We are going to have a baby

•Ameaças, notícias e dor •

–Alo?

–Alo, S/n?

–Ela mesma, quem fala?

–Meu nome é Patrícia sou noiva da Billie, acho que você vai querer me encontrar, precisamos conversar.

–Olha moça eu não quero..

–Eu não vou defender a Billie ou qualquer coisa do tipo, preciso de verdade conversar com você.

Eu realmente não estou no melhor momento para aturar noiva ciumenta e nem sustos.

Mas talvez seja uma boca conversar com ela, saber o que ela tem a dizer sobre Billie.

–Tudo bem, me encontra na brezza e profumo, sabe aonde fica?

–Sei sim, te encontro lá às seis.

–Ok.

A ligação foi encerrada e isso foi realmente uma boa ideia mesmo?

Zoe provavelmente me mataria se soubesse, então ela não pode saber.

...

Me sentei na mesa próxima a janela, a vista do lado de fora é perfeita. A cidade grande, as pessoas passando, os carros em perfeita sincronia.

E era encantador ver as pessoas se esbarrando e não voltando para pedir desculpas, ou as crianças gritando por algo que não me importa.

–Oi! –uma mulher ruiva falou me tirando daquele coma.

–Olá..

Ela se sentou a minha frente e seus olhos verdes me acompanharam estender a mão para cumprimentá-la.

A ruiva apertou minha mão gentilmente e eu pude ver seus delicados detalhes, as sobrancelhas bem definidas e desenhadas, os lábios cobertos por uma camada fina de batom vermelho, um colar de pérolas, e um olhar angelicalmente adorável.

–Meu nome é Patrícia..–ela quebrou o silêncio que havia se instalado entre nós apenas para que ela pudesse se sentar de forma confortável na cadeira.

–Você já sabe o meu–sorri sem mostrar as dentes.

Por mais que ela pareça gentil e meiga, meu instinto nunca me faz ser gentil com pessoas novas e sempre desconfiar do desconhecido me salvou de muitos golpes.

–Como eu disse não vim aqui para servir de advogada de defesa da Billie e muito menos dar uma de noiva sustada –ela fez uma pequena pausa para tirar um papel de sua bolsa de couro francês –Esses são meus exames de sangue, feitos a mais ou menos um mês.

Peguei o papel deixando na mesa e antes que eu pudesse romper o lacre que havia sido colocado novamente ela falou:

–Eu estou grávida de Billie.

Sinceramente ouvir péssimas notícias te dá uma nova perspectiva sobre o ambiente, como o som das xícaras de vidro se chocando em uma mesa ao nosso lado, ou talvez a pressão que esse vestido está fazendo em meus seios. Como tudo fica em câmera lenta e você não sabe o porquê, o gosto amargo que se instala em sua boca instantâneamente após ouvir as palavras que surgem como um ponto de ruptura da realidade para uma alucinação sem fim.

Meus olhos piscando de forma pesada e lenda e meus lábios que não conseguem se mover, ou o papel em minha mão que eu mal consegui terminar de abrir. O coração acelerado, e as mãos trêmulas, a respiração que começa a ofegar como se eu fosse parar de respirar a qualquer momento, o ardor em meus olhos assim que os abro a sede insistente a segundos atrás e a falsa falta de gravidade que me faz ter a sensação que eu estou flutuando.