Injustiçados [Joesar]

Prólogo

Deitado ao chão sentindo o piso gelado e úmido, ao se concentrar para escutar o ambiente é possível ouvir a presença de ratos barulhentos. Joui abre os olhos enquanto tenta se levantar, mas sente uma dor de cabeça que o impede de sair do chão.

   — Ele está aqui senhor — escuta em um volume quase inaudível.

   Os passos que iam em sua direção de repente cessaram, e uma sombra cobria a forte luz que antes incomodava sua visão. Com os olhos semicerrados ele se depara com um homem bem vestido, de barba e bigode bem feitos,  cabelos longos e pretos, iguais aos seus olhos, que no momento o fitavam com raiva. Ele rapidamente pôde reconhecer quem era.

   Antes que pudesse reagir, foi puxado pelos cabelos, obrigando-o a ficar de joelhos.

   — O que você veio fazer aqui?

   — Nada que seja da sua conta, vossa alteza.

   Seu rosto não parece esboçar nenhuma resposta, mas a faca que foi direcionada rapidamente a sua garganta já mostrava que isso o havia irritado.

   — Não foi isso que te perguntei, por acaso devo repetir?

   Ele pressiona a faca mais ainda em seu pescoço, fazendo sair as primeiras gotas de sangue.

   — Tem certeza de que deveria me matar agora? — Joui abre um sorriso e o encara nos olhos.

   Ambos ficam se olhando por alguns segundos fixamente, quando alguém chega gritando em direção aos dois.

   — Senhor! Encontramos informações sobre esse homem que capturamos!

   Ele guarda a faca relutante, se segurando para não cortar a garganta de Joui naquele momento. Ao se levantar dá um chute na cabeça dele, fazendo Joui se encontrar novamente deitado no chão úmido e gelado. 

   — Os relatórios estão lá em cima senhor.

   — Pare de me chamar de senhor, faz eu me sentir velho.

   — S-sim sua alteza! — Ele grita num tom um pouco desesperado, como se fosse um erro que o fizesse ser demitido.

   Ao sair da cela, o homem que estava ao seu lado tranca o cadeado. Ambos se dirigem a saída e novamente é possível ouvir os ratos operando.