CORA ADAMS ᥫ᭡
Estou novamente dentre ruínas sombrias, assustadoras e com cheiro horrível que preenchem a minha respiração me deixando sufocada.
Novamente em um pesadelo, onde eu sou a mocinha correndo do lobo sem olhar para trás em um ambiente que eu vejo como o verdadeiro inferno. Em meu corpo há apenas uma camisola longa e branca — já suja pelo ambiente cheio de faíscas de fogo — que eu utilizo apenas para dormir.
Em Phonia não possui muitas opções de roupas de dormir mais modernas que essas longas camisolas brancas, a cidade é antiga e sua moda ainda mais.
Ouço um barulho vindo atrás de mim e reconheço o som de correntes, é ele.
Analiso o ambiente em que estou buscando por uma saída, mas não a encontro, apenas vejo grandes muralhas que se torna um empecilho muito grande ao querer sair daqui.
Eu sei como esses sonhos funcionam e o quão problemáticos são, o roteiro é algo certo na minha cabeça e o medo já virou apenas uma lembrança.
Quanto mais cotidiano é, mais fácil é de lidar.
Respiro fundo quando ouço o som das correntes se aproximaram de mim e lentamente viro o meu corpo tendo em visão um cachorro extremamente grande, com três “simples” cabeças em seu corpo e com uma corrente enorme ao redor de seus três pescoços.
Adorável.
Ele rosna se aproximando de mim, provavelmente me achando uma invasora nesse mundo estranho, mas na verdade, o invasor é ele que está dominando os meus pensamentos desde que eu me lembre.
— Fala sério cachorrinho, nós já nos vimos tantas vezes… Por que ainda insisti em querer me atacar, se sabe que não consegue. — Afirmo cruzando os braços e ele me olha raivoso ainda se aproximando.
Se isso é a porra de um sonho lúcido, pelo menos que eu tenha controle sobre.
— Quer me ouvir cantar? — Questiono com um sorriso presunçoso no rosto e o mesmo vira as três cabeças para o mesmo lado, indagado.
Sorriu começando a cantarolar uma melodia que eu ouço desde criança, minha avó cantava para mim na intenção de me acalmar, sou uma garota com sérios problemas de saúde e chorava muito quando criança, o que fez a minha avó criar um mecanismo de paciência para que eu me acalmasse.
A melodia é suave, apaixonante e tranquila com a pura intenção de acalmar quem quer que esteja ouvindo. Eu a canto quando estou cuidando das minhas orquídeas, sinto que as deixo ainda mais vivas quando cantarolo.
O mesmo efeito que eu possuo nas plantas, funcionou com este enorme cachorro que sutilmente foi parando de se aproximar, se agachou e deitou-se naquele chão frio com as cabeças apoiadas em suas patas, logo vejo os seus olhos fechados.
— Sua voz é divina, Cora. — Me assusto quando ouço uma voz baixa, sombria atrás de mim e lentamente viro o meu corpo, ok, isto não estava no roteiro. Meus olhos procuram, mas não vejo ninguém, apenas uma voz sem destinatário. — Por que coisas tão puras morrem tão cedo?
— O que…
— Shhh, fique tranquila, farei ser o mais rápido possível, sem dor. Você não merece agonizar até morrer.
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O Príncipe do Inferno
RomanceNÃO PERMITO ADAPTAÇÕES DESSA HISTÓRIA | DARK ROMANCE [•••] "- Eu queimaria o mundo por você, diavolo." [•••] Será que seria possível uma alma fugir do inferno? Escapar da condenação eterna para viver livremente no mundo exterior? Acreditamos que nã...