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Pov Lana

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Pov Lana

Passando-se quase duas semanas desde a morte de Sam, as últimas marcas que ele deixou em meu corpo são praticamente invisíveis agora graças ao tempo e a todo cuidado que Jennifer teve todos os dias comigo, se desdobrando ainda mais do que de costume.
Saímos um pouco mais cedo do trabalho pois era o dia em que eu buscaria o resultado do teste de DNA.
Jen me acompanhou até que eu entrasse no laboratório, pegasse o envelope branco e saísse.
Não quis abrir enquanto não chegasse em casa, minha mente borbulhando a todo momento mesmo tendo quase certeza daquele resultado.
Sam não teria motivos para mentir afinal.

Me escoro no corpo dela enquanto ainda estamos no elevador e logo chegamos no nosso andar. Deixo minha bolsa sobre a mesa e caminho até a sala com Jen que se senta ao meu lado no sofá. Encaro o nada por um momento, correndo meus olhos pelas fotos da loira e seus pais na estante. Sam tirou tanto de mim, me privou de uma infância feliz e do amor paterno que nunca senti vindo dele em momento algum da minha vida.

A palavra pai não me remetia nada bom. Eu nunca pude segurar a mão dele pois ele nunca me levara para escola no primeiro dia de aula ou em qualquer outro. Não dançou comigo quando fiz 15 anos e muito menos se orgulhou de mim quando entrei para faculdade. Eu era apenas a retardada que ele não amava.
Nem em meus sonhos de criança eu tinha sua proteção, ele era o causador dos meus piores pesadelos ao invés disso. Os monstros embaixo da minha cama não eram páreo para o monstro que se sentava na mesa comigo na hora do jantar.
Então quando meus olhos voltam para minhas mãos eu abro aquele envelope e tiro de lá o papel dobrado. Está repleto de informações que não faço muita questão de ler agora, a única palavra pela qual eu procuro está no final da folha e a confirmação que eu esperava vem.

- ele não é mesmo meu pai. - as palavras demoram um pouco a sair da minha boca. Tantas dúvidas se apossam de mim agora.

- eu sabia que um ser humano tão incrível quanto você não poderia ter sido gerada por um verme como ele.

- então quem me gerou? - a pergunta é mais para mim do que para Jennifer - quem é meu pai afinal? Minha mãe nunca me falou nada sobre isso. - dobro o papel novamente jogando-o na parte vazia do sofá.

- acho que precisamos entrar em contato com alguém da sua família materna para saber mais sobre isso, Lala. Não é possível que sua mãe não tenha contato a ninguém.

- eu lembro de uma mulher. Cira, ela era uma grande amiga da minha mãe desde a época da escola. Lembro dela, íamos muitas vezes a casa dela enquanto minha mãe era viva. Eu era criança mas me recordo que ela morava perto da casa da minha avó.

- será que ela mora lá ainda? - Jennifer segura minha mão e eu a encaro.

- eu não tenho certeza, não sei se lembro o endereço certo mas se ela morar lá ainda com certeza alguém do bairro deve conhece-la e vai saber me informar.

O Segredo Que Eu GuardoOnde histórias criam vida. Descubra agora