HORA 6
— Sângela vai casar! — Disse ao telefone para André enquanto eu estava a cominho da sala de aula. — Ela acabou de me ligar e me disse que o Alberto a pediu em casamento ontem à noite. Ela está aos pulos de felicidade.
— Nossa que bacana. Eu não sabia que o lance deles havia ficado tão sério. Alberto parecia ainda não decidir se aquietar.
— Já faz um tempo que ela vem me falando sobre os dois estrem indo bem. Mas ela está tão surpresa quanto você sobre o pedido de casamento.
— E quando será?
— Ela disse que ainda vão marcar. Mas ele parece desesperado para casar.
— E quanto ao nosso? Quando vai me dizer "sim"?
— André, você sabe que temos tempo.
— E você sabe que não quero perder tempo? Por que insiste em desviar do assunto?
Percebo que alguém está logo atrás sussurrando as mesmas palavras ditas no telefone. Ao me virar, vejo André com um sorriso largo e me olhando como um bobo.
— O que faz atrás de mim seu bobo? — Digo ao abraça-lo.
André, definitivamente era um homem surpreendente. Já se foram três anos de namoro e cada vez mais ele consegue ser imprevisível ao me agradar. São buquês de flores, mensagens de declarações, presentes com significados carinhosos. Eu o amo, e já falei a ele diversas vezes isso e a impressão que tenho é que nunca é suficiente.
— Adivinha quem vai ser padrinhos de casamentos da Sângela e Alberto? — Pergunto ainda agarrada ao abraço de André.
— Será maravilhoso está ao seu lado no altar. Assim você já ensaia para o nosso.
André não perde a oportunidade de me cantar e falar sobre casamento. Posso parecer o tipo de mulher insensível que não sonha com casamento enquanto André parece sonhar com isso. Mas a faculdade me consume bastante tempo, e logo depois de casar, sempre tem aquela velha pressão de família sobre ter filhos. Estou tentando adiar tudo isso por maior tempo possível. Fato!
(...)
Dia do casamento dos amigos
— Você simplesmente está linda! Deslumbrante! — Elogie Sângela que se olhava no espelho os detalhes do vestido longo e branco.
— Estou tão nervosa! Acho que vou desmaiar ao chegar no altar. Minhas pernas estão bambas. — Dizia Sângela parecendo a voz falhar de tanto nervosismo.
Toquei em seus ombros nus e a confortei.
— Você vai ficar bem. Esse homem te ama e te espera no altar. Tudo vai ficar bem e essa noite será maravilhosa. Acredite!
Sângela respira. Parece que finalmente suas bochechas voltam a ter cor depois das minhas palavras.
Meu telefone toca.
— Alô! — Respondo ao me distanciar de Sângela
— Querida, não tenho boas notícias! — Dizia minha mãe do outro lado do telefone.
— O que houve?! — Disse já assustada.
— Sua avó paterna! Não está nada bem! Preciso que venha. Se possível ainda hoje!
Meus olhos já lacrimejavam ainda com o telefone em meu ouvido. Sângela já percebe que acabo de ouvir algo ruim.
— O que houve Alice?
— Minha vozinha. Ela parece não está nada bem.
Infelizmente tive que sair às pressas e não tive a oportunidade de participar da cerimônia de minha amiga. André, quando soube do que houve, me ligou desesperado para saber o porquê de não ter avisado a ele sobre o acontecido. Ele disse que teria ido comigo. Mas achei que Sângela não merecia ficar sem um padrinho, já que a madrinha, por circunstancias ruins, se ausentou do dia mais feliz da vida dela.
(...)
Foram três horas de viagem e quanto mais olhava para o relógio, eu tinha a sensação de que nunca chegaria a belos montes. Porque quando se está apreensiva as horas parecem não passar? O caminho parece se alargar?
Minha vozinha era uma joia rara da família. Ela era delicada com as palavras. Tinha uma mansidão que acalmava qualquer coração. Chorei diversas vezes naquele colo quente quando Daniel, meu primeiro namorado, decidiu me deixar sem muitas explicações. Foi horrível aquele dia. Ainda lembro da dor que existia no meu peito e que as lagrimas que jorravam dos meus olhos pareciam cair sobre a ferida aberta do coração e o sal o fazia arder.
Mas quando finalmente cheguei na rodoviária em belos montes, meu querido pai, já me aguardava com um rosto apreensivo e cheio de tristeza. Desci do ônibus tentando parecer forte para qualquer notícia ruim, mas foi inevitável não abraçar meu pai e logo em seguida chorar.
— Vai ficar tudo bem, querida. — Dizia ele ao passar suavemente uma de suas mãos em minhas costas.
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O casamento dos tempos
RomanceChegou o grande dia. Foi tudo perfeitamente cronometrado e minuciosamente pensado. Havia flores por toda a pequena igreja. Pessoas apresentáveis para a ocasião. A família ansiosa e com sorriso no rosto. Havia o noivo apaixonado. Mas também havia uma...