segunda tentativa

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"Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e enlouquece-me! Não me deixes só, neste abismo onde não te encontro."

— Emily Brontë, O Morro dos Ventos Uivantes.


— Qual mensagem?

Rafael a encarou, percebendo a mudança no humor da morena. — Ela pediu para dizer que não pôde vir hoje porque a sua avó teve um problema de saúde. Mas ela te espera amanhã, na casa dela e com os remédios — disse e estendeu um papel para ela. — Aqui está o endereço dela.

Regina pegou o papel com os olhos quase brilhando, era a chance dela de finalmente conhecer a casa da loira. — Muito obrigada, Rafael.

Ela ia saindo, quase pulando de felicidade, quando o coordenador a chamou pela última vez. — Regina?

— Sim? — respondeu, ainda segurando na maçaneta da porta e contendo um sorriso gigante nos lábios.

— Você não está vindo aqui e comprando coisas para avó de Emma só por causa dela, está?

— Sabe, Rafael — Regina confessou antes de sair pela porta.— Pela Emma, eu faria qualquer coisa em todos os mundos. 

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NOSSO MUNDO

— Você acredita que vai ficar bem?

Regina sabia que havia várias outras questões contidas nessa única pergunta da sua amiga, mas já deveria estar preparada para qualquer coisa que poderia acontecer com essa visita. Sabia que havia chegado a um ponto que não tinha mais volta. Apesar de estar na completa escuridão sobre o que vai fazer para tentar trazer a memória da sua esposa de volta, estar de frente a casa dela já era um passo, e um passo muito grande que ela não esperava em tão pouco tempo.

— Eu vou, Ruby. Vai tudo ocorrer bem, eu sinto isso — disse mais para ela mesma do que para a ninfa, ainda se sentindo nervosa por estar na calçada de Emma.

— Pegue isso. — A pupila entregou-lhe um pedaço de papel. — É o nosso endereço daqui. Entregue a Emma, para ela saber qual é a nossa localização certa nesse mundo. Quando você quiser voltar, peça para ela te levar exatamente nesse lugar.

— Tudo bem. Obrigada — agradeceu, mas antes que pudesse soltar um pequeno sorriso, percebeu o olhar de preocupação nos olhos verdes a sua frente.

Regina sabia bem as preocupações que passavam na mente da ninfa agora, eram as mesmas que a enchia de medo sempre que Ruby saia pela noite para conhecer a cidade e, em muitas das diversões dela, ganhar dinheiro. A ninfa poderia ser mais forte do que qualquer ser humano, mas esse mundo parecia ainda mais perigoso e cruel. Mas, para elas, não havia muita escolha a não ser continuar enfrentando essa realidade até que pudessem voltar para Nepenthe — não que lá estivesse melhor.

— Eu não vou sair daqui sem Emma, não se preocupe. Nem que ela me coloque para fora. O que não vai acontecer, porque vou deixar ela guiar nossas conversas para não haver desentendimentos. Você pode acreditar nisso por mim?

Depois de morder o lábio inferior ainda apreensiva, a ninfa suspirou fundo e concordou com a cabeça. Regina a agradeceu sorrindo e logo a abraçou carinhosamente.

Toda aquela vizinhança era repleta de casas pequenas e com estruturas diferentes, mas as paredes laterais e externas pareciam estarem juntas uma da outra, quase colando vizinho com vizinho. A rua era meio deserta e um tanto cinza, mas Regina tinha que confessar que era melhor que a rua do seu apartamento nesse mundo.

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