subir e arrumar o quarto dele.

Shawn a soltou, mas a descarga elétrica continuou pelo corpo de Camila. Ele respirou fundo e a fitou.

– OK. Tudo que você disser.

Camila deu meia-volta com brusquidão para conduzi-lo ao andar de cima.

– Espere um segundo – pediu Shawn

– O que foi?

– Estava na cozinha e reparei... desde quando tenho um pote de biscoitos?

– Desde que me deixou navegar na internet com seu cartão de crédito. Agora tem um garotinho em casa. Precisa de um pote de biscoitos.

– Pensei que as babás não permitissem biscoitos para as crianças.

Camila deu de ombros.

– É bom demonstrar o quanto se ama uma criança dando um doce de vez em quando.

Ela continuou a caminhar para a escada, então ergueu um dedo no ar.

– Mas não todos os dias.

Lá em cima, o berço de madeira escura aguardava no canto do quarto de Oliver. Havia uma cômoda combinando, um trocador e também uma linda cadeira de balanço.

Só precisavam dos toques finais... objetos bonitos, mais livros, os brinquedos favoritos dele... as coisas especiais que fariam Oliver se sentir em casa.

Camila já lavara a roupa de cama do berço.

– Vamos fazer a cama. Vou mostrar como se abaixa a grade na lateral.

Shawn se postou ao seu lado, de novo a deixando nervosa, enquanto ela lhe mostrava como erguer e abaixar a grade.

– Parece simples – comentou ele.

– Tenha certeza de que a grade está sempre firme. Não vai querer que Oliver escape.

– Ou pense que vai pular de paraquedas.

– Muito engraçado. E como ele já começou a se levantar segurando nos móveis, o colchão está no nível mais baixo. Quando se tem um recém-nascido, a altura é calculada para cima. Para que os pais não fiquem com dor nas costas.

– Não vou precisar nunca erguer o colchão, vou?

Camila começou a colocar o colchão impermeável e Shawn ajudou.

– Talvez se case e tenha outro filho.

Por que ela dissera isso? Estava querendo jogar verde para colher maduro?

– Teria que ter uma ligação forte com uma mulher para isso acontecer – respondeu ele.

Sim, Camila lembrou que ele era conhecido como um playboy.

– Presumo que sua breve relação com a mãe de Oliver seja o normal para você.

Gail contara que Shawn era charmoso, sexy e franco ao declarar que não desejava relacionamentos sérios. E Camila não a culpava nem um segundo por ter se entregado.

Teria feito o mesmo se fosse corajosa para manter um romance relâmpago. E nunca tivera forças para se afastar dos homens interessantes.

– Lembra quando disse que preciso de espaço? Isso inclui minha vida amorosa – explicou Shawn.

– Espaço. Desculpa esfarrapada.

Ela podia ter sofrido muito por amor, mas pelo menos se arriscara.

– Como disse?

– Você salta de um avião, mas tem medo de se comprometer com uma pessoa? Conhece uma mulher e decide de cara que o namoro vai acabar logo?

– Não, decido justamente o quanto vai durar. Sei como essas coisas terminam. Conheço minhas limitações e as aceito. Não quero compromissos.

Camila prendeu dois cobertorezinhos nos pés do berço.

– Se isso o deixa feliz, ótimo. Apenas acho que não está sendo honesto consigo mesmo. Disse que precisa de espaço, porém logo se acostumou com Oliver.

– Não é a mesma coisa. Oliver precisa de mim. E você? Foi você quem disse que não tem tempo para um namorado.

– Minha situação é completamente diferente.