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Pov Jennifer

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Pov Jennifer

Na segunda-feira acompanhei Lana até o laboratório antes de ir para o trabalho. Ela ficaria em casa por mais alguns dias como a diretora da escola achou melhor fazer sabendo de toda a situação, não queria que as crianças a vissem com os hematomas ainda tão aparentes espalhados pelo corpo.

As horas estavam passando mais rápido do que de costume e eu estava muito agradecida por isso, não via a hora de ir para casa e só ficar com minha pequena. Ela ainda estava muito abalada e tentando a cada dia assimilar tudo que estava acontecendo e eu precisava estar lá para ela.
Infelizmente uma surpresa nada agradável me pegou desprevenida assim que atravessei o portão de saída da escola, a mulher que eu tinha enforcado alguns dias atrás estava parada perto do meu carro de braços cruzados e óculos escuros. Apertei minhas unhas contra a palma da mão e comecei a caminhar em direção a ela.

- posso ajudar? - pergunto quando me aproximo e ela me encara levantando os óculos rapidamente antes de abaixa-los de novo.

- quero falar com Lana.

- desculpe, ela está afastada do trabalho e eu não quero você nunca mais perto dela! - meu tom de voz é baixo porém firme. Nástia olha para um lado e para o outro e então estica um chaveiro em minha direção.

- que se dane, só entregue essa merda para ela. Estou desocupando aquela droga de casa e pode ficar tranquila, não me verão nunca mais! - ela praticamente joga as chaves no meu peito e sai andando apressada sem que eu tenha oportunidade de falar alguma coisa.

Embarco no carro e guardo o chaveiro em minha bolsa dando partida e seguindo para meu apartamento.
Assim que abro a porta encontro Lana parada na frente do fogão mexendo alguma coisa em uma panela. O cheirinho de chocolate me invade e já sei que ela está fazendo cobertura de bolo. Paro um minuto enquanto tiro meus sapatos e apenas me permito observa-la ali.
Está usando um vestido florido cujo as alças fininhas estão caídas em seus ombros. Seus cabelos ainda estão presos na trança que fiz hoje mais cedo e ela apoia todo o peso do corpo em apenas uma perna enquanto a outra está levemente dobrada e ela a balança sem parar em um claro sinal de ansiedade. Uma das mãos na cintura e a outra mexendo vagarosamente a colher dentro da panela.

- oi minha vidinha. - chamo sua atenção pouco antes de envolver seu corpo com meus braços e abraça-la por trás.

- oi amor. - ela me responde virando o rosto e me dando um beijo rápido. Apoio meu queixo em seu ombro e apenas fico ali observando seus movimentos quando o simples fato de estar perto dela já me é suficiente. - como foi seu dia?

- ficou melhor agora que eu finalmente cheguei em casa e tenho você só para mim. - beijo seu pescoço de forma despreocupada e ela desliga o fogão se afastando de mim para levar a panela até a pia.

- essa é a hora do dia que eu mais espero. -  ela sorri tímida para mim e puxo sua mão a levando comigo para a sala. Me sento no sofá e puxo ela para meu colo, preciso de pelo menos 5 minutos obrigatórios de chamego com minha pequena antes de fazer qualquer outra coisa. Tão essêncial para mim quanto respirar.

- eu vi a Nástia na saída da escola hoje. - engato o assunto enquanto acaricio suas costas.

- o que ela queria? - seus olhos me encaram já em desespero.

- me entregar isso. - puxo as chaves de dentro da minha bolsa e estendo para Lana. - são as chaves da sua casa, não são?

- são sim... Ela simplesmente entregou assim? Tão fácil?

- sim, por incrível que pareça sim, nem precisei enforcar ela de novo. - solto uma risada com a piadinha de mau gosto que acabei fazendo.

- e para onde ela vai?

- não faço ideia, ela só me garantiu que nunca mais a veríamos. - beijo sua testa e a puxo para se aconchegar de novo no meu peito.

- que bom, ela me dá arrepios também. - Lana entrelaça seus dedos com os meus enquanto sua mão livre segura fortemente o chaveiro.

- Lala?

- pode falar. - ela diz enquanto brinca com os anéis em meus dedos.

- o que você pretende fazer com a casa agora? Quer dizer, você quer voltar a morar lá? - faço a pergunta e demora alguns segundos até que Lana responda.

- eu... Não conseguiria. Tenho um grande apego por aquele lugar mas morar lá de novo não é algo que quero. Mas também não quero vender. É realmente um pecado deixá-lo fechado e sem utilidade. - sua voz é entristecida.

- acho que tenho uma ideia. - me arrisco quando lembro da conversa que tive hoje mais cedo com Ginnifer. - hoje conversei com Ginnifer pela manhã, lembra que ela tem aquele clube de artesãs? Então, elas estão fazendo um projeto muito legal vendendo os artesanatos para arrecadar dinheiro e ajudar aquela ONG no centro da cidade que resgata os cães e gatos de rua. O problema é que não tem um espaço adequado para fazer os encontros semanais. Eu pensei que... - Lana me corta antes que eu termine de falar.

- que talvez nós pudéssemos fazer na minha casa? - sua voz parece um pouco mais animada e ela se senta sobre minhas pernas olhando para mim. - eu achei uma ideia maravilhosa! - um sorriso brota em seus lábios.

- bom, era isso que eu ia dizer. Sua casa é grande e cada vez mais pessoas estão entrando nessa com Ginnifer, é bem localizada o que ajudaria no bazar, é perto da casa dela e de quebra nós vamos poder contribuir para ajudar os bichinhos de rua. É uma boa causa. - acaricio seu rosto vendo o quão animada ela parece estar pela ideia.

- eu adorei, Jen! Minha mãe gostava tanto disso e ela ficaria muito feliz, com certeza é algo que ela faria se ainda estivesse aqui. - e então sua voz falha um pouco. Lembrar da mãe era sem dúvidas algo muito doloroso para a morena.

- então vamos conversar com Ginnifer sobre isso, tudo bem? Vamos fazer a manutenção do jardim e deixar tudo bonito de novo como sua mãe faria. Até podemos ajudar no bazar no fim de semana.

- eu adoraria, espero que Gigi aceite a ideia.

- ela vai sim.

E não perdemos tempo. Naquela mesma noite Lana estava tão eufórica que decidiu convidar Ginnifer para jantar conosco e conversamos com ela mais a fundo sobre o assunto. Quando o relógio marcou 21:00h ainda estávamos sentadas na mesa discutindo os detalhes e até a hora em que nos despedimos já tínhamos tudo planejado para as mudanças que faríamos já na semana que vem.

- obrigada, Jê. Por cuidar de mim, por me apoiar, por tudo... Você é tão incrível, eu não sei como tive tanta sorte. - sua voz é quase um sussurro. Estamos abraçadas na cama quase sendo carregadas pelo sono. Sinto seus dedos fazerem pequenos carinhos em minha pele exposta.

- a sorte é todinha minha, Lala.

O Segredo Que Eu GuardoOnde histórias criam vida. Descubra agora