[Conto] Na Batida de Nova Orleans

CAPÍTULO UM

Meu Lar

— Melissa, da para você agilizar aí? — reviro os olhos com a gritaria do meu chefe.

— Já vou! — grito de volta.

Todos os dias são assim, Marvin, grita e eu tenho que sair correndo atrás dele. Ele é um cara todo agitado e, elétrico. É meio difícil acompanhar seus passos pela loja. Faço de tudo um pouco por aqui, para qualquer coisa me chamam.

E, eu não sou uma menina muito atlética. Na boa, não saio correndo nem pelos doces, mas tenho que ir atrás do meu chefe, só faço porque preciso do emprego. Sem dinheiro, não consigo pagar meu aluguel e, não estou afim de morar na rua.

Trabalho no café, Marvin Coffes, o nome é feio e sem graça, igual ao dono.

Quando se escuta um nome como esse você logo pensa num velho baixo, careca, bigodudo, e roliço. Mas não esse, ele é jovem. Uns vinte sete ou vinte nove.

Para piorar a minha situação, ele tem uma quedinha por mim. Vive me convidando para sair, claro, que sempre recuso. Não que, Marvin seja feio, eu que não quero me envolver com ninguém.
Por mais que todos pensem que sou toda despojada devido há minhas roupas, sou bem tímida e quieta na verdade.

Prefiro a calmaria do meu apartamento, do que o barulho de uma festa.

Meus livros, ao invés da balada.

Um bom sorvete, do que uma bebida.
Amo pintar, o que tem todos sabem.

Eu gosto de sair às vezes, dançar e curtir.

Mas não me faça escolher.

Nova Orleans é uma cidade agitada e, barulhenta. Meio irônico morar aqui já que não prefiro a agitação, mas aqui é o meu lar.

Fui criada aqui desde que nasci, meus pais se conheceram em Nova Orleans, numa festa anos atrás, então quando se casaram decidiram se mudar para cá.
Eles são uns amores, mesmo depois de anos ainda são apaixonados um pelo outro. Chega ser enjoativo olhar para eles.

— Melissa, você está divagando de novo! — Marvin me puxa dos meus pensamentos.

Sim, eu tenho o costume de divagar um pouco. O que não é bom, já que trabalho num café e, tenho que atender os clientes.

— Está fazendo de novo. — me repreende.

— Foi mal.

— Vá para o caixa.

— Mas o Kevin já não está lá?

— Ele teve que ir embora.

— Não pode chamar outra pessoa? Prefiro ficar aqui atrás preparando os cafés.

— Eu poderia, mas quero você lá.

— Qual é...

— Melissa, a fila só está aumentando com a sua enrolação.

Vou para a frente do caixa, com o sorriso mais falso que consigo dar. Tenho que ser educada e, cordial.

— Olá, bem-vindo ao Marvin Coffes. — é ridículo ter que falar isso para todos os clientes. — O que deseja?

— Uau, nossa! — o homem alto diz. — Isso soou tão falso.

— Como é?

— Você não parece feliz.

— Eu estou, não está vendo meu sorriso.

— Eu vejo, que está péssimo por sinal.

Encaro-o por um momento. Ele é bem bonito, irritante, mas gato.
Bem alto e, forte. Sarado mesmo, ombros largos, a camisa marca seu peitoral definido. Ele definitivamente é aquele cara que deixa qualquer mulher de calcinha molhada.
Ele me lembra o ator Kevin Hart, só que mais alto, sarado e bonito.