Ódio

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Eu me odeio.

E odeio me odiar. 

Odeio ser incapaz.

Odeio a sensação que fica em meu coração.

Odeio ter esse medo que me afoga, me deixa oca e me sufoca.

Odeio não me sentir bem comigo mesma.

Odeio não ser melhor.

Odeio meus cabelos, olhos e braços.

Odeio meu corpo em cada espaço.

Odeio ser insegura, cansada e perdida.

Odeio não ser ativa em minha própria vida.

Odeio como minha mente não para de pensar.

Odeio quando não paro de me sabotar.

Odeio quando digo a mim mesma palavras horrorosas sobre o quanto sou insossa.

No entanto, que mais odeio, é saber que na realidade não me odeio. 

Que todo esse ódio por mim, não é meu: foi me dado. 

Foi dado por outros, que não me odiavam mas também não me amavam; mas sim me controlavam.

Espero um dia conseguir me amar, e se isso acontecer, ninguém me fará novamente vir a me odiar. 


imagem: Alegoria do triunfo de Vênus, Agnolo Bronzino

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Mariposas vagam a noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora