11 | Maneiras Inimagináveis.

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Alexis.

Eu odeio a Aurora. Se um dia tive algum tipo de afeição por ela e senti que ela poderia ser uma boa amiga, eu estava completamente equivocada. É claro que ela não seria minha amiga, em que mundo eu nasci para pensar que uma menina rica seria minha amiga? Sério, eu me sinto tão idiota. E o pior de tudo é que minha mãe está jurando que Aurora é minha amiga, todos os dias quando chego do colégio ela pergunta sobre aquela garota e eu não sei como responder porque simplesmente não há respostas! Ela está no mundo dela e eu no meu, simples assim. Já se passaram duas semanas desde o ocorrido na minha casa e nós nunca mais nos falamos... não é como se a culpa fosse minha, eu não fiz absolutamente nada para magoá-la, mas ela fez tudo para quebrar meu coração e provar que não há ninguém bondoso nesta porcaria de escola. Mathias também nunca mais falou comigo, e resumindo a minha vida, fico sentada no fundo da biblioteca todos os dias para me distrair durante o intervalo que parece durar cinco horas seguidas... mas na verdade só tem meia hora de duração. É...

- Por que está sozinha aí? - escuto uma voz conhecida em meio a tantas estantes, e só ao olhar para frente vejo Nikki se aproximando de onde estou. O que ele quer, afinal? Não seria surpresa se estivesse aqui para também dizer que não quer ser meu amigo. Grande baboseira. E amizade existe hoje em dia? Eu estou me sentindo tão idiota. Deveria ter largado Aurora bêbada na frente da casa dela, porque foi exatamente assim que me senti quando ela falou que não queria ser minha amiga. Qual é o problema com os adolescentes de hoje em dia? Eu não entendendo, e tem sido muito intensivo ter que colocar meus sentimentos em dia com a terapeuta, porque no mesmo momento que digo estar bem e não me importar com Aurora, eu recaio nas lágrimas e passo a sessão inteira chorando como uma idiota. É exatamente isto que sou por me importar com uma pessoa que nunca se importou da mesma maneira.

- Por que acha que eu estou sozinha, Nikki?

- Não faço a mínima - ele puxa um puff e se joga a alguns passos de distância de mim. O que ele quer aqui? Eu não quero conversar com ninguém, não quero ter que fingir isso tudo de novo - o que está lendo?

- Romance.

- E qual o nome do livro? Eu gosto de ler, mas não costumo fazer isto no colégio, prefiro conversar enquanto estou aqui já que em casa não tenho ninguém com quem conversar.

- Não?

- Não - ele estica as pernas e as coloca em cima de outro puff. Aqui é lotado de puffs, acredito que ocupe menos espaço e também são confortáveis - meus pais não ficam em casa e meu irmão tem dois meses, então não tenho com quem conversar.

- Você tem um irmãozinho? - sorrio, imaginando um bebê mais ou menos parecido com Nikki. Deve ser uma graça. Eu amo bebês, crianças são a melhor espécie do mundo e eu sou capaz de provar se for necessário- eu sempre quis um irmão mais novo, mas meus pais não quiseram já que na primeira gravidez já vieram gêmeas.

- Eu nunca tinha pensado sobre irmãos, e já estava ciente de que isto nunca aconteceria já que eu tenho dezessete anos e meus pais nunca falaram sobre isto... mas aí minha mãe engravidou e eu fiquei radiante quando descobri que seria um pequeno carinha - ele sorri enquanto conta sobre sua experiência, e pela primeira vez na semana eu me permito sorrir em admiração - o nome dele é Luke, e se você e Alice quiserem eu as levo para conhecê-lo.

- Sério? Eu quero - admito. Faz tanto tempo que não vejo um bebê de perto... toda a minha família mora nos Estados Unidos, então meus primos pequenos estão todos por lá e eu sinto falta de pega-los e sentir o cheirinho de bebê - se Alice aceitar, claro.

Eu Ainda Me LembroOnde histórias criam vida. Descubra agora