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Ino, Chouji e Shikamaru observavam atentos a televisão, acompanhando o movimento de cada um dos jogadores. Afinal de futebol do time de Konoha deixava a maioria dos jovens malucos, inclusive os três, que tinham fascínio pelo jogo.

O celular de Shikamaru tocou, a música Legend soando alto na sala de estar da loira, e desconcentrando os três.

— Desde quando esse é seu toque? — perguntou a loira, com as sobrancelhas arqueadas.

— Não enche, Ino — o moreno resmungou, indo até o aparelho e sorrindo.

Era uma mensagem de Hinata, falando sobre um filme que havia visto, por indicação dele. Fazia um mês que conversaram pela primeira vez e se tornavam cada vez mais próximos.

— É a Hinata? Seu safadinho...

— Porque não nos conta o que tanto conversam, hein? — Chouji perguntou interessado.

— 'Me deixem — exclamou, corado — Só estamos falando de filmes.

— Que tipo de filmes? — Ino perguntou maldosa.

— Ino! — os dois amigos exclamaram, fazendo-a gargalhar.

— Relaxem, sei que nosso amigo é um virgem certinho.

— Ei!

— Ela tem razão, Shika.

— Como se você fosse diferente, Chouji!

— Calada, Ino! Eu estava do seu lado até agora, sabia?

— Chega! — Shikamaru exclamou. As coisas apareciam sempre acabar em discussão entre Chouji e Ino — A Hinata é muito legal. E pode ser que eu esteja gostando dela.

Optou por admitir o que já sabia a tempos, deixando os amigos boquiabertos, não pela informação - não é como se não soubessem - mas por, enfim, ouvirem aquilo dito em voz alta.

— Caramba, agora ficou sério!

— Acho que sim — murmurou — Ela é bem na dela, e as pessoas não veem o que eu vejo. A verdade Hinata é... Ela é incrível, sabem?

Os amigos sorriram e pularam em cima do moreno, abraçando-o, felizes em ver que ele estava de fato, caindo pela Hyuuga.

Sequer prestaram atenção no gol contra cometido pelo time de Konoha.

[...]

Quando Hiruzen anunciou outro trabalho em dupla, liberado para escolherem o parceiro, o olhar de Shikamaru e Hinata se encontram no mesmo instante, sorrindo ao notarem que pensaram o mesmo.

Seriam uma dupla, mais uma vez.

— No entanto, esse trabalho será feito fora do horário escolar — o professor anunciou, e o sorriso da Hyuuga murchou no mesmo instante, deixando o rapaz preocupado.

Quando o sinal tocou, indicando o final da aula, o Nara correu e alcançou a morena, que olhava os próprios pés.

— O que rolou?

— Nada, estou bem — levantou os olhos e sorriu miúdo — Podemos fazer o trabalho na sua casa?

— Pode ser sim — concordou — O que você acha amanhã depois do almoço? Eu te busco em casa e...

— Não. Só me passar seu endereço e eu chego lá.

— Tem certeza?

— Tenho sim — sorriu, acenando — Vou indo nessa. Encaminha o endereço por mensagem.

O Nara concordou, desconfiado da atitude da garota, mas decidiu não pensar muito naquele dia. Afinal, amanhã ela estaria em sua casa!

[...]

Quando Hinata mandou uma mensagem dizendo que estava em seu portão, seu coração pareceu acelerar e sentiu as mãos suarem. Até parecia que era mais do que um trabalho de física.

Abriu a porta e sorriu, reparando nas coxas expostas da morena. Era a primeira vez que ela usava shorts. Seu look consistia em um jeans escuro e uma blusa longa, com os dizeres "Chernobyl E-Girl". Além de um all star escuro.

— Ganhei de aniversário. Meus amigos me deram esse apelido — a morena comentou, notando o olhar do moreno em sua blusa.

— Acho que combina — riu, indicando que ela entrasse.

Subiram até o quarto do rapaz, decorado com alguns cartazes de games e vários livros. Além de uma bagunça enorme sobre a cama.

— Você não dobra as roupas? — Hinata brincou, observando as muitas blusas jogadas e amarrotadas.

— Talvez eu seja um pouco descuidado... — coçou a nuca sem jeito.

— Um pouco? — uma nova voz soou a porta, assustando os dois — esse moleque é um desastre!

— Mãe, porque a senhora faz isso? — Shikamaru murmurou, sem jeito.

— Sua namorada tem que saber onde está se metendo.

— Ela só veio fazer trabalho comigo — sussurrou, sentindo o rosto pegar fogo.

Hinata riu e tomou a frente da situação, se aproximando da mulher mais velha e estendendo a mão.

— Prazer, sou Hinata Hyuuga, viemos fazer trabalho de física.

— O prazer é todo meu, querida! Fico aliviada que uma menina bonita como você não esteja perdendo tempo com esse bobão.

— Você é mesmo minha mãe, mulher?

— É para você tomar vergonha! — falou seria, suavizando o olhar ao encarar Hinata — Fique à vontade, linda. Irei assar pão de queijo para o lanche de vocês.

A mulher se afastou e deixou os dois sozinho. Hinata encarou Shikamaru e os dois caíram na gargalhada.

— Você deve irritá-la muito!

— Você não faz ideia... — riu, observando o sorriso que adorava.

— Então vamos ao trabalho, bobão.

Sentaram-se na pequena escrivaninha que havia ali e começaram as anotações, fazendo o trabalho entre risadas e piadas internas, que aprenderam a compartilhar.

Em dado momento, Shikamaru fechou a porta e Hinata retirou do bolso dois cigarros. Desde que começaram a conversar mais, aquilo se tornou hábito na vida do Nara, que sempre contava com a morena para lhe oferecer cigarros.

— Sua mãe pode te matar se descobrir sobre isso? — Hinata perguntou, debruçado sobre a janela, ao lado do garoto que sorriu presunçosamente.

— Ela vai pensar que é meu pai — riu — Ele fica no escritório fumando.

— E ainda não contou a ele que seguiu os mesmos passos?

— Estou me preparando para isso — observou. — Não sei se ele vai gostar da ideia de dividir cigarros comigo.

— Não se preocupe com isso, eu sempre farei isso.

— Conto com isso, Hina.

Se encararam e sorriram, cúmplices daquele segredo e amizade que partilhavam. Hinata encostou a cabeça nos ombros do rapaz e suspirou, aproveitando aquela tarde tão diferente do que estava acostumada.

[...]

DesatinosOnde histórias criam vida. Descubra agora