A ligação foi finalizada deixando Paulinha inquieta, mas conformada com o fato de não poder tira-la de lá naquele momento.
Paulinha queria as coisas da forma certa, conforme os dias iam se passando ela fazia o possível para planejar a ida de Maraísa para a Califórnia, sonhava com esse momento que trazia esperança e seu coração ficava em pedaços com cada ligação que Maraísa fazia
Kaká aproveitou o tempo que ainda estavam no Texas para visita-la algumas vezes e ver como ela estava, já que Paulinha foi restritamente proibida de entrar ali
- Como ela está? - Paulinha perguntou ao vê-lo chegar
- Nada bem - Kaká respondeu cabisbaixo
Paulinha apenas sentou-se no sofá deixando suas lágrimas caírem e sendo amparada por Kaká, assim que sessou o pranto ela levantou-se e correu para seu quarto, voltando pouco depois com outros trajes.
- Onde vai?
- Não se preocupe, eu preciso me distrair um pouco, só vou esfriar a cabeça - Ela respondeu
- Você se sente bem?
- Não, mas vou ficar - Ela soltou um suspiro pesado - Volto logo
Ela saiu deixando Kaká sozinho no apartamento em que estavam dividindo. Dez horas se passaram e nem sinal da Paulinha, Kaká já estava desesperado, Sr Soares, o chefe dos dois, partilhava do mesmo sentimento que Kaká, depois de todo o tempo de desespero Kaká pôde se lembrar de um lugar onde Paulinha poderia ter ido.
- Maraísa, me diz por favor que Paulinha está aí com você - Kaká dizia desesperado assim que a amiga atendeu
- Não está, ela me ligou há algumas horas até disse que viria aqui e depois eu não soube de mais nada, o que houve com ela, Kaká?
- Maraísa, acharam alguém morto ali na calçada - Fernanda, uma das meninas do internato chamou Maraísa - Dá pra ver da janela, vem
- Ela saiu fazem dez horas, disse que já voltava, eu já liguei pros pais dela, pra amigos próximos e até agora nenhuma notícia - Maraísa ouvia Kaká dizer enquanto se aproximava da janela
- Ouvi dizer que morreu de overdose - Uma outra menina se aproximou da janela - Foi encontrada ali na calçada tem uns 30 minutos, aí a emergência chegou mas já tinha batido as botas.
- Kaká... - Maraísa fitava a calçada incrédula, sentindo suas lágrimas caírem - Eu acabei de encontrar a Paulinha.
Maraísa perdeu completamente a noção de tudo, apenas correu para a calçada onde estava o corpo da namorada, abraçou fortemente deixando a blusa de Paulinha encharcada com suas lágrimas, uma das freiras do internato puxava Maraísa de volta, mas a morena fazia o possível para se soltar e ficar ao lado da namorada
- Meu mundo... - Maraísa dizia desesperada - O que aconteceu com você?
- Senhorita? - Um dos paramédicos dizia - Temos que tirar o corpo daqui.
- Por favor, - Maraísa implorava - Ela era o amor da minha vida, sabia? Minha última lembrança é dela sendo expulsa da minha casa pelos meus pais, eu estava meses sem vê-la, já havíamos planejado uma vida juntas e agora nem vida ela tem mais, por favor, eu só peço dez minutos.
Todos assentiram, deixando Maraísa despedir-se de sua amada, suas lágrimas eram impossíveis de serem controladas, Maraísa sentia todo o seu amor esvair naquela calçada, ela simplesmente apertava Paulinha com força fazendo o possível para eternizar aquele momento, o último momento juntas, ela acariciou os cabelos de Paulinha e logo foi afastada por uma das freiras que a chamava mais uma vez
- Venha, querida - a irmã disse - Me desculpe, eu sinto muito.
Aquela foi a última vez que Maraísa a viu, implorou ao seus pais permissão para sair e pelo menos se despedir mas não a deixaram ir em seu velório, ela apenas soube, através de Kaká, que o corpo de Paulinha entrou em choque pois já estava se acostumando a viver sem química, mas a quantidade usada naquele dia foi muita, e muitas drogas diferentes foram misturadas.
Já havia se passado um mês e Maraísa estava sendo levada para a enfermaria após a sua terceira tentativa de suicídio depois da morte de Paulinha, e pela primeira vez ela não voltaria para o seu quarto planejando a próxima, pois ali ela encontraria alguém que a faria querer ficar bem.
[...]
Já faziam quatro meses que Marília estava morando no carro com a filha, sem ter o que fazer, já não tinha mais dinheiro, nem comida, nem nada, Lily estava ficando doente e a mãe sem opções, ela poderia ir até uma delegacia e contar que é esposa de um policial assassinado, eles protegeriam ela, mas ela viu o que Matheuzinho era capaz de fazer com policiais então isso não garantia muita coisa, poderia também ir até a Califórnia atrás de João Gustavo, que ela não via desde o dia em que o colocou no avião, mas como chegaria na Califórnia? Não tinha gasolina para dirigir até lá, não tinha dinheiro para comprar uma passagem, tudo o que tinha era um carro, mas onde se abrigaria se vendesse o carro?
Os dias iam passando e Marília sem saber o que fazer, se ela vendesse o carro, poderia morar nas ruas da Califórnia, seria por pouco tempo pois assim que encontrasse João Gustavo ela teria abrigo, mas e Lily? Lily estava doente e morar na rua apenas pioraria a situação da pequena.
09 de março de 2004, Lily estava completando dois anos e estava respirando com fraqueza, Marília chorava para colocar em prática o plano que tinha em mente, ela precisava salvar sua filha. Estacionou o carro em frente um internato religioso, onde ensinavam boas maneiras para meninas e também cuidavam de órfãs, Lily só precisava ficar lá por um tempo, logo sua mãe voltaria. Com a menina deitada em seu colo, tossindo pelo vento da noite fria e as gotas de chuva que caiam sobre as duas, Marília bateu na grande porta de madeira que dava um aspecto sombrio ao lugar.
- Olá - Uma loira saiu pela porta - No que posso ajudar?
- Vocês teriam um telefone por aqui? - Marília perguntou - Meu pneu furou, não consigo ligar para meu marido pra vir nos buscar, minha filha está ficando assustada com os trovões.
- Claro, entrem. - A loira disse - Eu me chamo Fernanda - Se apresentou
- Sou Vivian - Marília mentiu
- Vou falar com a madre você poderá usar o telefone do escritório dela. - Fernanda disse, saindo
- Quantos anos ela tem? - Uma noviça apareceu atrás de Marília, brincando com Lily
- Dois - Lila respondeu
- Posso pega-la?
- Claro - Marília disse, entregando a menina.
- A madre pediu para a senhora entrar - Fernanda apareceu outra vez - A irmã Ester vai acompanha-la - Disse se sentando para brincar com a menina, junto com a noviça.
Marília pegou o telefone, fingiu discar um número e conversar com alguém, minutos depois agradeceu a madre e voltou ao pátio.
- Meu marido está vindo - Disse para as moças - Vou estar lá fora, sinalizando para mostrar onde estou, pois está bem difícil de enxergar com essa chuva, podem ficar com ela pra mim?
- Claro, não se preocupe - Fernanda respondeu
Marília pegou a filha no colo e a colocou no chão, agachou ao lado da menina e sussurrou em seu ouvido:
- Feliz aniversário,filha, eu te amo - Abraçou a pequena - Se comporta meu amor, mamãe já está voltando. - Fingiu um sorriso e saiu pela porta com suas lágrimas escorrendo.
- Ela entrou no carro, respirou fundo e acelerou sem olhar para trás, sentindo parte de si ficar, assim como sentiu quatro meses antes, com Murilo.
O tempo foi passando e perceberam que Marília não voltaria, por cuidarem de órfãs as freiras sabiam que era comum mães abandonarem as filhas lá, mas a tática de Marília havia sido genial. Lily não parava de tossir, o que começou a preocupar Fernanda que ficou encarregada de cuidar da menina, ao ver a pequena com falta de ar a loira não hesitou em, literalmente, correr para a enfermaria onde esbarrou com Maraísa.
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Dear Destiny - Malila
RandomMarília Mendonça já havia passado por muitas coisas ruins em sua vida e a pior de todas foi ter que abandonar seu bem mais precioso, sua filha. Apesar de ter a intenção de voltar para busca-la Marília não contava que outra pessoa poderia adotar sua...