Capítulo 4 - R.I.P Mário

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Marco César Pereira era um dos funcionários da empresa em que Mário trabalhava, os dois não tinham muito contato, mas as poucas interações que tiveram eram o suficiente para se considerarem bons colegas, por esse motivo Marco lamentava a morte do bom homem e não podia deixar de ir até seu velório para prestar-lhe as últimas homenagens. Os pereira eram uma família pequena, composta apenas por Marco, sua esposa, Almira e sua filha, Maraísa, que tinha por volta dos seus 13 anos de idade. Apesar de ser tão nova, ela era uma morena de beleza invejável e sua personalidade mais invejável ainda, Maraísa era uma menina doce e leal, extrovertida e divertida, sempre vivia rodeada de amigos, dava os melhores conselhos e sempre era admirada pelos que a rodeavam, para Marco era quase a filha perfeita, exceto por alguns detalhes.

Naquele dia em especial, Almira estava em outra cidade, viajou para visitar seus pais deixando Maraísa e o pai sozinhos, Marco pensou em deixar a menina com vizinhos, mas deduziu que demoraria bastante no tal velório e não havia outra opção além de levá-la com ele e mesmo depois de tantas reclamações e resmungos ele finalmente conseguiu convence-la a ir, apesar dela estar certa em ser hesitante no início pois não é todo mundo que gosta de velórios de desconhecidos, mas ela sabia que se não fosse seu pai não poderia ir, então por ele, ela estava disposta a fazer esse esforço.

- Paulinha, você está me deixando curiosa, não pode fazer isso - Maraísa ria no telefone

- Já está pronta? - Seu pai batia em sua porta

- Oh, já estou indo - A menina levantou da cama para seguir o pai - Tenho que desligar, Paulinha, mais tarde nos falamos... Tchau!

- Agora não tem mais amigos além da Paulinha? Só te vejo falando com ela ultimamente - Marco comentou

- Claro que tenho, mas é que eu gosto mais dela do que dos outros - Maraísa explicou

Ele não comentou mais nada, apenas abriu o carros para que a filha entrasse e entrou logo em seguida, o caminho era longo e Maraísa estava entediada, buscando no rádio alguma música que a interessasse, mas nada agradava seus ouvidos

- Ele morreu de que? - Ela perguntou ao pai

- Como?

- Seu amigo, o que estamos indo ver. Do que ele morreu? - Ela explicou a pergunta

- Ah, claro. Ele sofreu um acidente semanas atrás, estava em coma até decretarem morte cerebral - Marco contou

- Ele tinha família? Deve ser horrível perder alguém assim, tão de repente

- Tinha mulher, filhos, enteada... A filha estava junto na hora do acidente... - Marco continuava a contar mais foi impedido pela curiosidade de Maraísa

- Ela sobreviveu? Tinha que idade?

- Não sei como é o estado dela agora, mas ele falava bastante sobre ela. Sei que se chama Marília e tem mais ou menos sua idade, acho que é um pouco mais velha

- Tomara que ela esteja bem, seria uma pena morrer tão nova - Maraísa lamentou

- Chegamos - Marco anunciou

Ele estacionou o carro, vestiu seus óculos escuros, fechou os últimos botões de seu terno e chamou Maraísa para entrar no local. Era uma igreja um pouco reservada que ficava bem próxima a residência dos Mendonça, na porta haviam diversos colegas de trabalho de Marco, no qual ele se juntou e esperou para que entrassem e dessem início ao velório. Maraísa seguia seu pai, estava atrás dele quando viu uma menina chegar no local, a garota encarava a igreja como se tivesse medo, ficou parada ali em frente, sozinha, por muito tempo, como se não tivesse coragem de entrar, ao ver os machucados e o soro que a acompanhava, ela pôde deduzir que a linda menina era filha do falecido. Marília ainda não havia notado a presença de Maraísa ali, ela realmente não tinha coragem alguma de entrar ali e ver o corpo de seu pai sem vida, seu maior desejo era que tudo aquilo fosse um pesadelo, ela só queria abrir os olhos e ver seu pai vivo novamente, mas isso não poderia acontecer, tudo o que ela poderia fazer era esvair-se em lágrimas.

Maraísa não pôde deixar de se comover pelo choro da menina, mas só conseguia notar a beleza da mesma, apesar de seu estado debilitado, aqueles olhos azuis com o fundo vermelho pelo choro e os cabelos loiros bagunçados faziam o instinto protetor de Maraísa se aflorar.

Marília sentiu seu coração acelerar, sua pupila dilatar, sentiu tudo parar ao ver aquela morena aproximar-se dela, o seu cheiro aproximando-se de suas narinas fazia Marília viajar para outra dimensão.

- Eu sinto muito pela sua perda - Maraísa disse a frase que Marília já havia ouvido diversas vezes naquele dia

- Obrigada - Marília agradeceu

- Se você quiser, pode segurar minha mão para entrar, você deve estar com medo - Maraísa ofereceu

- Estou - Marília confessou com um sussurro e segurou a mão de Maraísa

Todos estavam entrando na igreja e as duas se misturaram com a multidão, ao se deparar com o caixão aberto e a foto de Mário ao lado, Marília travou no meio do caminho e não conseguiu conter o choro, Maraísa segurou sua mão com mais força e sussurrou um "você consegue" em seu ouvido, chegaram até a cadeira que estava reservada para Marília e Maraísa a deixou lá para sentar-se atrás com seu pai.

No final quando todos já estavam fora da igreja novamente, Marco prestou suas últimas homenagens ao colega, despediu-se de todos e buscou sua filha com o olhar, avistando a morena conversando com Marília, fazendo a loira sorrir, um sorriso que foi interrompido pelo chamado de Marco

- Filha, vamos? - Ele se aproximou das duas e chamou

- Sim, papai - Maraísa obedeceu e levantou-se para se despedir de Marília - Espero que você fique bem

- Obrigada - Marília respondeu com a voz

Maraísa seguiu Marco até o carro e Marília a viu desaparecer, lembrando então que nem ao menos havia perguntado seu nome, e esperando vê-la novamente.
A volta para casa foi tranquila, Maraísa perguntava mais sobre o falecido mas seu pai não sabia responder muita coisa pois a maioria das perguntas eram referindo-se a Marília

- Pode me deixar na casa da Paulinha? - Maraísa pediu, pois queria contar a melhor amiga sobre a menina que conheceu

- Claro, só volte antes do jantar - Marco respondeu fazendo a curva na rua em que os Bernardes residiam

Dear Destiny - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora