obra de arte

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"Meus dias são consumidos por essa saudade impotente de você, e minhas noites são crivadas de sonhos insuportáveis... Eu quero você. Eu quero você com fome, freneticamente e apaixonadamente. Não apenas o você físico, mas o seu companheirismo, a sua simpatia, os inúmeros pontos de vista que compartilhamos. Eu não posso existir sem você, você é minha afinidade, o "pendente" intelectual para mim, meu espírito gêmeo."

Carta de Violet Trefusis para Vita Sackville-West (1918).


MUNDO NEPENTHE

Já era a terceira noite que Emma passava acordada graças a sensação vívida e inesquecível dos lábios de Regina sobre os seus, os beijos da morena ficaram gravados em sua mente e corpo desde a madrugada que passaram juntas. Ela era incapaz de esquecer de como foi ter a mulher em seus braços, por baixo do seu corpo e enrolada a ela durante toda noite.

Mas, como dito por Regina assim que amanheceu há três dias: foi algo de uma única noite e elas precisavam esquecer daquilo.

E, ela tentou. Emma tentou seguir em frente, voltar agir como antes e esquecer. Porém, até hoje, principalmente quando chega a noite e Regina está ao seu lado na cama, ela só conseguia pensar em como gostaria de reviver tudo daquela madrugada.

Regina voltou a dormir longe dela e virada de costas. Ela gostaria muito de saber como a morena conseguia dormir tão facilmente. Apesar de aconchegante, aquela cama passou a ser fria demais agora que elas estavam longe dos braços uma da outra. Talvez Regina estava certa, foi algo de uma única noite e ela tinha que entender isso.

Um dia ela iria superar aqueles beijos e aquela quentura, quem ela não poderia perder era Regina. A feiticeira ficou estranha com ela nos últimos dias, enrolando mais as suas falas, sempre procurando algo para fazer que não a envolvesse e fugindo de muitas conversas. Regina se afastou tanto que até tempo de treinar luta com Zelena ela teve. Mas, ainda havia momentos, quando elas eram guiadas pelo costume, que a conversa entre elas voltava a fluir com facilidade, até, claro, Regina se afastar de novo.

Então, ela preferia esconder todo esse sentimento para ela do que perder a amizade que tinha com Regina. Ficava difícil com a mulher ao seu lado, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Porém, não tinha muito o que ela podia fazer.

Sabendo que não ia conseguir dormir de novo, resolveu pelo menos sair daquela cama de tortura. Não seria aquele colchão frio que a faria esquecer das coisas facilmente.

Emma tentou levantar devagar e ela pensou não ter feito nenhum barulho, mas, assim que estava indo em direção à porta, escutou um corpo se mexendo na cama.

— Emma? — Regina a chamou em um sussurro, fazendo a loira se virar na sua direção.

— Desculpa, não queria te acordar. — Emma foi sincera, se aproximando da cama para poder enxergá-la melhor.

— Está tudo bem? — Regina perguntou, preocupação em sua voz enquanto se levantava para sentar-se sobre o colchão. Se Emma pudesse deduzir, também não parecia que a morena havia adormecido ainda.

— Sim, eu só não consigo dormir. — Emma tentou aliviar a preocupação da mulher. — Estava indo espairecer a mente.

Regina a olhou com mais dúvida ainda e passou a encarar a sua feição. — Você parece muito cansada. Está tendo pesadelos de novo?

Emma negou com a cabeça, não eram os pesadelos que a mantinham acordada durante a noite exatamente. — Eles sempre vêm, mas eu estou conseguindo acordar antes.

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