Meu subconsciente me presenteava novamente, me trouxera uma lembrança. Porém essa não me parecia com as outras, essa trazia melancolia, uma angústia que com palavras seria impossível explicar. Talvez não seja uma lembrança, talvez seja um devaneio. Talvez eu devesse esquecer. Esquecer, isso soa estranho. Como eu poderia esquecer?
Uma mulher, ali com as mãos no rosto em um choro incessante. Ela estava longe de parecer feliz como nas minhas outras lembranças. Ou seria apenas sonhos? Eu estava ao seu lado, a olhava buscando palavras de consolo para dizer, mas não importava o que eu dissesse, ela não ouvia.
O branco preenchia meus olhos e o vento fazia dançar as cortinas, sublime calmaria, porém nem a mais bela valsa alegraria aquela que chorava, expressava sua dor, sentada ao pé da cama tão branca quanto todo o resto.
Em meus ouvidos, o som do medidor de batimentos não tinha mais seu tom ritmado como antes tivera, as pessoas não mais falavam. O desespero destas agora se encontrava no interior da bela moça soluçante de cabelos negros. Ela pressionava suas mãos suavemente contra o rosto enquanto despejava sua tristeza como chuva. Me arriscaria em dizer que estava ela tentando reanimar-se. Isso me faz lembrar. Lembrar, isso me soa estranho. Como eu poderia lembrar?
— Afasta. — Minutos antes, os homens de branco disseram, em tumulto, sobre a cama. Novamente. — Afasta.
Ela chorava, em súplica:
— Salvem minha filha! — O barulho do medidor de batimentos passara de seu tom ritmado para um tom alto, em som ininterrupto, deve ser por este motivo que ela não poderia me ouvir, ao seu lado, dizendo:
— Mamãe, não chore, eu estou aqui.
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Inside Maze
PoetryFragmentos de vivências e cicatrizes com uma imaginação fértil e insistente.