6 - O fim de Britânia.

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Ano 1050 - Inglaterra.

Levantei da cama sentindo aquela aflição horrível pelo dia que seguiria, encarando esse rosto sem liberdade, em frente a um espelho antigo que recebi do meu futuro pretendente. O Príncipe da França tinha seus métodos diferentes para agradar as pessoas que queriam casar com ele, mas nesse caso eu não tinha escolha.

A Inglaterra estava fria essa noite. Caminhei em passos lentos enquanto sentia o gelado do chão, esse castelo sempre foi frio. E parecia ainda mais frio em noites ansiosas.

Hoje à noite era um dia insuportável que pensei que nunca iria reviver.

Meu pai dizia que eu poderia escolher o amor, que eu poderia ser feliz. Quando o sol estava mais quente e o frio se tornava menos insuportável, da minha terra vieram quatro damas da corte para me arrumar para o casamento à noite, a tarde inteira com detalhes superficiais para me deixar linda.

O palácio estava cheio, todas as pessoas entraram.

 Aquele homem que um dia me encontrou no mercado, prometeu que me teria. Eu lutei com todas as forças para impedir isso, mas não consegui. Lembrei do que ele tinha dito pra mim: "Quando você for minha, não vai sentir nenhum prazer com isso. Vou te penetrar todas as noites com tanta força que vou deixar suas pernas bambas e sem poder sentar por semanas."

 Eu tentava buscar uma saída para minha mente, no asilo da imaginação de quando era criança e vagava pelos campos floridos onde o jardineiro Augusto estava, ele era tão lindo e seu corpo era tão esbelto. Sonhei com o dia em que poderia ter um casamento de conto de fadas com ele. Mas a vida agora era diferente, agora eu estava prometida para o Príncipe herdeiro da França. Pelo menos assim eu seria uma rainha.

Enquanto olhava para o espelho, percebi que minhas damas de corte ainda não tinham entrado pela porta. Ouvi passos e gritos vindos da rua, olhei pela janela e vimos que estávamos sendo atacados. As muralhas estavam cheias de homens.

 Eu sabia que, se fosse pega, teria um destino ainda mais cruel me esperando, então pedi às minhas empregadas que preparassem um banho quente para mim. A notícia da derrota era iminente, o cerco já durava alguns dias, mas eu não sabia de nada. A esperança de um exército do príncipe chegar era uma boa notícia, mas descobri que era apenas uma cortina de fumaça para seus exércitos avançarem. Provavelmente, ele estava no comando. Olhei para elas e disse: "Assim é melhor, Helena, Sophia, obrigada por ficarem comigo. Esta é a morte que eu desejo, não desejo ser envenenada, prefiro morrer pelo sangue."

"Mas, senhora, os homens fariam isso. Se cometer isso, não herdará o reino dos céus."

"Será assim, melhor do que morrer nas mãos de homens. Eles já tiveram controle demais sobre mim. Quero que vocês mantenham silêncio sobre isso até eu cometer o ato. Estão me ouvindo?"

"Sim, senhora."

 A princípio, a dor foi agonizante, mas era ainda mais triste ver toda a banheira cheia do meu sangue. Meus pulsos foram cortados. Então adormeci suavemente, esperando pelo meu fim. De repente, tropecei e estava de volta ao castelo me arrumando. Olhando para o mesmo espelho.

 A carta do príncipe estava ali na mesa, parecia que eu tinha voltado no tempo. Não sabia o que estava acontecendo, até que os muros foram cercados novamente e me vi na banheira cometendo os mesmos atos. Ciclos infinitos, até desistir disso. Fui morta por eles, cinco guardas entraram no castelo e me violentaram até eu não sentir mais meu corpo. Mas foram as mãos no meu pescoço que me sufocaram até a morte.

 Então a carta estava em minhas mãos novamente. Não sabia o que estava acontecendo. Até encontrar respostas, desci pela janela com uma grande cortina que havia ali. Consegui evitar os guardas.

 Mas estava perdida na floresta e, de repente, senti uma picada nas costas. Ao olhar, percebi que uma cobra havia acabado de me morder. Pouco a pouco, minha vida foi se esvaindo.

 Então, novamente, estava vendo a carta do príncipe.

 Que tipo de jogo estava acontecendo? Tudo era real? Até que percebi que havia uma opção, um ponto de interrogação. Sabia que tinha visto isso em algum lugar.

"Aperte aqui para sair."

Toquei levemente para ver o que acontecia, abri meus olhos e vi pessoas com roupas diferentes. Até que um homem com uma vestimenta que eu nunca havia visto disse: "E aí, como foi a viagem? Essa droga era potente, né?"

"Onde eu estou?! O que aconteceu?!"

 O desconforto começou a me invadir ao perceber que não apenas homens estavam ali, mas outras criaturas com aparências distintas. Meu olhar expressava medo e eles olhavam intensamente para mim. Então, decidi correr para a rua, e tudo ao redor ficou escuro. Enquanto observava meu corpo, uma figura que nunca havia visto antes passou por mim, deixando minha mente em turbilhão.

 Quando abri meus olhos novamente, percebi que estava dentro de uma grande cúpula. Tudo ao redor estava escuro, e fios estavam conectados à minha cabeça. Eu não conseguia me mover, não conseguia enxergar, tudo estava tão escuro...


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