Capítulo 14

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Bruno

Acordei com uma puta ressaca e sem saber direito o que tinha acontecido na noite anterior. Minha cabeça estava explodindo e eu só conseguia lembrar de alguns flashes como eu bebendo até não poder mais e de Camila e Gabriel conversando na maior intimidade do mundo.

Pronto! Era isso!

A cena voltou toda no meu pensamento e com ela a raiva de ontem.

- Tá mais calmo, Capita? - Lucarelli disse entrando no quarto e se encostando na porta.

- Cara, sei lá. Não consigo lembrar direito mas sei que fiz merda... - falei me ajeitando e sentando na cama.

- E põe merda nisso, Bruno! Tu simplesmente surtou de ciúmes e deixou a Camila lá na casa do Ney. - ele disse sério.

- Caralho, tô ferrado com ela... - falei passando a mão pela cabeça.

- E ela tá com toda a razão se não quiser ver a tua cara por enquanto.

- Eu sei. Sei que fiz errado. - lamentei.

- Pelo menos isso! Já é um começo. - Lucarelli riu fraco.

- Vou tentar ligar pra ela e pro Gabriel pra tentar me explicar. - eu falei arrependido.

- Ligar pro Medina até é válido mas pra Camila eu acho que não seja a solução, Bruno. Fala com ela pessoalmente e pede um milhão de desculpas, talvez assim ela fique um pouco mais de boa. - ele falou sério e saiu do quarto me deixando com milhões de pensamentos.


Camila

Eram por volta de umas oito da noite e eu estava em casa olhando série quando a minha campainha tocou. Infelizmente era quem eu menos queria ver.

- Quem te deixou subir, Bruno? - disse séria logo quando abri a porta.

- Uma mulher estava subindo na mesma hora, aí eu disse que era teu namorado e que tinha esquecido a chave... - ele disse forçando um sorriso e passando as mãos pelo cabelo.

- E viesse a troco de...? - falei ríspida.

- Vai me tratar assim mesmo? - Bruno disse me olhando sério.

- Se a gente for competir a questão "tratar as pessoas", acho que tô sendo bem legal até. - disse irônica e dando passagem para ele entrar.

- Vim te pedir desculpa por ontem. - ele dizia enquanto me olhava sentar de volta no sofá.

- Tá desculpado! - disse séria olhando para frente.

- Camila, escuta... - Bruno disse baixinho se agachando e ficando de frente pra mim. - Eu sei que eu errei ontem, fiquei com ciúmes por nada e tô aqui tentando me redimir.

- A cena de ontem foi no mínimo ridícula, Bruno! Imagina a vergonha que eu fiquei na frente do Gabriel. De todo mundo, aliás.

- Tá eu sei, Camila... Mas eu não consegui me controlar! Eu sei que a gente não tem nada, mas eu estava bêbado e tu sabe como eu fico. - ele disse se explicando.

A frase "Eu sei que a gente não tem nada" foi como um alarme tocando pra eu acordar pra vida! De fato eu sabia que não tínhamos, mas ouvir isso da boca dele ainda me gerava um certo desconforto.

- Sim Bruno, realmente não temos nada. - disse ríspida tentando sair por cima da história.

- Mas temos carinho um pelo outro e isso eu não quero perder de jeito nenhum. - ele me olhava com um tom manhoso. - Me perdoa? Prometo que não vai mais acontecer isso.

- Eu perdoo, Bruno. Acho que não consigo ficar muito tempo brava contigo... - disse rindo fraco.

- Aiiii nem acredito!!! Desculpa, desculpa, desculpa! - ele dizia enquanto me levantava em um abraço e me dava vários beijinhos no rosto.

- Para de ser bobo, Bruno! - eu falei rindo e me soltando dele. - Eu perdoei, mas não esqueci ainda.

- Será que com os vinhos que eu trouxe, tu conseguiria esquecer? - ele disse feliz abrindo a sacola que tinha trazido e pegando duas garrafas.

- Talvez, Capita... - eu disse sorrindo.

- Pegou no meu ponto fraco, agora. - ele dizia rindo.

- Vou pegar as taças! - falei empolgada enquanto ia até a cozinha.

Nós dois ficamos até boa parte da madrugada bebendo vinho e conversando e já estávamos bem "alegres" . Mesmo depois de anos, Bruno era uma das minhas melhores companhias e isso eu não podia negar à ninguém.

- Sério, Bruno! - eu dizia rindo. - Acho que seu pai tem um infarto se eu chego de surpresa pra visitar ele.

- E é bem possível que tenha mesmo. - ele riu tomando mais um gole do vinho. - Pra ti ter uma noção... ele tem até hoje uma foto de vocês dois no escritório dele.

- Mentira, Bruno?! Teu pai não existe mesmo... - disse rindo sem acreditar. - Qual foto?

- Uma que vocês tiraram na praia quando a gente viajou pra Fernando de Noronha! Lembra? - ele perguntou me olhando.

- Claro que lembro! - disse alegre. - Foi uma das melhores viagens da minha vida. Lembro como se fosse hoje...

- Da minha também! Nós éramos tão novinhos. - Bruno riu.

- Sim, porque deve fazer uns dez anos essa viagem. - eu disse rindo. - Pelo menos o tempo foi bom com a gente.

- Isso foi um elogio, senhorita Camila? - Bruno perguntou rindo.

- Entenda como quiser! - eu ri e bebi mais um gole no vinho, quando sem querer acabei virando um pouquinho na blusa que eu estava usando.

- Não mudou nada, o desastre continua o mesmo! - Bruno ria da minha cara. - Vem cá, deixa eu te ajudar. - ele disse pegando um papel que estava na mesinha de centro.

- Só espero que não manche. - eu falei me aproximando dele.

Ele se levantou ficando na minha frente e começou a passar o papel delicadamente, alternando entre a minha blusa e o início do meu decote aonde tinha algumas gotas de vinho.

Era quase palpável a tenção sexual que havia ali.

- Preciso te confessar uma coisa... - ele dizia enquanto ainda me ajudava.

- Pode dizer, Bruno. - disse levantando a cabeça para encarar ele.

- Isso aqui tá sendo um belo de um teste de auto controle. - ele riu fraco.

- Acho que sempre quando a gente está junto é assim. - eu disse rindo na possibilidade de quebrar o clima tenso.

- Dá pra perceber... - Bruno dizia enquanto passava a mão nos meus braços que estavam arrepiados.

- Tá ficando friozinho, né? - perguntei tentando disfarçar.

- Quer ficar fugindo disso até quando? - ele questionou se afastando e pegando suas chaves que estavam no sofá.

Eu simplesmente não sabia a resposta e nem o porque de eu estar fugindo. Mas estava.

- Bruno, a gente bebeu demais hoje... acho que não é hora pra conversar sobre isso. - eu dizia quando fui interrompida.

- Pensa nisso e quando tu achar a resposta... Vou estar te esperando. - Bruno disse isso, me deu um beijo na testa e foi embora.

E ali restaram eu e as minhas dúvidas.

Era mais uma noite sozinha que vinha pela frente.

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Fiquei 4 meses sumida daqui e peço milhões de desculpas... Será que ainda tenho minhas leitoras fiéis?? Espero que sim! ❤️

Sina | Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora