Capítulo 6

880 115 182
                                    

   — Senhor, o que deveríamos fazer? O garoto não come a dias — Uma das cozinheiras se manifesta.

   — Como? Por que não fui informado sobre isso?

   — Bem... Nós achávamos que ele ia acabar comendo em algum momento, mas pelo visto nos enganamos.

   — Da próxima vez quero que me digam com antecedência — Cesar olha uma tigela no balcão da cozinha feito recentemente, era notável apenas por olhar a fumaça saindo da tigela. — Levarei isso.

   Cesar pega a tigela e desce em direção às celas, lá estava Joui encolhido, abraçando suas pernas, pálido e com os olhos caídos. O que mais doía é que a poucos dias atrás ele estava exatamente como Joui, e não era uma sensação nada agradável.

   — Ei, você — Cesar olha para as tigelas vazias, mas com a comida derramada logo ao lado, depois olha para Joui, que o olha por alguns segundos e abaixa a cabeça novamente. — Você precisa comer.


   — Não tô afim — Disse fraquejando.

  — Independente de querer ou não, tem que comer.

   Cesar entra na cela e fica ao seu lado, se agacha na mesma posição que o Joui e olha para a tigela ainda quente.

  — Por que vocês me mantêm preso? Por que não me matam de uma vez? — Seu corpo treme, sua respiração parece querer sair do ritmo, mas Joui se segura.

   O lugar fica silencioso, Cesar não sabia exatamente o que responder, mas percebeu que também não poderia ficar quieto.

  — Não vejo o porquê, você não é uma ameaça para nós, e também já não parece uma pessoa ruim afinal.

  — E o que te faz pensar isso?

  — Qualquer um que te visse agora pensaria isso.

   Cesar se segura um pouco, mas em seguida tenta levar o seu braço ao ombro de Joui, lhe dando um abraço de conforto. Joui se levanta instantaneamente e percebendo que está lacrimejando começa a limpar seu rosto.

   — Não quero sua pena.

   — Ok, não estou sentindo pena.

   Joui olha para a tigela na mão de Cesar, era como uma sopa de legumes quase sem sopa.

   — É só eu comer isso que você vai embora, certo?

   Cesar acena com a cabeça e ergue a tigela. Joui a segura e sentando novamente onde estava, ele enche a colher e engole.

   — Pronto, já pode sair — Cesar encara o pote ainda cheio.

  — Tenho que garantir que você vai comer tudo.

  — É minha mãe agora?

  — Não, a não ser que queira um castigo se não comer direitinho - Cesar diz brincando, mas olhando o rosto de Joui, viu que algo passou pela sua cabeça.

  — Que foi? Gostou da ideia?

  — Cala a boca — Ele se vira de costas pro Cesar e esvazia a tigela rapidamente.

  — Pronto, já pode ir.

   Cesar se levanta e pega a tigela vazia, quando estava para se retirar ele olha mais uma vez pro Joui, que voltou a sua forma cabisbaixa.

Injustiçados [Joesar]Onde histórias criam vida. Descubra agora