XXXVI - Podólatra

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Mariana narrando:

Helena se acomoda ao lado de Victoria e começa a dialogar comigo, sobre minha mãe, sobre onde eu moro e também sobre como é trabalhar com o Jake.

Ele escuta tudo, sem dizer nada, enquanto brinca no chão com o Júnior.
Me sinto observada as vezes, em momentos de distração de todos, nós trocamos olhares e até alguns sorrisos.
Estou feliz por estar aqui, com a família dele.

Seu pai, era ainda mais sério que ele.
Me cumprimentou e poucas vezes falou.
Ele ria também de algumas coisas que sua esposa dizia sobre a infância de Jake.

- Ele não parava, tinha uma energia indescritível. - Helena fala.
- Foi para escola militar, fez aulas de luta, campeonatos... E mesmo assim, arranjava tempo para aprontar. - Ela acrescenta.

- Ele era gordinho, igual o Júnior. - Victoria fala.

Jake rir sem demonstrar incômodo nenhum.
- Não sou gordinho. Mamãe disse que eu sou forte! - Júnior exclama se levantando e mostrando seus "muques".

Todos nós caímos na gargalhada, mas eu não pude reparar no sorriso aberto de Jake.
Seus dentes alinhados e brancos.
Admiro como seus olhos quase se fecharam nesse momento.

Victoria era a mais nova dos irmãos, pelo que entendi.
Ela tinha 24 anos. Sim... A irmã mais nova de Jake, era mais velha do que eu.

- Vou pegar uma foto deles para mostra-la. - Helena diz se levantando.

- Oh, não. - Victoria reclama.

Ela volta de seu quarto com um álbum de couro. Helena se acomoda ao meu lado e começa mostrando o Jake quando era um recém-nascido.
- Que gracinha! - Eu sorrio e Jake também por ver cada reação minha.

Era branquinho, quase rosa.
Na segunda foto, ele já tinha uns 2 anos e também gostava de montar coisas, assim como o Júnior, que a propósito deve seguir a mesma área que o pai um dia.

Na próxima foto, Jake parecia inteiramente com o Júnior.
- São idênticos. - Opino.

- São mesmo. - Helena sorrir.

Reparo o narizinho e os olhos de Júnior, tanto o tamanho como o formato pertenciam ao Jake.
Até a forma de olhar, de se expressar...
Os lábios, no entanto, eram bem mais carnudos, imagino que seja da mãe, assim como a cor clara dos cabelos.

Noto que Jake me observava enquanto eu admirava seu filho brincando. Pisco várias vezes seguida, na intenção de disfarçar, mas é infalível.
Jake sorrir para mim com os lábios fechados e eu sorrio de volta.

Helena me mostra fotos de Victoria, que também eram bem gordinha, chupava chupeta na época e andava de Maria Chiquinha.

Começamos a comer assim que o pai de Jake conclui a primeira remessa de churrasco.

Confesso que na enorme mesa de sua sala de estar, eu fiquei sem jeito de comer com todos a minha volta.
A comida estava deliciosa e minha barriga roncava sem parar, apenas isso me deu coragem de continuar comendo.

Júnior não parava nem um minuto de falar, não me incomodava, sua voz era calma e baixa.
- Não fale de boca cheia. - Jake pede.

- Não está cheia, papai. - Ele retruca.
E realmente não estava.
Ele ingeria e só assim falava.

- Ele é muito espertinho. - Opino.

- Eu já sei ler, tia. Várias palavras. - Júnior fala.

- É mesmo? Parabéns. - Falo.

Reinventei VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora