Valentine, covinhas e olhos cintilantes ⤸

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Alien:

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Alien:

Dois dias depois do acontecimento da cozinha, Jungkook não voltou a falar comigo novamente. As vezes eu o observava enquanto almoçava debaixo da mesma árvore que almoçamos juntos dois dias atrás, ou quando ele estava sentado no banco ao lado da sala da diretora enquanto rabiscava algo em uma caderneta. De vez em quando seus olhos capturavam os meus olhares curiosos e, como havia me acostumado, ele sempre fugia.

Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser nos dentinhos de coelhos avantajados e bem cuidados de Jungkook, em seus fios pretos caindo sedosamente como lã sobre seus olhos fascinantes. Meus desenhos eram resumidos em rabiscos de cogumelos, fadinhas e pinturas de estrelas e planetas que eu apreciava - mas nos últimos dois dias, meus lápis só conseguiam concluir uma única linha, os traços dos olhos de Jungkook. Eu não tinha uma imagem clara dos traços do rosto, mas com o que me foi permitido visualizar fora o suficiente para seu rosto invadir meus sonhos. 

Lábios vermelhos e bochechas rosadas

Diga que você vai me ver de novo

Mesmo que seja apenas em seus sonhos mais loucos, 

Sonhos mais selvagens, 

Eu disse: "Ninguém precisa saber o que fazemos"

E sua voz é um som familiar

Nada dura para sempre, mas isso está ficando bom agora

A manhã se sucedeu tranquila, sem traquinagens e zombarias vindas de Alberto - eu achei por um momento que ele desejaria se vingar -,  nem de outros adolescentes. Nenhum deles pareceu interessado em me conhecer e fazer amizade, se mantiveram longe. Eu não me importo, de verdade. 

Era hora do recolhimento para o pátio principal, logo após o horário de almoço, quando decidi subir as escadas do lado oposto do orfanato ao que as outras crianças seguiam. Meu caderno de desenho debaixo dos braços e meus fones ao redor do meu pescoço enquanto a melodia do meu jazz preferido soava, fazendo-me fechar os olhos e relaxar.  Era incrível como a música invadia cada parte do meu corpo, levando consigo qualquer dor.  Era como se eu estivesse numa saleta em tons claros de roxo confortantes, sentado em um sofá, aquecido pela lareira e com um bom jazz ecoando pelo saxofone. 

Quando abri meus olhos para enxergar o caminho, decidi adentrar a biblioteca que até então era desconhecida para mim.  Caminhei em passos leves para não causar barulho no silêncio ensurdecedor daquele lugar, mas parecia vazio - a não ser por alguém sentado na mesa ao fundo, e, imediatamente identifiquei a figura estática à medida que me aproximava, era o menino do desenho de borboletas. 

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