Corro o mais rápido possível na direção do campo. A cada fração de segundo que passava eu tinha certeza que Timmy chutaria minha bunda.
19:37
Quando foi que essa extensão se tornou tão grande? Eu não tinha dúvidas que estava correndo a dez minutos e não estava nem perto de chegar no destino.
19:39
Por que será que Joseph me odiava? Uma explicação do porquê ele me manteu na quadra até o último segundo salvaria meu relacionamento.
19:41
Eu deveria culpar Florence também. Se não tivesse choramingando no meu ouvido o caminho inteiro até o jogo, eu chegaria cedo e Joseph provavelmente não teria me mantido em cativeiro até o último horário.
19:43
— Cheguei! — grito quando avisto Timothée sentado em cima de uma toalha xadrez vermelha e branca com algumas comidas em cima.
— Atrasada como sempre. — resmunga.
Pulo em seu colo deixando cair o médio embrulho que estava em minha mão, e encho seu rosto de beijos.
— Mil desculpas Timmy. — beijo-o novamente. — Ajuda dizer que a culpa é do Joseph e que sua namorada realmente esta tentando ser pontual?
Namorada, um substantivo trivial se me permite. Depois da tarde onde supostamente eu teria parado de ignorar Timothée e aceitado que provavelmente nascemos pra ficar juntos, comemoramos, uma ocasião que não necessita de comemoração. Spoiler? três dias depois estávamos como coelhos juntos e muito juntos. Exatamente nos dois sentidos.
— Eu te perdoo se me der mais um beijo. — sorriu travesso e eu o beijo.
Na tarde de hoje, exatamente à uma hora atrás, fizemos nove meses de namoro, e como o esperado eu adiei minha vinda para cá até o último minuto. Timothée sabia que namorando comigo estaria levando todo um pacote de perfeição, e sabia que nesse pacote faltava pontualidade.
Sentados a noite, na pequena toalha xadrez coberta de guloseimas e um notebook, observamos o céu, já estrelado, de Paris em frente a Torre Eiffel. Como no nosso "primeiro" encontro. Toda vez que completamos um mês de aniversário de namoro, sentamos em frente à Torre, comemos e assistimos à Diário de uma paixão, eu deveria falar isso com Timothée, não aguento mais esse filme.
— Eu termino com você agora se me disser que vamos assistir Diário de uma paixão de novo. — saio de seu colo
— Achei que fosse legal. Sabe, nossa tradição. — dá os ombros.
— Ai Timmy, era um filme legal antes de assistirmos ele nove vezes. — confesso. — Podemos ver algo diferente hoje? — imploro. — Por favor.
— O que eu não faço por você, hein. — reclama e passa o dedo em cima da cobertura de chocolate do bolo.
— Como foi o dia hoje no estúdio? — pergunto me ajeitando em cima da toalha para que ela ficasse estendida.
— Bem, auxiliei em um ensaio fotográfico importante e organizei os portfólios. Além de que, pelas minhas fontes, o dono do estúdio olhou e ficou satisfeito com minhas fotos. — abre um largo sorriso.
— Fico feliz por você amor.
— E o estágio? Os jogos no clube? — ajeita o notebook em seu colo.
— O estágio tá indo bem também. Fui promovida, de estagiária que serve café pra estagiária que anota plantas de estabelecimentos. — gargalhamos. — Os jogos estão indo bem, é bom ter um hobby nisso tudo.
— Achei que dormir comigo fosse seu hobby. — ergue a sobrancelha.
— Não vou nem te responder, Chalamet. — reviro os olhos. — A propósito, feliz nove meses de namoro. — estendo o pequeno embrulho.
— Achei que esse mês fosse sem presentes. — pega o pacote e chacoalha levemente.
— Eu sei, mas enquanto estava no shopping com Florence e a namorada do Tom, achei algo que você pudesse gostar. — sorrio. — Anda abre.
Sorridente, ele rasga o papel do embrulho e abre a mediana caixa.
— S/a, isso é... — me olha surpreso.
— Surpresa. — digo animada.
Entusiasmado ele examina a câmera polaroid preta recém tirada da caixa. No passeio no shopping passei em frente à uma loja de variados e encontrei uma linda câmera, a cara de Timmy.
— S/a, eu não sei nem como agradecer sério. — me olha. — É linda.
— Essa não é a melhor parte. — aponto para a câmera. — Olha dentro do filtro dela.
Curioso, ele passa o indicador pelo filtro e retira uma pequena fotinho preta e branca.
— Somos nós? — pergunta.
— Não não, são nossos irmãos gêmeos. — digo óbvia. — É claro eu somos nós bobo. Foi do nosso último aniversário. Mês passado.
Na foto polaroid estávamos eu e Timothée abraçados, sentados na grama, sorrindo em frente a Torre Eiffel.
— Eu te amo.
— Eu também te amo. — deposito um selinho em seus lábios. — E vou te amar mais ainda se não assistirmos Diário de uma paixão e se você pagar o meu absorvente desse mês.
Rindo e felizes, comemos um pouco da comida e deitamos para ver o novo filme. À um ano atrás eu jamais imaginaria que estaria em um lugar especial, num aniversário de namoro, com o garoto que eu abordei na rua pra comprar absorvente.
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