28 • Gosto de Quando Fala Meu Nome.

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Aurora

Uma semana depois

Finalmente empregada!
Arrumei um emprego em uma livraria bem perto do café onde Alexis trabalha, acaba que todos os dias saímos para almoçar juntas e isso tem me feito muito bem, e pra ela também, acredito. Mathias continua emburrado, e mesmo raramente o vendo em casa, as vezes sou obrigada a suportar quando ele chega completamente bêbado em casa e puxa Alexis para o quarto... e então uma hora depois ela aparece abatida e não quer mais conversar sobre nada, só senta no sofá e fica encolhida assistindo alguma porcaria enquanto eu tento apaziguar o clima. Aquele cara é podre! Completamente podre. Vou me arrastando pela rua até finalmente encontrar Alexis encostada na parede do restaurante onde costumamos comer, e mesmo com o cabelo tão bagunçado e a expressão de cansaço eminente, ela é a coisa mais linda que já vi - continua sendo desde a adolescência.

Aproximo-me silenciosamente para que ela não me veja e eu consiga fazer uma surpresa, mas assim que me vê, Alexis enterra as mãos dentro do meu casaco e me abraça firmemente contra ela. Ela parece... cansada, mais do que o comum. Seguro-a firme e ignoro os olhares de curiosidade na nossa direção. Hoje é véspera de Natal, as ruas estão bem cheias de pessoas querendo comprar presentes a seus parentes. Eu comprei um presente para Alexis pra me redimir de tudo, mas principalmente do nosso passado turbulento. Quero recomeçar, e é por isto que agora estou morando no Canadá, já é um ótimo começo estar vivendo no mesmo país e sob o mesmo teto que ela. Mas todos os dias vivo a tortura que é ter que escutar Mathias a usando, ele é tão...

- Podemos ir embora?

- Uhum...

Hoje as lojas fecham mais cedo por ser véspera de Natal. Tiro meu cachecol e passo em volta dela, guiando-a para o meu carro que sempre deixo estrategicamente estacionado em frente do café onde ela trabalha para que, caso chova ou tenha uma tempestade de neve, ela não pegue friagem. Alexis está com uma gripe ferrada, hoje de manhã estava com trinta e oito graus de febre e se negou a faltar no trabalho, mas agora teremos vinte dias de férias pelo que vi. Alice marcou para irmos até a casa dela hoje ajudar com as decorações de Natal, a ceia acontecerá lá e tudo precisa estar bonitinho e arrumado para amanhã. Eu estou ansiosa, meus natais nunca foram animadores, nem mesmo quando estava no Reino Unido foram legais... quero vivenciar um Natal mágico para finalmente entender por que as pessoas gostam tanto dessa data. Meu pai sempre odiou datas festivas, então quando eu ainda morava com ele no ensino médio, nunca tivemos um Natal decente com família e presentes. Nós geralmente íamos a eventos beneficentes e fingíamos ser uma família feliz na frente dos holofotes, mas por dentro eu era uma adolescente frustrada que não entendia por que só eu não ganhava presentes nessa época do ano. Eu não espero ganhar presentes esse ano, até porque não estarei com a minha mãe e nem muito menos junto com a minha família, mas quero participar ainda sim. Alexis me convidou para ir junto com ela e eu com toda certeza irei, nunca desperdiçaria um pedido como esse.

Viemos o caminho todo em silêncio, Alexis não está em clima de conversas, o que é mais do que coerente já que está queimando de febre ainda. Assim que entramos na casa da Alice a encontramos pendurada em uma escada com mil bolinhas coloridas nos braços enquanto as pendura nos galhos da imensa árvore que quase ocupa a sala inteira. Sorrio com o exagero dela, ela sempre foi assim. Alexis vai direto para o sofá, tira os sapatos e se encolhe debaixo da manta azulada estendida entre as almofadas. Passo por ela e vou até Alice conferir se precisa de ajuda com as bolinhas, então me deparo com o "impossível", ela está vestindo um moletom idêntico ao de Alexis, as duas estão idênticas hoje.

Eu Ainda Me LembroOnde histórias criam vida. Descubra agora