. . . 𝕾/𝗻 𝖂𝗼𝗹𝗹𝗶𝗻𝗴𝗲𝗿.
Eu amava moletons. Cheiros agradáveis, confortáveis, bolsos quentes e diversas cores maravilhosas. Não havia pontos negativos nessa peça de roupa, pelo menos até agora.
Já esse moletom era quente como o inferno. Ele era agradável, temperatura perfeita claro, como todos os moletons, mas o cheiro dele, a sensação quente que abraçava meu corpo como se o verdadeiro dono estivesse lá.
Céus, ele havia jogado uma praga nesse moletom.
É a sensação de estar com algo que não te pertence, e essa coisa faz questão de te lembrar disso, só que de um jeito bom. Talvez eu estivesse profundamente apaixonada no moletom de um desconhecido, principalmente no cheiro dele.
Definição do cheiro? Novamente, quente como o inferno. Hortelã era esbanjado em todo o colo da roupa, o capuz tinha um cheiro de baunilha suave, e a gola um cheiro amadeirado de perfume masculino. O modo como os três aromas combinavam era incrível, talvez o cara dos olhos verdes fosse incrível.
— Terra chamando S/n. — Florence me empurra. — Você pode repetir por favor. Tenho quase certeza que ouvi coisas.
— Não ouviu. — levanto do banco. Estávamos no vestiário, após todo o episódio azarado e vergonhoso eu corri para o clube, inventei que passe mal no caminho, fui liberada do jogo e agora estou aqui, tomando banho pra tirar a o odor péssimo que eu devo estar.
Enquanto eu tomava banho, Florence fazia a gentileza de separar minha roupa suja e arrumar peças limpas para eu vestir
— Vou falar pela última vez. — digo um pouco alto para que ela entenda claramente mesmo com o ruído do chuveiro. — Parei um estranho na rua pra ele comprar um absorvente pra mim porque minha calça tava toda manchada. — pela primeira vez no dia eu paro pra pensar no que aconteceu. — Meu Deus eu me odeio, que vergonha.
— Ele era bonito? Por favor diz que era bonito.
Não preciso nem me virar, conheço Florence o suficiente pra saber que a mesma está sorrindo maliciosamente agora.
— Você é hilária. — deixo minha cabeça pairar sobre a água escaldante do chuveiro, sentindo meus músculos relaxarem.
— Fala sério, você está vivendo um filme! — exclama animada.
— Tenho que dizer que o começo do filme é péssimo afinal quem é azarado o suficiente ao ponto de sair de branco e menstruar sem nada. — resmungo.
— Exceto você, claro. E aí conhece um cavalheiro, meio rude devo dizer, que te ajuda nessa situação. — suspira. — É o plot twist perfeito! — tinha me esquecido do quão romântica Florence pode ser.
Toda essa história de ler os romances clássicos e filmes de boa recomendação ela se tornou uma guri do amor. Não vou discordar, a forma como toda essa história ocorreu foi bem semelhante à de um livro.
Droga, esqueça isso, é a vida real falando. Balanço a cabeça e saio de dentro da cortina do chuveiro.
Avisto Florence sentada em frente aos armários do vestiário olhando o celular rindo de vídeos de gatinhos. Sorrio e pego a roupa que ela havia separado para mim.
Depois de me vestir, desembaraço meu cabelo e chamo Florence pra ir embora. Antes que ela perceba visto rapidamente o moletom do garoto por cima de minha blusa. Se eu tivesse que devolver ele, eu o aproveitaria o máximo possível.
𝕿𝗿ê𝘀 𝗱𝗶𝗮𝘀 𝗱𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀
— Anda S/n, você vai nessa festa sim!
— Mas Flore, só vai ter gente chata. — me jogo na cama.
À mais ou menos uma hora ela vasculhava meu guarda-roupa enquanto tentava me convencer à ir na festa ridícula dos investidores do meu pai.
Festas de negócios eram entediantes, o propósito era literalmente falar de negócios. Quem foi o responsável por inventar a ideia de fazer uma festa para negociar? Isso sequer faz sentido.
— Vai ter comida e bebida. — tenta me convencer.
— Esqueceu que eu sou de menor? — lembro a dos costumes americanos idiotas que minha família adotou antes de vir para cá.
— Legalmente, no seu país de origem da Alemanha e aqui na França, você já pode consumir bebida álcoolica. — recita. — E não é como se você nunca tivesse enchido a cara.
— É, só que dessa vez é na frente do meu pai e eu não vejo ele a meses. — justifico. — Sem contar que amanhã é sábado e eu vou aproveitar pra colocar o treino em dia e as teses da faculdade também. — continuo. — A propósito, se em um futuro distante eu escolher qualquer profissão que envolva desenhar me interne. A faculdade de arquitetura está me matando.
— Não consegue arquitetar nem sua vida e quer arquitetar uma casa, cruzes. — sussurra mas eu escuto, o que resulta em almofadas voando em sua direção. — Aí tá! Parei, agressiva.
— Passiva, ok? — sorrio.
— Não vai desistir, certo?
— Não não vou. — sorri em minha direção. — Porque se eu vou pra acompanhar meus pais, você também vai.
Desisto de me contrapor e espero que ela ache o vestido que procura.
— Você ainda não devolveu isso? — tiro os olhos da tela do computador e noto a peça em suas mãos. O moletom. Esses dias passaram tão corridos que eu mal me lembrei de devolver.
Isso é mentira, uma grande mentira. Eu estaria sendo uma mentirosa se não dissesse que durmo vestida com ele toda noite.
Eu gostava do tecido dele, amava o cheiro dele. Eu possuía dezenas de moletons mas nenhum era igual o dele.
Acho que no fundo eu não quero devolver, talvez isso seja a única lembrança do garoto que eu terei.
— Nossa, esqueci que ele estava aí. — minto e dou os ombros
Florence me analisa. — Esqueceu nada! — acusa. — Você gosta dele. Aí meu Deus, você usa ele? — me olha. — Claramente isso ainda não foi lavado por que... Você gosta do cheiro dele! Aí meu Deus, você vai viver um romance com o garoto do absorvente!
— Sério, não chama ele assim. — reviro os olhos. — Usei poucas vezes, tá? Agora anda logo com isso e escolhe a droga do vestido. — mudo de assunto.
Eu jamais assumiria que gostava de estar com o moletom do garoto do absorvente.
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google pesquisar: como ir pro pará modo rápido e fácil 😏
festa de investimentos, problema de gente rica
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𝗮𝗯𝘀𝗼𝗿𝗯𝗲𝗻𝘁 ! 𝗍.𝖼𝗁𝖺𝗅𝖺𝗆𝖾𝗍. ✓
Fanfiction𝐀𝐁𝐒𝐎𝐑𝐁𝐄𝐍𝐓 ꒱ 222. 💌 𝗍𝗂𝗆𝗈𝗍𝗁𝖾𝖾 𝖼𝗁𝖺𝗅𝖺𝗆𝖾𝗍 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇. ﹙𝗈𝗇𝖽𝖾 𝗌/𝗇 𝗐𝗈𝗅𝗅𝗂𝗇𝗀𝖾𝗋 𝖺𝖻𝗈𝗋𝖽𝖺 𝗎𝗆 𝖽𝖾𝗌𝖼𝗈𝗇𝗁𝖾𝖼𝗂𝖽𝗈 𝗇𝖺 𝗋𝗎𝖺 𝗂𝗆𝗉𝗅𝗈𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗅𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗉𝗋𝖾 𝗎...