Não Quebre meu Coração
— Vai me contar agora? — questiono assim que entramos no meu apartamento.
— É difícil.
— Fala de uma vez! — grito.
— Eu menti sobre quem eu sou.
— E, quem é você?
— Sou Dylan O’Connor, da indústrias O’Connor.
Sinto uma enorme vontade de chorar, porque eu sei quem são os O’Connor, pior ainda, eu sabia quem era o verdadeiro, Dylan.
— Eu li numa revista falando sobre sua família, seu pai deu uma entrevista. Havia somente uma foto dele... — engulo o no na garganta. — Ele disse...que o filho mais novo dele está noivo.
— Eu li sobre essa entrevista.
— É você não é?
— Moranguinho...
— Nunca mais me chame assim! — grito. — Você é um grande mentiroso. Tem ideia do que você fez? Merda, você está noivo!
— Eu não quero me casar, não com ela. Meu pai disse na entrevista só para não me fazer desistir do noivado.
— Você não é mais um adolescente, tem sua própria opinião.
— Você não conhece meu pai, não sabe como ele é. Ele deixou bem claro que eu perderia o direito na empresa se cancelasse o casamento. — suspira frustrado. — Louis é o único que conseguiu sair das garras dele. Na verdade, só ele teve vontade suficiente.
— Verdade, eu não o conheço. Sabe porque? Você nunca fala nada da sua família, sempre foge do assunto. Louis está mais do que certo.
— Eu sinto muito.
— Acredite, eu também.
— Eu vou resolver essa situação...vou para Miami amanhã mesmo, e cancelar o casamento. Não quero ter mais nada com eles. Só quero ficar aqui com você.
— Resolva a situação, apenas por você. Porque não existe mais eu na sua vida.
— Moranguinho...
— Apenas vá embora, deixe-me.
— Não quero perder você.
— Você já perdeu.
Caio em prantos assim que ele né deixa sozinha.
Duas Semanas Depois
— Não vai mesmo falar com ele? — Tessa questiona.
— Não quero ter mais nada haver com ele.
— Amiga, sei que ele te magoou mas o Louis disse que o Dylan cancelou o casamento.
— Não me importo.
Ignoro-a novamente. Continuo trabalhando nos meus novos quadros, minha inspiração veio forte, e eu quis pintar como se não houvesse amanhã.
— Eles estão ficando incríveis. — ela elogia.
— Obrigada.
Um dos quadros é dois corpos nus abraçados, outro uma mulher ajoelhada com as mãos no colo chorando, rostos colados, mãos entrelaçadas, sorrisos sinceros. Ou pelo menos, eu pensei que eram.
Sim, todos os quadros são momentos que vivenciei com Dylan. Estúpido, eu sei.
Uma Semana Depois
— Essa é a Melissa Gold, a mulher talentosa que te falei. — Louis me apresenta há uma amiga dele, dona da maior galeria de arte em Nova Orleans e York.
— Muito prazer, sou Alba.
— Obrigada por aceitar me receber.
— Quando o Louis mandou fotos dos seus quadros, eu fiquei encantada. São lindos.
— Obrigada.
— Infelizmente, tenho outro compromisso marcado. Então, serei breve.
— Tudo bem.
— Eu quero colocar seus quadros na minha galeria aqui em Nova Orleans e, depois quem sabe em Nova York.
— É sério? Sinceramente, quer expor minhas pinturas?
— Claro que sim, são incríveis!
— Eu aceito.
— Eu tenho seu número te ligo assim que puder para marcarmos uma data.
— Vou esperar ansiosamente.
— Vejo vocês depois. — Alba diz. — Adeus, e me desculpem por sair assim.
— Sem problema.
— Você conseguiu! — Louis comemora. — Estou orgulhoso de você.
— Eu também estou orgulhosa de mim, é um grande passo.
— Temos que comemorar.
— Deixa para outro dia, não estou no clima.
— Certo. Quer carona?
— Hum, não. Vou andando, mas valeu.
— Vejo você mais tarde.
Meu celular mostra que há mais uma mensagem na caixa postal, sempre escuto o que ele manda mas não tenho coragem de responder.
Sinto falta dele, mas meu medo é bem maior. Estou insegura. Quero-o, mas meu coração não iria aguentar mais segredos.
Respiro fundo para ouvir a mensagem.
— Oi, sou. Imagino que sou a última pessoa que você queira falar agora. Mas estou ligando para desejar meus parabéns, você merece tudo de melhor.
Deve estar se perguntando como eu descobri, Louis me contou. Não fique brava com ele, eu fui bem persuasivo, você sabe como sou.
Quero me desculpar mais uma vez, eu errei e você está chateada e, com toda razão. Fui um grande canalha, mereço seu tratamento.
Estou muito arrependido pelos meus atos, espero que um dia possa me perdoar. Mesmo que não queira mais nada comigo, apenas me perdoe.
Enfim, não vou mais tomar o seu tempo.
Sinto sua falta, moranguinho.
Beijos do seu, Dylan.
Quero chorar e rir ao mesmo tempo.
Quero-o me chamando de moranguinho, o apelido ridículo que aprendi amar.
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[Conto] Na Batida de Nova Orleans
Short StoryEu adoro Nova Orleans, é o meu lar. Aqui foi onde nasci, estudei e agora trabalho. Tenho uma vida monótona, e eu gosto. Sou uma menina tranquila, que prefere ficar em casa ao invés de ir para uma festinha. Prefiro a calmaria do meu apartamento, do...