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À medida que os dias iam passando, Shikamaru ficava mais fissurado na garota de longos cabelos escuros. Observando-a enquanto lia, ouvindo as músicas que a escutava cantarolar e achando-a sempre mais e mais bonita.

Tentava a todo custo controlar suas ações, sentindo-se idiota por sentir tanta atração por alguem com quem não trocava sequer um oi.

Um verdadeiro lúdico, como Ino havia comentado a alguns dias. Mas o que ele poderia fazer se não encontrava oportunidade para falar com a garota? Ele sequer sabia se ela queria falar com ele. Era melhor apenas observá-la de longe.

Ele só não sabia que aquilo mudaria naquele dia, graças ao professor de física, que chegou na sala, anunciando um trabalho em dupla.

— Tomara que faça com alguém inteligente — Ino cochichou para o amigo.

— Vou sortear as duplas, vamos lá...

Os nomes foram falados, um a um e para surpresa e quase desespero do moreno, seu nome foi dito, seguido do de Hinata. Ino cutucou o amigo e piscou, quase como se dissesse que ele deveria aproveitar a oportunidade.

Com o rosto corado, pegou a mochila e foi para mesa ao lado da garota, que sorriu para ele, deixando-o sem ar.

— Esqueci de te perguntar, a Temari tem te atormentado? — perguntou assim que o moreno se posicionou.

— Ah, não, na verdade eu passo longe dela. Melhor evitar.

— Entendi. Melhor mesmo.

Puxando o caderno, a morena observou as instruções do trabalho uma última vez, comparando com as anotações de Shikamaru, que estavam sobre a mesa.

— Você tem uma letra péssima — murmurou, deixando-o intrigado.

— Isso foi cruel, ainda mais considerando a sua — brincou, fazendo-a rir.

— Gênios raciocinam muito rápido para escrever devagar e bonito — deu de ombros.

— Se considerada uma gênia? — perguntou, sorrindo de lado e achando-a ainda mais incrível, se é que era possível.

— Eu sou uma gênia — sorriu, encarando o moreno — Assim como você.

— Eu sou um gênio?

— Bom, quase — riu. — Vamos ao trabalho.

Concentraram na tarefa, analisando as anotações e o livro da matéria. Terminaram em tempo recorde, finalizando o trabalho, sorrindo orgulhoso, um para o outro. Eles não precisavam dizer nada, naquele momento eles sabiam que uma amizade havia surgido ali.

— Então, vejo que gosta muito de física — Shikamaru arriscou, tentando puxar assunto com a morena.

— Minha matéria favorita. Acho incrível como as coisas funcionam.

— Uau — murmurou, impressionado — seus olhos parecem brilhar quando fala sobre isso.

— Dizem que isso acontece quando realmente se gosta de alguma coisa.

Um silêncio se instalou entre eles, enquanto trocavam um olhar intenso. Nenhum dos dois sabia ao certo o que sentir, apesar de que sabiam que sentiam algo diferente.

— Hinata e Shikamaru, se já terminaram ou ficam em silêncio ou saem da sala. — a voz arrastada de Hiruzen, o professor soou, atraindo a atenção dos dois.

— Podemos mesmo sair da sala? — Hinata perguntou, a voz soando divertida.

Com um suspiro de desaprovação, o homem se levantou e indicou a porta. A morena puxou o Nara pela mão e saiu, a porta batendo as suas costas.

Antes que Shikamaru pudesse perguntar o porquê daquilo, ela começou a rir alto, impressionando o rapaz, que teve certeza que aquele seria seu som favorito para o resto da vida.

Hinata rindo era a coisa mais linda que já havia visto e nada no mundo o faria mudar de ideia.

— Você tinha que ver sua cara, Shikamaru! Parece até que nunca saiu da sala antes do fim da aula.

— Eu nunca saí — confessou, chorando e rindo.

— Tem muito o que aprender no ensino médio — piscou para ele — Quer conhecer um lugar legal?

— Quero.

Hinata segurou a mão do moreno e o levou até uma grande escada, subindo-a rapidamente e alcançando o terraço do colégio, que dava vista para vários lugares da pequena cidade de Konoha.

— Aqui é meu refúgio. Descobri no meu primeiro dia e desde então sempre subo aqui.

— Estou lisonjeado que tenha confiado em mim — sorriu, coçando a nuca.

— Você é legal.

Concordando, o moreno se permitiu encarar a garota, que mexia distraidamente no bolso da calça, surpreendendo-o ao tirar de lá um maço de cigarros.

— Você fuma?

— Você não? — deu de ombros, acendendo o objeto — Antes que pergunte, sou de maior, fiz aniversário há uns três meses.

O Nara concordou, observando-a colocar o objeto entre os lábios e tragar suavemente.

— Fumar faz um mal do cacete e ainda vicia — comentou distraída. — Estou avisando antes de te oferecer.

— Eu quero — disse, impressionado com a própria coragem e determinação. Talvez Hinata causasse aquilo nele.

— Eu avisei — riu, estendendo o cigarro ao rapaz — Vamos ver se consegue.

Shikamaru tragou, se engasgando no mesmo instante e tossindo desesperadamente, sob o olhar atento da Hyuuga, que segurava uma risada.

— Você pega o jeito, relaxa — tranquiliza-o, um sorriso no rosto.

Sentaram-se no chão e ficaram ali, até o fim das aulas, conversando sobre sonhos, ideias e planos.

Shikamaru descobriu que Hinata queria lecionar, estudaria física e ensinaria adolescentes. O Nara contou que ainda estava indeciso, mas pensava em cursar ciência da computação, afinal era um nerd sem limites.

Naquele dia, no terraço do colégio, tiveram a primeira conversa real, que durou longos minutos e os aproximou. Depois daquilo, ambos sabiam que não seria a mesma coisa.

[...]

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