Na Batida de Nova Orleans
— Você não pode dispensar todas as roupas que eu escolhi! — Tessa resmunga.
— Eu só não estou me sentindo bem.
Já estou há de uma hora procurando uma roupa que eu possa usar hoje. Nada me agrada, acho que tudo fica péssimo.
Sabe aqueles dias que você se sente enorme? Estou assim hoje. Sei que sou gordinha, mas hoje simplesmente tudo está me deixando enorme.
— Qual o verdadeiro problema? — ela pergunta.
— Acho melhor eu não sair hoje.
— Tá brincando né?
— Não.
— Está se sentindo insegura não é?
— Olha só para mim. — aponto para o meu corpo. — Porque um cara como ele quer sair comigo?
— Pode parar! — rosna. — Não faça isso com você mesma.
— Eu só...não entendo.
— Homens como ele não saem com quem não acha sexy.
— Eu não sou sexy.
— Você é sim, e vai provar para todos hoje
— Como?
— Eu vou escolher sua roupa, te maquiar e você não vai reclamar.
— Tessa...
— Mais tarde quando estiver trepando você me agradasse.
— Não vou transar com ele.
— Moranguinho, você vai. — ela gargalha.
— Quer parar! — protesto.
— Achei super fofo ele te chamando assim.
— É ridículo.
— Não é, não.
— Tá certo que ele não tem nada de fofo, mas mesmo assim.
— Eu odiei.
Na verdade, eu gosto muito.
Quando escuto a batida na porta, meu nervosismo aumenta. Queria que Tessa ainda estivesse aqui, ela poderia me acalmar.
Abro a porta e lá está ele, de tirar o fôlego.
Está vestindo uma camisa branca simples, jeans escuro e uma jaqueta de couro.
— Você está linda.
— Obrigada.
Confesso que, Tessa mandou bem em me arrumar. Ela escolheu um vestido curto tomara que caia, amarelo, uma jaqueta branca e meu all star branco favorito.
— Pronta para ir?
— Sim.
Descemos juntos em silêncio, não sei o que falar.
— Aonde nós iremos? — pergunto.
— Surpresa.
— Não me deixe curiosa.
— É bem curiosa.
— Não faz ideia.
— Vem aqui. — ele caminha na direção de uma moto.
— Nós vamos aí?
— Sim, moranguinho.
— Eu não vou sumir nisso.
— Ela não vai morder.
— Nunca andei em uma moto.
— Sério?
— Sim.
— Vem, confie em mim.
— Estou de vestido.
— Quer subir e se trocar?
— Se eu for, não volto.
— Moranguinho, vem comigo.
— Okay.
Subo na garupa, coloco o capacete ele liga a moto. Aperto sua cintura quando a moto ganha vida.
Chegamos ao Bourbon Street, a rua mais movimenta de Nova Orleans.
Há pessoas por todos os lados, sozinhas, com os amigos ou em casal.
Paramos no restaurante Orlean’s Room, o lugar mais disputado.
— Como conseguiu reserva?
— Tenho contatos.
— Sei. Meus pais sempre reservam uma mesa no aniversário de casamento deles.
— Deixe-me adivinhar, na área, Romantic.
— Essa mesma.
— Seus pais são um pouco...
— Loucos. — concluo.
— Eu ia dizer excêntricos.
Gargalho. Pois ele tem razão.
Jantamos, estava tudo maravilhoso.
— Aonde vamos agora? — pergunto curiosa.
— Que tal bebermos algo?
— Eu topo.
— Vamos ao Joseph Bar.
Sentamos na mesa mais afastada do resto das pessoas, Dylan pediu duas cervejas e tequilas.
— Espera. — ele me para assim que vou beber minha cerveja. — Você tem idade para beber?
— Serio? Você me tira de casa, me faz andar na garupa da sua moto e só agora que quer saber se tenho idade para beber?
— Erro meu.
— Respondendo sua pergunta, eu tenho vinte e cinco. Qual a sua idade?
— Tenho trinta e dois.
— Me fala mais sobre você?
— O que quer saber?
— Tipo, tudo.
— Certo. Você já sabe que tenho um irmão, Louis, meus pais moram em Miami. Sou músico.
— Você é músico? — questiono rindo.
— Eu sou.
— Ah, você não está brincando. — paro de rir. — Foi mal.
— Sem problema.
— Como o homem de Miami veio parar em Nova Orleans?
— Cansei de Miami, Louis mora aqui.
— Veio ficar perto do seu irmão?
— Isso aí.
— Legal da sua parte.
— Então, você trabalha aqui cantando?
— Acertou. — ele responde depois de um tempo.
— Você gosta?
— Eu adoro o que faço.
— Quando poderei vê-lo cantando?
— Você quer?
— Talvez.
— Me fale de você agora.
— Bom, sou filha única. Tenho pais malucos, que amo mais que tudo. Trabalho no café Marvin Coffes, e minha paixão é pintar.
— Quando começou com essa paixão?
— Desde de criança.
— Não se esqueça que quero vê-lo.
— Te mostro qualquer dia.
— Um brinde há paixão por pintura. — ele levanta um copinho de tequila.
— E, pela música. — brindamos.
A noite passou voando. Dylan, além de gato é muito legal. Conversamos sobre de tudo um pouco, mas percebi que ele não gosta de falar muito sobre sua vida em Miami. Não insisti também.
Quando a música More Than That da Lauren Jauregui começa a tocar, não consigo ficar mais parada. Eu coloco toda a culpa na bebida, pois não sou tão solta assim.
Vou para a pista, começo a dançar. Me deixo envolver pela música. Sinto mãos agarrarem minha cintura, encosto em Dylan, rebolo contra ele.
Ele beija meu pescoço, morde minha orelha. É tão boa a sensação.
— O que acha de irmos embora? — sugere.
— Eu...
— É você quem decide, moranguinho.
— Eu quero ir.
— Não vai se arrepender.
— Espero que não. — rebolo contra seu jeans.
— Você vai me fazer gozar na calça se continuar rebolando esse rabo gostoso.
— É melhor irmos logo.
— Boa resposta, moranguinho.
Solto um gritinho surpreso quando Dylan me pega no colo e me joga sobre seu ombro. Recebo um tapa no bumbum.
Adicione, quente na lista de qualidades dele.
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[Conto] Na Batida de Nova Orleans
Short StoryEu adoro Nova Orleans, é o meu lar. Aqui foi onde nasci, estudei e agora trabalho. Tenho uma vida monótona, e eu gosto. Sou uma menina tranquila, que prefere ficar em casa ao invés de ir para uma festinha. Prefiro a calmaria do meu apartamento, do...