Sra. Dalloway

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Eu sei que a Sra tem medo. Eu também tenho. Ando nas ruas me escondendo, olhando os meus reflexos. Não temo morrer, me desespero em viver nessa mesmice. Comparo-me com os outros minha cara Dalloway, talvez se eu fosse mais bonita ou mais inteligente, ou talvez mesmo mais segura, alguém me ouviria. Ouviria e leria meus poemas, meus contos, meus escritos. Mas eles são pobres e rotos. Assim como quem escreveu. Todos parecem tão felizes. Na verdade, acho que são todos tristes. Minha doce senhora Dalloway, quantas vezes tu me disse para aguentar firme? Quantas vezes, batendo a cabeça pequena e molhada na cerâmica do banheiro, você me abraçou com palavras dóceis? Eu acreditei já que sempre fui tola. Hoje eu riria. Não sou incrédula, estou magoada. Ah minha amada senhora, não consigo sentir. 

Mariposas vagam a noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora