Dez dias para conquistar (repostagem) | Shawmila

35. Camila faz muita falta

O décimo dia chegou com o sol entrando pelas janelas e Oliver cheio de energia e pronto para abraçar a manhã com as mãozinhas. Logo depois do café, Shawn e Oliver começaram a dar voltas pela casa.

Da cozinha para a biblioteca para o escritório e de volta. Oliver puxava o pai, que segurava sua mão. O menino descobrira essa brincadeira na noite anterior. A julgar pelo entusiasmo com que se segurava aos móveis, estava adorando.

E, por mais que Shawn estivesse feliz por compartilhar isso com o filho, oscilava... por não ter dormido bem e por sentir um vazio no coração.

Camila fora embora. E sua ausência era mais sentida do que Shawn esperara. O apartamento parecia estranho e incompleto. Será que já sentira isso antes de Camila surgir? Não se lembrava. Era diferente com Oliver ali, mas mesmo assim não era a mesma coisa sem Camila.

Ele sentia falta de tudo... o modo como cantarolava na cozinha e seu perfume suave quando passava por ele. Como seu rosto se iluminava quando ria e a maneira como o encurralava quando ficava furiosa... as lembranças povoavam sua mente... Camila conseguira driblar a segurança de um dos edifícios mais vigiados do mundo. Fizera a vida de Shawn virar de cabeça para baixo. Tudo começara na noite na banheira, quando criara intimidade com Camila e Oliver pela primeira vez. E fora também quando a pegara olhando para ele e pensara, tolamente, que com Camila seria como com as outras mulheres, então confiara no prazo de dez dias. Seria fácil conseguir o que desejava e não haveria nenhum vínculo. Mal sabia que Camila iria amarrar seu coração e sua mente... mesmo voltando para Boston.

Mas o que ele podia fazer? Estavam em sintonias diferentes. Ela era audaciosa em questões de afeto, ele precisava de tempo. As coisas eram assim.

O celular tocou na cozinha. O coração de Shawn acelerou. Seria ela? Ele foi levando Oliver pela mãozinha e leu a mensagem. Anna. Não era a chamada que esperara, mas talvez a irmã o fizesse parar de ser chorão.

– Ei – ligou ele. – Que surpresa. Muito cedo, não acha?

– Pensei que já teria acordado com Oliver e queria saber como você está depois da conversa coma mamãe. E aí?

Shawn arrastou um banquinho do bar pela cozinha para ficar de olho no bebê e sentou.

– Estou bem. Levei anos ruminando sobre quem era meu pai. É mais um alívio que qualquer outra coisa. E pelo menos agora poderemos nos reunir sem sentir tanto desconforto.

Anna respirou fundo.

– Ótimo. Fico contente que se sinta assim porque tenho outro assunto a tratar com você. Jacob me disse para ficar calada, e tivemos uma discussão a respeito. Mas não quero me calar.

– Do que está falando?

– Camila. Não ouse deixá-la voltar para Boston hoje sem que planejem se encontrar depois. Sei como você é, e sei que ela não é como suas outras mulheres. Camila é uma joia, Shawn. Não quero que estrague tudo porque você quer ficar na sua zona de conforto.

Shawn imaginou como estaria seu rosto nesse instante... Chocado, estupefato.

– Primeiro, por que não me conta o que está pensando? Segundo, como sabe que havia alguma coisa entre nós?

Anna resmungou ao perceber o absurdo que Shawn dizia.

– Vi o modo como vocês dois se olhavam na outra noite e, quando o teto desabou com a mamãe, Camila foi quem você procurou. Imediatamente. Nem hesitou. É obvio para mim que estão apaixonados.

– Como pode afirmar isso?

– E estou errada? Existem sentimentos entre vocês dois, não?

– Bem, sim, mas não quer dizer que seja amor. Além disso, é tarde demais. Ela já partiu.

– O quê? – Anna gritou tanto que quase estourou o tímpano de Shawn.

– Acalme-se ou pode entrar em trabalho de parto.

– Você deixou Camila partir? Por que fez isso? Por que seria tão idiota?

Porque ela disse que me amava e eu não pude retribuir.

A conclusão o atingiu e suas repercussões foram como um tapa na cara. Só conseguiu responder: – As coisas estavam indo depressa demais para mim.

– O homem que salta de aviões achou que as coisas estavam indo depressa demais? Você me parece confuso.

– Sim, acho que estou. Porém, não quero cometer um erro. Camila significa muito para mim, mas não posso dizer que a amo se não tenho certeza. Nem mesmo sei o que se sente quando se ama de verdade. As pessoas sempre dizem que se sabe quando isso acontece. Bem, eu não sei.

– Deixe-me perguntar uma coisa. Como se sente agora que ela partiu?

– Horrível. Como se tivessem arrancado o coração do meu peito.

– E como está sua casa sem Camila?

– Terrível. Acho que eu e Oliver teremos que nos mudar. Camila faz muita falta.

– E, se você pudesse tomar uma providência agora mesmo, o que faria?

– Iria ver Camila. Pedir desculpas. – Oh, Deus, eu a amo. Shawn baixou os olhos para Oliver, que batia no chão com uma colher de pau. Sou mesmo um idiota. Um completo imbecil. Dissera a si mesmo muitas vezes nos últimos dez dias que jamais iria faltar nada a Oliver. Porém, permitindo que Camila fosse embora, não apenas estava privando Oliver da mãe perfeita, mas estava se privando da única mulher que o compreendia e amava apesar de suas faltas. Oliver lhe demonstrara amor incondicional. Mas Camila também.

– Gosta de se sentir assim? – perguntou Anna. – Porque sabe que pode consertar as coisas.

– Não posso consertar. Arruinei tudo. Ela disse que me amava e eu não disse nada.

Anna respirou fundo do outro lado da linha.

– Parece o fim, não? – murmurou Shawn. Sua consciência estava muito pesada. Pisara no coração da mulher que amava. – Quero dizer, como voltar atrás nisso?

– Rastejando.

– Rastejando?

– É a única coisa que funciona. Flores ajudam. Joias. Chocolates. Uma massagem facial gratuita em um instituto de beleza famoso. Mas principalmente... rastejar. Precisa ir a Boston e implorar pelo perdão de Camila. Precisa dizer como se sente.

– Acha que dará certo?

– Não tenho certeza, mas acho que irá lamentar pelo resto da vida se não tentar. Jacob e eu poderemos estar aí em meia hora para tomar conta do bebê.

Nada disso daria certo sem Oliver.

– Não, tudo bem. Vou levar Oliver comigo.