Capítulo 3 - Adeus João Gustavo

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Era isso que ia me contar hoje? - Marília perguntou quando finalmente conseguiu ficar sozinha com o seu irmão depois do desastroso jantar

- Sim, não queria te contar por telefone - Ele explicou

- E, eu realmente não ficaria feliz em saber disso por telefone

- Você sabe que independente de qualquer laço, sendo irmãos ou meio-irmãos, eu adoro você, não sabe? - Ele perguntou sentando ao seu lado e a abraçando

- Eu sei, eu também te adoro - Ela declarou - Você tem outras irmãs agora?

- Duas. Simone e Simaria. Você iria adorar conhecê-las - Ele contou feliz

- Você gostou de conhecê-las? Te trataram bem?

- Muito bem. Simone tem a sua idade, é teimosa igual a você e é uma pessoa incrível, já a Simaria, demorou um tempo para nos acostumarmos um com o outro, mas eu estou amando essa experiência

- Porque veio passar o ação de graças com a gente ao invés de ficar com a sua família? - Marília indagou

- Por que independente de ser filho de Júnior ou Mário, minha família sempre foi você - João Gustavo declarou fazendo a loira ao seu lado abrir um sorriso enorme

- Eu te amo, Gus - Ela declarou e o abraçou forte

- Eu também te amo, Lila - Ele fez o mesmo

[...]

Mário foi quem criou João Gustavo desde pequeno, ele se apegou ao garoto e não havia nada nem ninguém que poderia faze-lo "menos pai" pois o amava como tal e João Gustavo sabia disso, o laço entre eles não era ligado pelo sangue mas sim pelos corações, nunca deixariam de ser pai e filho. Júnior, o pai biológico, soube da existência do filho pouco antes de encontrá-lo, através de uma amiga em comum que ele e Ruth tinham, já que a mãe de João Gustavo nunca teve coragem de procura-lo e dizer a verdade

- Quando chegar em casa vou te ligar, e chamo a Simone para vocês se conheceram - João Gustavo falou animado quando estava no banco de trás do carro junto com Lila, sendo levado para o aeroporto

- Ela é parecida com você? Tomara que não seja, ela merece mais - Marília brincou

- Você é mais parecida comigo do que ela - Ele contou - Ela parece mais com a mãe, a Mara

- E o Júnior é casado? - Agora era Mário quem perguntava

- Sim. A Mara é uma mulher incrível, me recebeu muito bem - João Gustavo contou

João Gustavo tinha que deixar o Texas, pois tinha que se preparar para as provas que estavam por vir por isso Mário e Marília se dispuseram a levá-lo ao aeroporto, os dois queriam aproveitar o caminho para saber como andava a vida do rapaz na Califórnia, e era claro que ele estava vivendo uma vida que o deixava feliz.
Ele já não morava num campus, mas sim numa casa com a família que o deixava completamente a vontade, por isso não havia mais motivos para que não levasse a irmã para passar o verão com ele, e era isso que ele planejava, mas seria surpresa, ela só saberia no dia, pois Marília também estava doida para rever a Califórnia novamente.

- Nos vemos no verão - João Gustavo disse ao dar o último abraço em sua irmã antes de correr para não perder o avião - Eu te amo, papai - Ele declarou para Mário que o olhava sorridente

- Eu também te amo, meu garoto - Ele se despediu feliz

João Gustavo se despediu de sua família, caminhou até seu avião e observou a cidade ficar pequena enquanto decolava, do lado de fora Marília convencia seu pai a levá-la em seu restaurante preferido, como Mário fazia todas suas vontades, aquele pedido foi uma ordem. Durante todo o caminho, que era longo, o homem estava louco para confessar para a filha coisas que o afligiam mas não sabia como seria sua reação, por isso se ateve a prestar atenção apenas no trânsito até que ela quebrou o silêncio

- Você pensa igual a Mary, não é? - Marília perguntou receosa

- O que quer dizer com isso? - Mário respondeu atento

- Ela acha que eu sou uma pedra no caminho de vocês, que eu estou atrapalhando o tempo inteiro, não faço nada certo e que talvez vocês não tivessem tantos problemas se não fosse por mim. Você concorda com ela? - Marília contou, com medo da resposta

- É claro que não, Lila, você nunca atrapalhou ninguém, nem criou problema nenhum, pelo contrário, você é a joia mais preciosa que tenho - Ele respondeu

- Obrigada, eu realmente precisava ouvir isso

- Mary tem falado muitas coisas ruins para você, não é? Eu sinto muito por isso

- Talvez ela esteja um pouco certa - Marília respondeu cabisbaixa

- Não, não está. Eu me enganei, é ruim admitir isso, mas eu me enganei e Mary não é a pessoa que eu achei que era, ela é tóxica, não faz bem para você, nem para mim e eu preciso dar um basta nisso - Mário confessou

- Pensa em se divorciar dela?

- Possivelmente. Eu queria falar com você primeiro, depois do divórcio podemos voltar para a Califórnia ou ficar aqui, quero deixar você decidir

- Podemos morar perto do João Gustavo? - Marília saltou do banco animada, fazendo seu pai rir

Mário sorriu ao ver sua filha confirmar suas suspeitas, aquela era a melhor decisão que ele poderia tomar, a que ele deveria ter tomado desde o início, dar prioridade a Marília, ela era sua verdadeira família. Dois segundos com os olhos fora do trânsito foram o suficiente para tornar aquele momento feliz um dos piores da vida de Marília, um carro em alta velocidade vinha em direção ao deles, antes que Marília pudesse fazer qualquer coisa pôde sentir o corpo de seu pai sendo atirado sobre o seu para protege-la, fazendo Mário sentir maior parte de impacto do acidente.

- Papai! - Marília chorou gritando pelo homem machucado ao seu lado

- Vai ficar tudo bem querida, vai ficar tudo bem, não precisa chorar - Foram as últimas palavras que Marília ouviu de seu pai

[...]

O corpo de Marília doía, ela mal conseguia se mexer, achava que uma das suas pernas estavam engessadas, mas não conseguia abrir os olhos para ver, dava para ouvir o barulho de alguns aparelhos ao seu lado e sentia cheiro de álcool ao inspirar, ouvia também vozes conhecidas como as de Mary e Laura e ansiava pela voz de seu pai ou de João Gustavo.

- Papai? - Ela chamou pouco antes de conseguir abrir os olhos

- Ela acordou! - Laura comemorou aliviada com o olhar pelo quarto

- Querida, fique calma, você acabou de acordar, precisa se acalmar - Mary pediu, mas o semblante da mulher já denunciava a verdade

- Como está o papai? - Marília perguntou em desespero sem conseguir conter suas lágrimas

- Eu vou chamar um médico, para ver como você está - Mary tentou fugir da pergunta

- Eu não quero ver o médico, quero que me falem a verdade - Marília implorou

- Por favor, Lila, você precisa se acalmar - Era a vez de Laura consola-la, mas o seu semblante também denunciava

- Por favor, me digam se ele está bem, onde ele está? - Ela ainda pedia, agora já mais calma mas foi ignorada por um grande silêncio

- Mário não está mais entre nós, Marília - Mary quebrou o silêncio com a verdade - Ele morreu

Dear Destiny - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora