PRÓLOGO

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> Leia o capítulo de avisos anterior.

> Gatilho.

Boa leitura, moranguinhos!❣🍓

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OITO MESES ATRÁS
MANSÃO POTTER, ITÁLIA

Ele deveria desviar os olhos. Ele deveria levantar, gritar, chorar, vomitar. Ele deveria sentir nojo. Não havia mais frenesi instintivo, sem necessidade de reivindicações. Era apenas... Ele. Quebrado, aterrorizado, maculado. Era só Harry Potter e ele estava aterrorizado demais com a visão em sua frente para desviar os olhos. Ele queria chorar, queria gritar. Ele queria, com cada grama do seu corpo, morrer. Harry se assustou quando o homem ao seu lado se mexeu. Ele rolou para fora da cama quando a bile o atingiu, o ácido corroendo sua garganta a cada passo cambaleante que ele dava em direção ao banheiro. Ele correu até a privada, ajoelhando em frente a cerâmica imaculada e sucumbindo ao nojo angustiante que consumia cada centímetro do seu corpo. Ele apoiou as mãos nas bordas de cerâmica quando todo o conteúdo de seu estômago fora derramado.

Aquele era Voldemort.

Aquele era Tom Riddle.

Aquele era o assassino de seus pais.

E ele havia trepado com ele.

Ele não soube quanto tempo passara em frente a privada. Em certo momento ele havia sentado no chão gelado do banheiro e apoiado a testa febril na cerâmica. Seu estômago doía, suas mãos tremiam e ele chorava copiosamente. Ele sempre teve nojo do seu corpo, de seu passado, de sua fraquesa, de si mesmo. Mas naquele momento, algumas horas depois de ter comido o assassino de seus pais, ele sentiu aversão. Ele se odiou. Ele quis morrer. Outra vez. Outra onda de náusea o atingiu, erguendo-se o suficiente para que pudesse vomitar outra vez. Não havia mais nada além de água e bile. Sua garganta ardia, seus olhos lacrimejavam. Ele precisava vomitar, a ânsia continuava, mas nada vinha. Não havia mais nada. Ele já devia estar acostumado com isso. Não era a primeira vez que acontecia.

Ele não soube quanto tempo passou sobre a privada, os braços cruzados sob a cabeça. Suas costas doíam absurdamente quando a náusea diminuiu o suficiente para que erguesse a cabeça. Tudo estava silencioso e ele continuava sozinho, ajoelhado no chão do banheiro do quarto de visitas. O mais longe possível de seu próprio quarto. Ele passou a mão pelos cabelos, as tatuagens brilhavam e se mexiam furiosamente. Ele as ignorou. Doeu como o inferno para levantar de sua posição, suas pernas estavam dormentes e sua cabeça latejava. Ele cambaleou até a pia, lavando o rosto e a boca antes de retirar um robe do armário e vesti-lo. Ele não olhou para a cama ao passar pelo quarto. Ele sabia que o homem estava dormindo, ele sentia a inconsciência passar pelo vínculo. Ele sentia vontade de vomitar. Harry correu para seu próprio quarto, ele precisava tirar ele de seu corpo.

Havia passado alguns minutos quando ele saíra do banheiro. Ele precisava arrumar algo para fazer. Se ele se permitisse pensar por mais um minuto, ele não estaria aqui no minuto seguinte. Ele se vestiu rapidamente antes de tomar uma poção para dor e outra para náusea. Um silêncio mórbido espalhava-se pelos corredores da mansão, ela sempre era silenciosa, no entanto, não havia mais calor algum. Aqueles corredores não pareciam tão acolhedores quanto foram no último ano. Aquele havia sido o seu lar. O seu lugar seguro. E agora ele estava maculado. Assim como o seu corpo. Ele caminhou até o corredor ao lado, em direção ao seu escritório. Ele não conseguia desviar seus pensamentos da beleza diabólica que dormia num quarto perto demais do seu. Aquele era o homem que destruiu tudo! E ainda assim aquela era a coisa mais pertubadoramente linda que ele já havia visto.

CONQUER MEOnde histórias criam vida. Descubra agora